Desapareçam daqui, não vêem que só atrapalham os charters de chineses

Criticas Soltas - by Joana Teófilo Oliveira

Desapareçam daqui, não vêem que só atrapalham os charters de chineses

Nunca tinha visto na história do nosso país tantos governantes mandarem os seus cidadãos emigrar. O mesmo é dizer: “desapareçam daqui que estão a mais”. Eu bem sei quem está a mais e quem deve desaparecer quanto antes. Quando não se tem competência demitimo-nos. Ninguém tem direito de convidar ou mandar embora os seus cidadãos. O Reino de Portugal está mesmo muito doente. Temos que dar cura e rápida a esta pouca vergonha.
Não sabem o que fazer e querem fazer pelo mais fácil, óbvio e imediato. Mesmo que para isso despedacem Portugal e os portugueses. Não têm qualquer noção de futuro para além de pagar a dívida à custa dos mesmos de sempre, os mais frágeis.

Governar, não é tirar o que lá estava e colocarem-se os seus em poleiros de conforto. Governar é decidir e defender os cidadãos criando-lhes futuro, ilusões e sonhos possíveis de concretizar, de mostrar-lhes  dias melhores.
O que têm feito tem sido: defender os privilégios e definhar toda a classe produtiva do país, para além de baixar as calcinhas “aos mercados” e à gorda alemã e mandar os portugueses “dar uma volta ao bilhar grande” e os que ficarem é para pagar aos poderosos intocáveis.
Tanta fusão de municípios, tanta fusão de juntas de freguesia, tanto encerramento de empresas públicas e municipais, mas não passaram de promessas que os lobbies já fizeram o favor de calar. Só atacaram ferozmente os que trabalham, funcionários e empresários, qual leões a presas fáceis e indefesas! E se eles fossem todos deportados – sem bilhete de volta – para a terra do querido líder!  
Mas neste Natal tivemos uma prenda da China. Qualquer um podia ter ganho? Podia. Ganhou o que tinha mais dinheiro? Sim (o jeitão que dá a Vítor Gaspar...). Mas não foi apenas por isso. Foi porque, do ponto de vista de projecto, a proposta da Chinesa Three Gorges é a mais completa: desafogo financeiro para a EDP, ajuda no financiamento à economia, aposta no nosso sistema financeiro.
A solução não é a ideal? Não. Desde logo porque a EDP passa para o controlo de uma empresa pública de um país não democrático. Mas este "negócio da China" pode, se os dados forem bem jogados, tornar-se num grande activo para Portugal. Porque é mais um passo para não colocarmos todos os ovos no mesmo cesto (a Europa). Porque explora o potencial de uma zona do globo com grande futuro e sem problemas de liquidez (não foi a eles que a zona Euro pediu dinheiro para o Fundo de Estabilidade?). Porque pode fazer de Portugal uma das portas de entrada da China na Europa. Porque a entrada de accionistas chineses em bancos portugueses (ou a entrada de bancos chineses) pode ser o suporte de que as empresas precisam para atacar um mercado promissor. Finalmente porque a escolha dos chineses foi um belo recado a quem pensa que tem o rei na barriga: a ideia de "soprar" ao ouvido que Merkel falou a Coelho no interesse da E.On, alemã, foi de muito mau gosto...! 
Isto chega para dizer que vai correr tudo bem e que a opção está isenta de riscos? Não. De todo. Mas Paulo Futre tinha mesmo razão. Vão vir paletes de charters carregados de chineses e, claro, nós estamos aqui a mais!
Talvez o melhor é o governo da nossa nação mandar-nos todos imigrar para a China ou, quem sabe, para a terra do “meu querido líder” onde até as andorinhas choram, às arvorezinhas murcharam e as montanhas esventraram-se de tanta tristeza!
A todos, sem choros ou ironias, desejo um bom final do desgraçado 2011 e um bom começo do depenicado 2012.

PS: Bem, se mandassem os nossos queridos líderes para a Correia do Norte é que era ver passarinhos a chorar e coelhinhos a ter ataques de depressão!





Joana Teófilo Oliveira
Estudante de Ciências da Educação
Quinta do Anjo 


(Escreve todas as segundas-feiras na rubrica Criticas Soltas)





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