Pena Solta por Lia Santos
7 rosas e um punhal
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7 rosas e um punhal
Todos os dias sonhava
em amar, até reparar numa rapariga muito simpática sentada num banco de
jardim com o seu cesto de flores...nesse dia um estranho se aproximou e lhe
deixou ao seu lado um ramo de 7 rosas vermelhas, com um lindo cartão
escrito daquele que tinha feito
despertar seu coração...mas que nunca tinha tido a coragem de se mostrar ao
mundo e especialmente dar sua luz na sombra dela...não aguentando mais essa
força que o sufocava...todos os dias em que eu descia aquela rua reparava naquela menina la sentada sem saber
o porque via um sorriso na cara dela...talvez ela tivesse um presente idêntico
ao meu com a diferença que eu andava pelas ruas desta cidade dando liberdade a
minha sombra para se soltar, tentando saber como o que conquistar e tentando
encontrar aquela porta que fosse aberta com a minha passagem...
Relembro cada passo que dou, cada pedra
que piso e a sua forma ou cor... caminho perdida? não! caminho em frente na
busca de algo que tenho incompleto ou incerto...que preciso de achar ou
alcançar...infinito ou destino? Ambos talvez! Pois procuro o infinito da minha
forma de ser no destino! Tentando não deixar cair a alma para não se
partir...pois cada vez olho para o chão
vejo o coração caído em pedaços no chão pois ele um dia acordou ao lado da
minha alma e perdeu-se do seu destino...recordo cada cor, cada brilho do dia...
cada cantarolar de cada pássaro nos ramos das arvores que passava quando percorria aquelas ruas...e aquela
menina ali sentada o que pensa? o que sente? o que a deixa ali perplexa quando
lhe é demonstrado um acto de amor que se encontra estampado naquelas
rosas...talvez não importe só existir amor mas sim a pessoa que se esconde por
traz daquele presente, talvez as atitudes sejam tão fracas a ponto da beleza
das rosas não conseguirem esconder...mas talvez seja um amor impossível...quem
sabe?! Sei é que eu não conseguiria passar horas sentada naquele banco a espero
que o futuro me caísse aos pés, mas também não iria deixar que o presente me
levasse no 1 vento sem um motivo que sentisse...dizem que a rosa quantos mais
espinhos tiver mais bela se torna...será por isso que ela continua ali sentada
a sorrir como se não houvesse amanhã.
Às vezes preferia ter uma calma do meu
lado do que ter impaciência dirigida a mim...ouvi dizer que quem construiu o Titanic
foram grandes construtores e mesmo assim ele se afundou, tal como alguém que
inventou o amor foi deveras quem mais sofreu com ele, dai quem somos nós para
julgar se somos nós os criadores daquele cesto de flores que aquela menina
segura em suas mãos...somos donos e senhores de nós mas ambicionamos a formula
perfeita desta essência, o amor...não existe, não foi inventada ela
simplesmente é construída com motivos e desejos, com palavras e atos, com
defeitos que se tornam perfeições aos olhos de quem ama...será isso que tanto
eu como aquela menina ali sentada procuramos? Talvez! Mas continuo caminhando
em direcção ao futuro porque se amanha ainda existir é porque é o seu lugar...não
apago o destino mas se o puder tornar melhor isso eu farei...e que a minha
loucura seja perdoada porque metade de mim é amor...e a outra metade
também...anseio encontrar o momento refletido no tempo de saber o caminho para
tal imensidão numa só tocha deixada ao acaso...
Talvez por isso por breves instantes me
sinta perdida neste assunto sem destino ou bussola para me guiar, talvez seja
louca ou doente, talvez seja uma e muitas coisas e não seja nada...talvez
espere que um sonho seja encontrado...quanto maior é a imensidão do tempo maior
é se torna o pensamento mas mais leve o caminho e mais belo o dia...não posso
acabar com os meus problemas duvidas ou medos apenas com um estalar de dedos,
mas posso ouvir-me...não posso apagar as minhas magoas e dores do passado. Não
posso decidir qual será o meu futuro mas posso fazer por ser grande...uma coisa
eu tenho a certeza que tanto eu como aquela menina temos em comum, ambas temos
um segredo escondido por desvendar e ambas a mesma imagem...porque antes de ser
quem sou já fui aquela menina e passei horas a fio sentada naquele banco
tentando entender o porque das 7 rosas...uma imagem vale mais do que mil
palavras...mas deve se dar o que de melhor se define connosco e não um
punhal...
Lia Santos
Lisboa
(Lia Santos escreve todas as quartas-feiras a rubrica Pena
Solta, pensamentos da alma)
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