Trabalhadores da Delphi com futuro incerto

Trabalhadores da Delphi com “medo” da greve

O Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas refere que os trabalhadores da empresa Delphi, no Seixal, "têm medo" e por isso não aderiram em força à greve que se realizou hoje contra uma alteração de horário. De acordo com os funcionários, os turnos serão de 12 horas diárias. E, mesmo assim, a empresa ameaça instalar-se na Polónia. O PCP já pediu, na Assembleia da República, respostas ao Governo, que por enquanto, não se prenunciou sobre a situação “estranha” que se vive naquela unidade fabril.

Delphi, no Seixal, ameaça deslocar empresa para a Polónia 

"Para nós os trabalhadores têm medo, pois quando se fala da deslocalização é algo grave. Não é normal dizerem que ou assinam ou a fábrica vai para a Polónia. O medo que têm que a fábrica se deslocalize é o mesmo medo que têm em avançar para a greve. Os trabalhadores querem é manter o posto de trabalho", disse Paulo Ribeiro, do Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas.
A greve que decorreu hoje, e onde apenas estiveram presentes cerca de duas dezenas de trabalhadores, foi uma forma de luta contra uma mudança de horário na empresa de componentes electrónicos, que pretende que os trabalhadores aceitem um horário de 12 horas diárias, com três dias de trabalho seguidos de três dias de folga, deixando de existir fins-de-semana e feriados.

PCP denunciou “chantagem” sobre trabalhadores

Ainda este mês, o Grupo Parlamentar do PCP revelou que um auditor externo à empresa terá feito uma proposta aos trabalhadores da Delphi, incutiram os funcionários a seguir as regras da empresa ou, caso contrário, corriam o risco de ficar sem empresa.
“Ou aceitam a adaptabilidade para trabalharem 12 horas diárias, ou a Delphi é deslocalizada para a Polónia”, terá dito o auditor acrescento, ainda de seguida que “ mesmo que aceitem a adaptabilidade não é garantido que a empresa se mantenha em Portugal”.
Assim, estão em causa, 700 postos de trabalho. Para o PCP, “é inadmissível a chantagem e a pressão feita aos trabalhadores da Delphi, para retirarem os seus direitos e aumentar brutalmente a exploração. Querem impor aos trabalhadores a desregulação total do horário de trabalho, pondo e dispondo da vida dos trabalhadores como se fosse pertença da empresa”.

As perguntas que Álvaro Santos Pereira ainda não respondeu
Ministro do Emprego e Economia ainda não se prenunciou 


Os comunistas querem que o Governo intervenha para evitar a deslocalização da Delphi, salvaguardar os postos de trabalho e a continuação da laboração desta empresa em Portugal. Por isso, em sede parlamentar, os deputados Paula Santos, Francisco Lopes e Bruno Dias, querem saber se o “Governo tem conhecimento da intenção de deslocalização da Delphi para a Polónia? Em caso positivo, como tomou conhecimento? Que medidas vai o Governo tomar para evitar a deslocalização da Delphi e salvaguardar os postos de trabalho?” e, por último querem saber os deputados comunistas se o “Governo atribuiu algum apoio para a instalação da Delphi? Quais? Que compromissos foram assumidos pela empresa e qual o nível de cumprimento?”. Espera-se assim que o Ministro do Emprego e Economia, Álvaro Santos Pereira, venha a público explicar o que se passa na Delphi, no concelho do Seixal.
Hoje, houve greve, mas foram poucos que tiveram coragem de a fazer.

Paulo Jorge Oliveira 

Comentários