“Por vezes também me julgo ser poeta”

Na tarde fria do último sábado, a Sociedade Filarmónica União Agrícola (SFUA) foi pequena demais para tanta gente. Gente anónima e gente conhecida. Talvez cinco centenas de pessoas ou talvez mais. Vieram os amigos e os amigos dos outros amigos. As mulheres, os filhos, os netos… Quase todos trouxeram uma recordação debaixo do braço e um sorriso largo entre os lábios para oferecer. Porém, só 29 trouxeram poesia para contar a quem quisesse ouvir. E foram muitas as histórias – e estórias também – que em formato de poesia do povo alegraram o coração das gentes.
“Uma tarde muito bem passada”, definiu Manuel Lagarto, Presidente da junta de freguesia de Pinhal Novo, entidade organizadora do evento. No entanto, disse o autarca,
“foi bastante interessante porque tivemos aqui pessoas que se deslocaram de diversos sítios do concelho de Palmela e um participante que veio de Santarém, o que é significativo”. Isto é, para o presidente, “sempre um motivo de orgulho para a Junta de Freguesia poder contribuir para o desenvolvimento e para que estas pessoas se sintam bem”.
Rafael Rodrigues, um dos mais antigos poetas populares da vila, homenageou a poesia: “Por vezes também julgo ser poeta”... Os momentos poéticos abordaram histórias de infância, solidão, um melro cantador, alegria, saudade, desejo. Fizeram-se rimas com as condições sociais do país e do mundo, em nome da infância e da vida, em pleno. Dedicou-se poesia ao Pinhal Novo e dos ferroviários, ao amor e às mulheres bonitas que “podem trazer desilusões” e a quem “nasceu para amar”.
Palavras que ficam escritas…
A palavra não fica apenas dita, também fica escrita, para sempre, em livro. As edição deste ano, a número 5 e 6 da colecção, reúne poesia dita em 2008/9. Entre a Danças das Palavras, Manuel Lagarto reconhece que o “investimento ainda é grande”. Mas Tudo Está na Palavra e... de acordo com o presidente, as edições “vão ser publicadas de dois em dois anos para minimizar custos”. Ainda assim, a palavra dita: “a iniciativa é para continuar”. Desta forma para o ano haverá mais palavra – e poesia – dita a quem quiser escutar.
Paulo Jorge Oliveira
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