Casa dos Marcos inaugurada na Moita

Manifestação “ensombra” dia especial para Raríssimas  

A Raríssimas inaugurou esta segunda-feira aquele que é o "maior projecto" da associação. A "Casa dos Marcos" fica localizada na Moita e é um empreendimento de 5,5 milhões de euros que espera poder assistir cerca de cinco mil utentes por ano. O espaço apresenta oito valências, que passam por um lar residencial, por uma residência autónoma e por um centro de actividades ocupacionais, para acolher e acompanhar pessoas portadoras de doenças raras. Maria Cavaco Silva, madrinha do projecto, esteve na inauguração mas foi “vaiada” por um grupo de manifestantes do concelho da Moita.


Casa dos Marcos inaugurada esta semana na Moita 

O Marco tinha 16 anos quando em Setembro de 2005 pediu que se fizesse uma escola para ele. Faleceu pouco tempo depois, em Janeiro do ano seguinte, sem ver o seu desejo realizado. O Marco era portador da Síndrome de Cornélia de Lange, uma patologia rara associada a malformações congénitas e atraso do desenvolvimento psicomotor. 
Foi na passada segunda-feira inaugurada a escola que pediu e que será um ponto de apoio para os doentes portadores de patologias raras.
Chama-se a Casa dos Marcos, este projecto. “Não sendo para o Marco, é uma casa para os outros Marcos de Portugal”, disse a directora da associação, Paula Brito e Costa.

Utentes chegam em Janeiro
Esta casa nasce na Moita e pretende dar resposta às necessidades de quem lida diariamente com patologias raras. Terá um lar residencial destinado a pacientes cujas famílias não tenham condições para um acompanhamento adequado às patologias, com capacidade para 24 utentes e uma residência autónoma com capacidade para 5 pessoas. Faz parte do projecto um centro de actividades ocupacionais, uma unidade de cuidados continuados e um centro de investigação.
Paralelamente, a casa dos marcos terá duas unidades abertas à comunidade, o que significa que “quem necessite terá acesso imediato às consultas”. A unidade clínica terá capacidade para mais de quatro mil utentes por ano, enquanto a unidade de medicina física e reabilitação receberão uma média anual de 200 utentes.
Estes serviços estão abertos à comunidade mas constituem um bem de saúde privado. A associação, no entanto, está em “negociações com a tutela para estabelecer entendimentos quanto a comparticipações”, diz a directora.
A infra-estrutura com 5.500m2 foi construída num terreno cedido pela autarquia da Moita e, de acordo com a Raríssimas, "é muito mais do que aquela simples casinha amarela e constitui uma resposta inovadora e única, de dimensão transnacional, às manifestações de necessidades comunicadas por doentes portadores de patologia rara, respectivas famílias, cuidadores e amigos, através da disponibilização de um conjunto de serviços especializados".

Uma madrinha feliz 
Casa é obra essencial para muitas crianças 
No lançamento da primeira pedra do projecto, em 2010,  Maria Cavaco Silva explicou que foi numa revista que, em Abril de 2006, soube "pela primeira vez dessa história que me comoveu e me fez sentir que afinal o mundo é um lugar muito melhor do que andam por aí a apregoar". 
Depois de explicar a amizade que a une ao projecto, Maria Cavaco Silva, diz que "o sonho abrange a sociedade que já somos, mas vai em direcção a uma sociedade que todos queremos ser e temos obrigação de ser: mais justa, mais capaz de responder aos problemas graves dos seus membros mais frágeis".
A Casa dos Marcos vai responder a "uma das maiores aflições dos que lidam com os nossos cidadãos diferentes" e, por isso continua a primeira dama,  a "preocupação maior que tenho encontrado em todas as famílias que têm a seu cargo pessoas com patologias mais ou menos incapacitantes é precisamente este grito de alma: como vou eu descansar um pouco? Quem vai tratar do meu ente querido quando eu desaparecer?
Como podemos tratá-los adequadamente, fazê-los felizes, cumprir a nossa responsabilidade afectiva e social para com eles?".
"O trabalho está longe de acabado, mas este momento é uma indicação tão forte de que vamos conseguir que temos o direito de celebrar", concluiu Maria Cavaco Silva que voltou à Moita para inaugurar a obra.

As vagas de trabalho para a Moita
A inauguração foi esta semana e estima-se que em Janeiro a casa já esteja a receber os primeiros utentes. “A lista de necessidades é muito grande e requer uma avaliação”, diz Paula Brito e Costa afirmando que a associação Raríssimas está “muito orgulhosa com este projecto” de apoio médico, social e cuidados continuados que permitirá, para além dos apoios aos pacientes e famílias, criar cerca de uma centena de postos de trabalho.
A associação Raríssimas está neste momento à procura de técnicos para preencher os serviços disponibilizados pela "Casa dos Marcos". As candidaturas podem ser feitas através da Internet, através do envio do curriculum vitae e de uma carta de motivação para o endereço de email casadosmarcos@rarissimas.pt.

200 pessoas a protestar
Primeira Dama recebida na Moita com protestos 

Maria Cavaco Silva, que é a madrinha da associação Raríssimas, tinha à sua espera cerca de duas centenas de pessoas que se manifestavam contra o Orçamento de Estado e exigiam a demissão do Governo. Outras figuras presentes, como o secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, João Grancho, foram também alvo de vaias e assobios.
"Vêm membros do Governo para aqui e a primeira-dama e nós estamos aqui a dizer que não estamos de acordo com esta política, que é preciso demitir o Governo e convocar eleições antecipadas", disse à Lusa Luís Leitão, da União de Sindicatos de Setúbal.
Os manifestantes, na sua maioria funcionários da Câmara da Moita, esperaram mais de uma hora junto à "Casa dos Marcos", a nova estrutura residencial, pela chegada de Maria Cavaco Silva.
Já depois da cerimónia de inauguração, e quando se preparavam para iniciar a visita ao novo espaço, as personalidades presentes foram de novo vaiadas, com palavras de ordem como "é preciso um política diferente" ou "está na hora de o Governo ir embora".
"Não estamos de acordo com este Orçamento, que é injusto. Aumenta os horários de trabalho e diminui os salários dos trabalhadores da função pública e da administração local. Estamos aqui a dizer que o país não vai lá com estas políticas, basta de sacrifícios e de reduzir salários", concluiu o sindicalista.
"Dêem ao povo pão e olhem pelas crianças”, gritava uma reformada. Os manifestantes prometeram mais protestos em todas as visitas de membros do Governo ao concelho.

Agência de Notícias 
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