Encontro da Palavra Dita de Pinhal Novo

“Por vezes também me julgo ser poeta”


Pinhal Novo - Palmela<br>6º Encontro da Palavra Dita 

Na tarde fria do último sábado, a Sociedade Filarmónica União Agrícola (SFUA) foi pequena demais para tanta gente. Gente anónima e gente conhecida. Talvez cinco centenas de pessoas ou talvez mais. Vieram os amigos e os amigos dos outros amigos. As mulheres, os filhos, os netos… Quase todos trouxeram uma recordação debaixo do braço e um sorriso largo entre os lábios para oferecer. Porém, só 29 trouxeram poesia para contar a quem quisesse ouvir. E foram muitas as histórias – e estórias também – que em formato de poesia do povo alegraram o coração das gentes. 
A acompanhar a poesia esteve o chá, os bolos e a boa disposição, sempre a boa disposição. “Afinal é por isso que cá estamos. Pelo convívio, pela poesia e pela gente amiga”, dizia ao Novo Impacto, Augusta Maria que foi ouvir a “melhor amiga” contar poesia. “Já somos uma família que se encontra nestas ocasiões aconchegantes”.
 “Uma tarde muito bem passada”, definiu Manuel Lagarto, Presidente da junta de freguesia de Pinhal Novo, entidade organizadora do evento. No entanto, disse o autarca,
“foi bastante interessante porque tivemos aqui pessoas que se deslocaram de diversos sítios do concelho de Palmela e um participante que veio de Santarém, o que é significativo”. Isto é, para o presidente, “sempre um motivo de orgulho para a Junta de Freguesia poder contribuir para o desenvolvimento e para que estas pessoas se sintam bem”.
Rafael Rodrigues, um dos mais antigos poetas populares da vila, homenageou a poesia: “Por vezes também julgo ser poeta”...  Os momentos poéticos abordaram histórias de infância, solidão, um melro cantador, alegria, saudade, desejo. Fizeram-se rimas com as condições sociais do país e do mundo, em nome da infância e da vida, em pleno. Dedicou-se poesia ao Pinhal Novo e dos ferroviários, ao amor e às mulheres bonitas que “podem trazer desilusões” e a quem “nasceu para amar”. 
Mas poesia é também uma arma de protesto e de agitação. “A orquestra da finança, por vingança, que batuca em quem trabalha para mandar e o povo vai sonhando... não alcança”. Dizia um poeta quase a acabar. Para pensar! 

Palavras que ficam escritas…
   
A palavra não fica apenas dita, também fica escrita, para sempre, em livro. As edição deste ano, a número  5 e 6  da colecção, reúne poesia dita em 2008/9. Entre a Danças das Palavras, Manuel Lagarto reconhece que o “investimento ainda é grande”. Mas Tudo Está na Palavra e... de acordo com o presidente, as edições “vão ser publicadas de dois em dois anos para minimizar custos”. Ainda assim, a palavra dita: “a iniciativa é para continuar”. Desta forma para o ano haverá mais palavra – e poesia – dita a quem quiser escutar. 

Paulo Jorge Oliveira 

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