Somewhere...Where the imagination takes me...? por Alexandra Lopes
[Em cada um de nos existe uma lagarta feia... que nasce sempre uma linda borboleta... recomeçar nem sempre foi fácil. Todas as terças-feiras, Alexandra Lopes faz-nos a pergunta: Onde a imaginação me leva? Certamente… a tantos lugares]
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Fantasia
Gelo as mãos, acelero a pulsação…a
respiração também. Frente a frente, sempre em silêncio, pouso o flute de
champagne meio vazio. Na fantasia dos nossos corpos em melodias nunca tocadas.
Em
dias de inverno, quando o frio aperta, a pele branca se destaca na luz do dia,
em poucas palavras, arrastada por gestos repetitivos na monotonia do dia à dia,
me desloco para o habitual ritual de sempre.
É
cedo, ainda o sol não nasceu, a cidade está em completo silêncio. Caminhando em
passos cansados, observo e revejo vezes sem conta o que há à minha volta…Nada
de novo.
São
as pequenas coisas que me fazem fixar o olhar e em pequenos flashes fantasiar
em pensamentos. Desde a luz da noite, a aurora, como o primeiro raio de sol
brilha, a chuva que cai, a inquietação à serenidade do mar, o trovejar até do
frio…
Fantasiar…sim.
Imaginar
pequenos gestos, não muitos, apenas os suficientes que me façam levitar, criar
aquele friozinho na barriga, respirar mais depressa, gelar por fora e aquecer
por dentro.
Tal
como uma dança…em que dois trocam passos conjugados sem pressa que a melodia
termine.
Em
troca de mãos dadas em movimentos suaves e sedutores, de olhos fixos, apenas se
comunicam com os corpos que se embalam em harmonia.
Nada
parece que faça prever o fim daquele momento, o tempo parou ali mesmo.
Em
meia luz de velas, no varandim de um palacete, de flute na mão esquerda,
rodopio à minha volta, tenho o mar nas minhas costas, fecho os olhos…saboreio
mais um pouco de champagne, é doce…Inspiro-me, deixo-me levar ao som do mar,
está calmo. Levemente sinto-me puxar pela mão direita que estava livre. O toque
é suave, o quanto aquele toque me faz tremer!
Gelo
as mãos, acelero a pulsação…a respiração também.
Frente
a frente, sempre em silêncio, pouso o flute meio vazio. Observamo-nos …e num
longo e demorado beijo me entrego.
Viajo…vibro,
flutuo, quanta delicadeza naquele beijo.
Em
som ensurdecedor, espalham-se pedaços de cristal do pequeno e frágil flute, o
mar está agitado, o vento quer levar-me na sua agressividade louca ,as velas
que antes iluminara quele momento deram lugar à escuridão, tremo, mas onde estás?
O
que aconteceu àquele beijo longo e demorado?
Olho
em meu redor…despereceu…Não o vejo mais.
Será
que o voltarei a ver? Voltarei a sentir o sabor intenso dos seus lábios?
Voltarei
a entrelaçar as minhas mãos nas suas?
Resta-me
apenas agasalhar-me…sozinha. A noite vai ser tempestuosa.
Chego
ao meu destino:
-“Bom
dia”…digo quase sem me fazer ouvir.
Em
habituais tarefas me entrego a mais um dia de trabalho comum a tantos outros.
Alexandra
Lopes
[Em cada um de nos existe uma lagarta feia... que nasce sempre uma linda borboleta... recomeçar nem sempre foi fácil. Todas as terças-feiras, Alexandra Lopes faz-nos a pergunta: Onde a imaginação me leva? Certamente… a tantos lugares]
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