Mentores do ‘gang do multibanco’ presos em Pinhal Novo
Carlos Ramos, 27 anos – e morador em Pinhal Novo – é suspeito do assalto ocorrido na semana passada no Pinhal Novo e o alegado cabecilha de um grupo que entre 2007 e 2009 assaltou dezenas de multibancos e roubou cerca de dois milhões de euros. O outro suspeito, Bruno Araújo, de 26 anos, trabalhava como electricista e também vive em Pinhal Novo. Ambos foram detidos no último sábado e levados a tribunal esta segunda-feira. Carlos ficou em prisão preventiva à espera de julgamento e Bruno está em prisão domiciliária.
Carlos Ramos, preso à porta da churasqueira dos pais. Foto CM |
Duas gavetas multibanco, fio de cobre, vários computadores, telemóveis, duas pistolas de alarme, caçadeiras, motas, duas viaturas e botijas de gás – uma delas acredita a GNR fora usada no assaltado ao Multibanco do Pinhal Novo na madrugada da passada quinta-feira – foi o resultado das buscas feitas pelo GNR à casa dos suspeitos do assalto ao multibanco da Avenida Alexandre Herculano, em Pinhal Novo. Segundo as autoridades, só este assalto terá rendido10 mil euros.
Tido como principal mentor do ‘gang do Multibanco', que arrecadou dois milhões de euros em dezenas de assaltos a caixas ATM, entre 2007 e 2009, cortando as máquinas com rebarbadoras, Carlos Ramos é um dos 11 absolvidos no julgamento, em Lisboa, em Dezembro passado. A verdade é que os suspeitos foram acusados e acabaram “libertados” por um colectivo de juizes.
Esta decisão foi duramente criticada pelo Tribunal da Relação, que ordenou a repetição do julgamento, considerando haver provas mais do que suficientes para condenar. No entender do tribunal da relação , o primeiro julgamento "foi gravemente lesivo dos interesses e expectativas das vítimas e corrosivo para a imagem de uma Justiça que tem vivido um dos seus piores momentos".
Segundo o acórdão da Relação, o colectivo de juízes que absolveu os suspeitos fez um "errado julgamento de parte significativa" das provas levadas a tribunal. Os juízes desembargadores expressaram "incompreensão e perplexidade" pela decisão tomada em Julho de 2010 por um colectivo de juizes das Varas Criminais ante a "evidência e irrefutabilidade de algumas das provas" apresentadas pela acusação feita pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP)”.
De volta a casa... e ao crime
Apesar da ordem do Tribunal da Relação, o julgamento ainda não foi repetido e arrasta-se nos tribunais... Carlos Ramos foi libertado e terá voltado ao crime. E ainda mais perigoso. Carlos apurou a técnica e, agora, atacava multibancos à bomba.
Carlitos, como é conhecido em Pinhal Novo, voltou a ser apanhado pela Unidade de Intervenção da GNR, sob coordenação da Unidade Especial de Combate ao Crime Violento do DIAP de Lisboa – que já investigou e desmantelou o grupo da Bela Vista. Na madrugada da última quinta-feira, foi ele a fazer explodir a caixa ATM do Barclays no Pinhal Novo, juntamente com Bruno Araújo, 26 anos, também apanhado sábado, em tempo recorde. Os militares avançaram para várias buscas e, recolhidas provas, não restam dúvidas da autoria deste assalto. Mas estão a ser investigados por outros, pelo mesmo método, na Margem Sul.
Na quinta-feira, eram 05h42 quando injectaram gás acetileno na caixa ATM, fazendo a ligação a uma bateria de automóvel e rebentando a máquina. Em dois minutos, fugiram com 10 mil euros. Passados dois dias, a GNR apreendeu dois carros, duas motos e diversas armas - uma carabina com mira, três caçadeiras, uma pistola de alarme, uma pistola e um revólver.
Nos oito mandados de busca realizados, foi ainda possível apreender várias botijas de gás acetileno - entre as quais a utilizada no ataque ao Barclays - e as gavetas tiradas da caixa ATM, bem como as roupas usadas no assalto.
Preso na churrasqueira dos pais...
Carlos Ramos foi preso, na tarde de sábado, na Churrasqueira dos pais, o General Frango na Avenida 25 de Abril em Pinhal Novo. Apesar de trabalhar na churrasqueira, Carlitos possuía um Porsche 911.
À guarda de outros processos, oito dos elementos do ‘gang do Multibanco' estão detidos. Como tal, Carlos Ramos terá assumido a chefia de um grupo que se juntou há muitos anos na zona do bairro da Bela Vista, em Setúbal. Muitos começaram no mundo do crime com 12 anos, efectuando furtos de automóveis. Em 2004 começaram a organizar-se, lançando-se em roubos armados, carjackings e, desde 2007, ataques a caixas ATM. Mais recentemente, trocaram as rebarbadoras pelos ataques com gás.
E agora, qual será a decisão dos tribunais? Para já Carlos Ramos recebeu ordem de prisão efectiva até ao julgamento enquanto que Bruno Araújo recebeu ordem de prisão domiciliária e já está em casa. Resta esperar a decisão final de todo este processo que "envergonha" a justiça portuguesa.
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