Criadores de Opinião

A VERDADE DA MENTIRA DO GOVERNO!
O ministro das Finanças não perde uma oportunidade para sacudir a água do capote, dizendo que a culpa da subida dos juros de dívida pública é da oposição por se recusar a aprovar o Orçamento.
A desconfiança dos mercados, deve-se ao facto de já ninguém acreditar nas promessas do Governo. A única promessa que cumpriu foi a de subir os impostos!
Em vez de assumir as suas responsabilidades no fracasso da execução orçamental Teixeira dos Santos, omite verdades. Esquece-se que a falta de explicações sobre o descalabro orçamental de 2010 tem mais impacte sobre a desconfiança dos investidores do que a possibilidade de não haver orçamento em 2011. É que um acordo político para aprovar o OE não está, ainda excluído.
Ora aí está uma previsão que qualquer analista português é capaz de fazer, embora vinda de quem vem tenha um peso acrescido. De facto não há volta a dar: a subida do IRS e do IVA, o corte dos salários, o congelamento das pensões e a machadada nos benefícios fiscais vão ter um impacte pesado no consumo. Ora como o consumo pesa mais de 60% no PIB, é fácil perceber o que vai acontecer ao crescimento económico e… ao desemprego.
Tudo isto era evitável? Era. Bastava que os impostos tivessem subido mais cedo (e em menor grau) e que o Governo tivesse contado a verdade ao país, se as famílias tivessem percebido mais cedo, teriam começado a cortar despesa ainda em 2009. Em primeiro lugar porque as famílias vão perceber que só se pode ser rico quando se produz… como os ricos. Ora como não produzimos como os ricos, temos de aceitar um nível de vida mais baixo. Em segundo lugar, a recessão vai levar-nos a redescobrir os transaccionáveis. Isto é, as empresas vão perceber (quem ainda não percebeu…) que o nosso futuro não está no mercado interno mas nas exportações (há muita zona económica com níveis de consumo das Arábias!). Só que para tudo isto funcionar temos de aceitar uma (dolorosa) realidade: o Estado não pode continuar a gastar o que gasta. Não por algum preconceito contra o Estado social, mas porque não temos economia para o sustentar.

Tiago Machado
Economista e Professor Universitário

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