Trabalhadores da EMEF lutam para manter emprego
Mais de 500 trabalhadores da EMEF manifestaram-se esta tarde em Lisboa |
Ao início da tarde, meio milhar de trabalhadores da EMEF concentrou-se junto à sede da CP para manifestar descontentamento para com as soluções que estão a ser desenhadas para o seu futuro pela empresa que é acionista única da EMEF.
De acordo com o delegado sindical José Lobato, os funcionários da EMEF temem que a solução encontrada para fazer face às dificuldades da empresa de manutenção dos comboios não passe de um plano de liquidação que valerá, em 2012 e 2013, a saída de 383 trabalhadores, 30% do total de 1300 atualmente no ativo Os representantes dos trabalhadores vão mais longe e estimam que sejam obrigados a deixar a empresa mais de 800 pessoas. Determinados a fazer chegar às mãos dos administradores da CP uma moção aprovada pelos trabalhadores, cerca de 120 funcionários entraram nas instalações, o que obrigaria uma equipa da PSP a fazer um cordão de segurança para conter os manifestantes.
“Não percebo tal situação. Estamos aqui pacificamente e não percebo este contingente policial”, declarou José Lobato, para sublinhar que os trabalhadores se deslocaram à sede “como pessoas de bem [para] defendermos os nossos postos de trabalho”.
PSP diz que não houve conflito
Falando em “prova de força” - mas rejeitando sempre a ocorrência de confrontos -, Vítor Pereira, representante da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, corroboraria está versão em declarações à Agência Lusa, acrescentando que os trabalhadores pretendiam entrar na sede da Calçada do Duque "não para agredir ou destruir" mas para "demonstrar descontentamento".
A ideia de que não houve violência foi também deixada pelas porta-vozes da CP, Ana Portela, e do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, a subcomissária Carla Duarte.
"Não houve confrontos. Cerca de 120 trabalhadores da EMEF forçaram a entrada nas instalações da sede da CP e conseguiram chegar ao átrio e por isso tivemos de fazer contenção. Não houve conflitos, carga ou desordem ", explicou a subcomissária.
383 para a rua até final de 2013
Trabalhadores temem desemprego |
A Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) vai despedir 383 trabalhadores nos próximos dois anos. De acordo com o plano de actividades da empresa totalmente detida pela CP, ao qual a ADN teve acesso, já no próximo ano serão 203 trabalhadores a sair da empresa. Em 2013, sairão mais 180 funcionários.
No total, desde o início de 2009 até ao final de 2013, a empresa terá cortado 750 postos de trabalho, ficando com 870 trabalhadores.
“O ajustamento dos recursos humanos constitui um objectivo desta administração”, lê-se no documento. A administração de Carlos Frazão decidiu, com a aprovação da CP, fechar as oficinas da Figueira da Foz e de Guifões, e ainda transferir a operação do Barreiro para o Poceirão, já em 2012, tal como ao ADN já tinha avançado. O plano deixa ainda em aberto a possibilidade de aumentar o número de despedimentos, pois o plano previsto pode “perder actualidade a qualquer momento”.
O “cancelamento da operação comercial da CP” é uma das principais justificações para este corte.
Oficinas do Barreiro em risco, diz PCP
O PCP do Barreiro já assumiu publicamente que é contra estas medidas. Os comunistas sabem que até Março de 2013 a reparação das locomotivas será concentrada no Entroncamento. A EMEF prevê ainda a realização de obras de beneficiação nas instalações do Poceirão, mantendo somente 42 postos de trabalho dos actuais cerca de 200, o que, no entender do PCP, “para quem conhece as actuais instalações levanta sérias dúvidas sobre a real intenção da Administração da EMEF. Mesmo com as obras de beneficiação a realizar no Poceirão para a manutenção do material circulante diesel para o serviço de mercadorias, as instalações não garantem as condições adequadas”.
A justificação para o encerramento do pólo da EMEF no Barreiro, de acordo com os comunistas, está patente no referido documento e considera que “a estação do Barreiro – e as oficinas que lhe estão associadas – constitui uma autêntica Linha de Saco. O material circulante para vir receber manutenção ao Barreiro percorre desnecessariamente algumas dezenas de quilómetros em vazio, com os custos operacionais que isso acarreta ao operador. A existência de instalações obsoletas é outro argumento evocado para justificar o seu encerramento. É velha a pretensão de desmantelar o Parque Oficinal Sul”, refere o PCP em comunicado.
O PCP propõe a “promoção, qualificação e modernização do Pólo Ferroviário no Barreiro, articulando a vertente ferroviária convencional e de alta-velocidade, associado ao desenvolvimento das oficinas da EMEF seja para a reparação e manutenção do material circulante, seja para a produção”. E vai mais longe ao propor a “reposição dos comboios regionais e inter-regionais entre o Barreiro e o Alentejo e o Algarve. Propomos a inovação tecnológica do Parque Oficinal Sul no Barreiro, a salvaguarda dos postos de trabalho e o investimento na formação dos trabalhadores, criando as condições para a reparação com eficácia do material eléctrico”.
Paulo Jorge Oliveira
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