Críticas Soltas por Joana T. Oliveira
Começo por Tiago. De acordo com os jornais de ocasião, Tiago, de 17 anos, era um aluno mediano que não se metia em aventuras perigosas. O melhor amigo, Márcio, de 19 anos, passou a odiá-lo - porque desconfiou que Tiago lhe tentara assaltar e violar a namorada, de 15 anos. Era mentira, história inventada pela Pitinha para justificar a falta de 200 euros. Márcio e Joana faziam declarações de amor no Facebook: "Eu amo esta porca" - escreveu ele. Ofendido com o amigo, Márcio resolveu matá-lo. Mas não se atreveu a fazê-lo sozinho. Levou um conhecido comum, de 15 anos, a acompanhá-lo. Torturaram e espancaram Tiago até à morte: desferiram-lhe várias facadas, queimaram-lhe as pernas e esmagaram-lhe o crânio com uma pedra. Estamos conversados sobre a selvajaria do crime.
O rapaz de 15 anos, como é menor, fica a salvo da Justiça penal - que o dá, imagine-se, como inimputável. Não pode ser preso. Está à guarda dos pais - e o pior que pode acontecer ao “anjinho” é ficar internado num centro de reeducação onde pode fazer mais ou menos o que lhe apetece. Só com 16 anos seria condenado como gente grande.
Por muito menos do que recai sobre o farmacêutico está muita gente em prisão preventiva – e o caso faz recordar a velha suspeita que não deixa de perseguir a Justiça portuguesa: os mais fracos e pobres são tratados com toda a intransigência; os poderosos e ricos continuam a merecer alguma compreensão.
(Escreve todas as sextas-feiras na rubrica Criticas Soltas)
É esta a justiça que defendemos?
E assim vai o meu país! Podia
escrever mil e uma histórias. Umas bonitas, outras de encantar. Mas não. São histórias
de um governo que gasta o dinheiro do Parque Escolar sabe-se lá onde e ninguém
é culpado por isso. O buraco é de mil milhões! De gente corrupta e que desvia
dinheiro e usa as pessoas em proveito próprio. Os “burlões das Farmácias”,
enganaram o Sistema Nacional de Saúde em 100 milhões e o Ministério Público diz
que não faz mal! Finalmente o caso de um menino de 17 anos que espanca, tortura,
queima e mata um outro jovem e... bem, porque é menor não pode ser julgado! Que
justiça é a nossa?
O rapaz de 15 anos, como é menor, fica a salvo da Justiça penal - que o dá, imagine-se, como inimputável. Não pode ser preso. Está à guarda dos pais - e o pior que pode acontecer ao “anjinho” é ficar internado num centro de reeducação onde pode fazer mais ou menos o que lhe apetece. Só com 16 anos seria condenado como gente grande.
Máfia das Farmácias há solta
Outro caso. Este bem recente e publicado nas páginas electrónicas do ADN. A Máfia das Farmácias. O caso prometia: um magnata das farmácias, suspeito de burlas em série no valor de 100 milhões de euros, deixou gente na ruína, armazenistas falidos e bancos com dívidas de cobrança duvidosa.
O juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, ficou pacientemente à espera que lhe levassem o milionário – e preparou-se para mais uma prolongada sessão para decidir se o deixava em liberdade ou mandava em prisão preventiva. Esperou em vão. O Ministério Público, afinal, não tinha nenhum detido. A procuradora Maria João Costa, do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), limitou-se a passar uns mandados de busca e de apreensão de uma frota de 14 carros de luxo e dois magníficos iates. O suspeito agradece tanto zelo. Afinal ficar sem 14 popós topo de gama e um iate é chato. Temos de ser compreensivos com o senhor! Por muito menos do que recai sobre o farmacêutico está muita gente em prisão preventiva – e o caso faz recordar a velha suspeita que não deixa de perseguir a Justiça portuguesa: os mais fracos e pobres são tratados com toda a intransigência; os poderosos e ricos continuam a merecer alguma compreensão.
Desvios do Parque Escolar sem castigo
E ainda há mais uma história nestas Críticas Soltas de hoje. A Parque Escolar – uma empresa pública criada pelo Governo de Sócrates – tinha dois generosos objectivos: injectar dinheiro na economia e remodelar 332 escolas em todo o País. Mas de boas intenções está o inferno cheio. A Parque Escolar, a avaliar pelo que já se sabe, não se limitou a despejar dinheiro na economia: acabou por desperdiçar fundos públicos em benefício de uns tantos particulares. Apuradas as contas, gastou-se 1,3 mil milhões de euros a mais – e isto apenas em 106 das 332 escolas do plano. O buraco não é de 10 mil, nem de 100 mil, ultrapassa os mil milhões – cinco vezes mais do que inicialmente previsto. E perante isso que faz a justiça? Nada! Depois um pobre com fome rouba uma lata de salchichas e um pacote de massa de um supermercado e arrisca-se a uma pena, efectiva, de prisão de ano e tal. Será esta a justiça que todos querem e defendem? Quem tem dinheiro... deve ser!
Joana
Teófilo Oliveira
Estudante de Ciências da Educação
Quinta do Anjo
Quinta do Anjo
(Escreve todas as sextas-feiras na rubrica Criticas Soltas)
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