Sai de mim...
Era uma relação realmente complicada, se é
que se podia chamar tal envolvimento de relação. Dentro de quatro paredes eles
eram simplesmente perfeitos, ansiavam um pelo outro, tocavam-se, sentiam-se,
respiravam-se… o sexo era talvez o mais perfeito que ela já tinha alguma vez
conhecido.
Havia uma necessidade que um tinha do outro
que ia muito para além do que qualquer um dos dois podia explicar... um misto
de sentimentos, um “não sei quê” de tanta coisa.
Ambos sabiam que jamais iria resultar de uma
outra maneira, mesmo que houvesse vontade de tal... jamais passariam serões em
família junto à lareira... Natais na terrinha ou férias sempre no sitio
habitual.
Para quem olhava de fora era uma relação
condenada e até seria não houvesse um elemento chave, demasiado importante, demasiado
forte, algo que nunca os deixou separar: Química! Nesse aspecto eram demasiado
perfeitos, conheciam-se a distância, faziam amor com o olhar e dentro de quatro
paredes era maravilhoso, sem tabus, sem preconceitos, sem problemas, uma união
perfeita de dois corpos entregues à chama da paixão.
Apesar de complicado, não havia cobranças,
não havia desconfianças, não havia problemas... ou pelo menos eram bem
disfarçados porque neste tipo de situação não há lugar para eles.
Tantas vezes me pergunto o que me leva a
continuar uma relação que nunca passará de uma química indiscutível mas logo
paro de tentar estudar à lupa porque cada vez que tento perceber, encontro um
sentimento novo dentro de mim... Um eu e um turbilhão de sentimentos por um
homem que será sempre o melhor do que eu nunca tive.
Confundimos tantas vezes ligações sexuais com
ligações do coração, principalmente se for como esta, cheia de carinho, cheia
de atenção, de palavras de conforto e de segurança, de troca de sensações e
tantas vezes de juras... uma relação cheia de meia dúzia de horas de amor, meia
dúzia essa que é sempre interrompida pelo badalar de uma força chamada tempo
que nos faz acordar de sonhos, adormecer o coração e viver apenas da razão.
Quem sabe um dia os nossos corações perdem o
medo e encontram-se por ai…
Cátia Neves
Lisboa
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