Em Reportagem: Greve na CP até ao Natal

1200 maquinistas parados e milhares de passageiros sem comboios

Apenas 20 por cento dos comboios estão em circulação, devido à greve dos maquinistas da CP, que só asseguram os serviços mínimos de transporte ferroviário. António Medeiros, líder do Sindicato dos Maquinistas, garante que a lei do Tribunal Arbitral “está a ser cumprida”. Greve que, segundo a CP, pode colocar em risco o pagamento de salários em Dezembro. Os trabalhadores, sem medo disso, aderiram em massa e os 1200 maquinistas estão parados até à meia-noite de 25 de Dezembro.
Até à meia-noite do dia de Natal há poucos comboios a sair das estações 


O primeiro dia de greve dos maquinistas da CP levou ao cancelamento de mais de 1100 comboios, disse à Lusa a porta-voz da transportadora, Ana Portela. É, até ao momento, o primeiro balanço da greve. 
Os comboios pararam na CP, em virtude da greve dos maquinistas, que provocará fortes prejuízos na empresa de transportes ferroviários. Segundo indica António Medeiros, “apenas 20 por cento dos comboios” estão a circular, o que corresponde aos serviços mínimos exigidos por lei.
E lamenta os inconvenientes provocados aos cidadãos privados do serviço de comboios, mas lembra que os maquinistas “não têm alternativa”. E volta a apontar o dedo à CP, acusada de querer “rasgar os compromissos assumidos com os trabalhadores em Junho”.
Recorde-se que o Sindicato de Maquinistas avançou com esta greve, como medida de protesto contra processos disciplinares “absurdos, injustificados e ilegais”. A paralisação está marcada para as vésperas e dia de Natal (entre 23 e 25 de Dezembro).
Se não se verificar acordo entre as partes, o protesto é retomado a 1 de Janeiro e prolonga-se até ao final do primeiro mês de 2012, mas apenas nas horas extraordinárias.

As razões da greve
Maquinistas dizem-se perseguidos 


A razão para esta greve está num alegado desrespeito de um acordo de “paz social”, por parte da administração da CP, que “avançou com procedimentos disciplinares absurdos e injustificados”, acusa o líder daquele sindicato.
O Sindicato de Maquinistas assinou um acordo com a administração da CP, que tentava pôr termo a todos os conflitos entre as partes e avançar para “uma paz social”. No entanto, argumenta António Medeiros, esse pacto foi ignorado pela empresa, cujos responsáveis decidiram avançar com processos disciplinares. António Medeiros defende que são procedimentos disciplinares que não se justificam, em virtude do que ficara estipulado nos acordos estabelecidos, e foram feitos “de forma ilegal”. Os maquinistas dizem-se “perseguidos e alvo de processos disciplinares forjados, inventados” é “uma ofensa”.

Greve coloca em risco pagamento de salários

O ADN sabe que a CP tem actualmente em curso cerca de 200 processos disciplinares a maquinistas da empresa por irregularidades no cumprimento de serviços mínimos durante greves. Ana Portela, porta-voz da CP, explica que “ainda estão a decorrer as investigações, há muito tempo, há vários meses, e ainda não acabaram. Ainda se estão a averiguar os factos para ver se realmente há irregularidades e só depois dessa avaliação serão decididas eventuais sanções. E estes processos não têm que ver com a greve geral de 24 de Novembro, mas sim com outras greves, em que não não foram cumpridos os serviços mínimos”.
A porta-voz da CP refere ainda que a empresa condena a “posição irredutível e desproporcionada” do sindicato e lamenta a paralisação, “que tantos prejuízos causa às populações, à empresa e ao próprio serviço público”.
Segundo a CP, até ontem a greve estava “dentro do esperado e os serviços mínimos estavam a ser 
cumpridos. Só dois comboios que deviam efectuar os serviços mínimos da parte da manhã falharam. Normalmente há 1100 comboios e só 15% (que são os serviços mínimos) desses 1100 é que funcionaram.
Quanto ao número de utentes afectados pela paralisação Ana Portela informou que a CP não tem ideia de quantas pessoas foram afectadas e que a empresa pretende apenas “cumprir a lei”, pelo que assumirá o cumprimento dos serviços mínimos “decretados pelo Tribunal Arbitral”.
A administração da CP já garantiu que não há motivos para esta greve e realça a forte despesa que a paralisação vai provocar, com implicações nos pagamentos de salários. Estima-se que nos três dias, a empresa perca 2,5 milhões de euros.
Através de uma nota enviada aos trabalhadores, a CP refere que enfrenta “dificuldades de tesouraria” graves, o que, aliado a outras obrigações que a empresa tem de cumprir – como os pagamentos a fornecedores, à 
administração fiscal e também à Segurança Social – impede que os salários sejam pagos nas datas habituais (com uma semana de antecedência, normalmente ao dia 23, em virtude do Natal). Assim os ordenados de Dezembro só serão pagos a 30 (último dia útil do ano).

Agência de Notícias

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