Desejos & Pensamentos por Cátia Neves

Sai de mim...
Era uma relação realmente complicada, se é que se podia chamar tal envolvimento de relação. Dentro de quatro paredes eles eram simplesmente perfeitos, ansiavam um pelo outro, tocavam-se, sentiam-se, respiravam-se… o sexo era talvez o mais perfeito que ela já tinha alguma vez conhecido.


Havia uma necessidade que um tinha do outro que ia muito para além do que qualquer um dos dois podia explicar... um misto de sentimentos, um “não sei quê” de tanta coisa.
Ambos sabiam que jamais iria resultar de uma outra maneira, mesmo que houvesse vontade de tal... jamais passariam serões em família junto à lareira... Natais na terrinha ou férias sempre no sitio habitual.
Para quem olhava de fora era uma relação condenada e até seria não houvesse um elemento chave, demasiado importante, demasiado forte, algo que nunca os deixou separar: Química! Nesse aspecto eram demasiado perfeitos, conheciam-se a distância, faziam amor com o olhar e dentro de quatro paredes era maravilhoso, sem tabus, sem preconceitos, sem problemas, uma união perfeita de dois corpos entregues à chama da paixão.
Apesar de complicado, não havia cobranças, não havia desconfianças, não havia problemas... ou pelo menos eram bem disfarçados porque neste tipo de situação não há lugar para eles.
Tantas vezes me pergunto o que me leva a continuar uma relação que nunca passará de uma química indiscutível mas logo paro de tentar estudar à lupa porque cada vez que tento perceber, encontro um sentimento novo dentro de mim... Um eu e um turbilhão de sentimentos por um homem que será sempre o melhor do que eu nunca tive.
Confundimos tantas vezes ligações sexuais com ligações do coração, principalmente se for como esta, cheia de carinho, cheia de atenção, de palavras de conforto e de segurança, de troca de sensações e tantas vezes de juras... uma relação cheia de meia dúzia de horas de amor, meia dúzia essa que é sempre interrompida pelo badalar de uma força chamada tempo que nos faz acordar de sonhos, adormecer o coração e viver apenas da razão.
Quem sabe um dia os nossos corações perdem o medo e encontram-se por ai…


Cátia Neves 
Lisboa 

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