Pena Solta - By Lia Santos
Dez segundos no paraíso
Não perca o seu tempo esperando por uma segunda oportunidade porque o tempo não pára para isso poder acontecer. Pare antes no momento que irá aliviar isso. Lá há sempre uma razão para não se sentir suficientemente bem e temos a oportunidade de corrigir os pensamentos para a próxima oportunidade que surgir.
Mas... é difícil no fim do dia, memórias se infiltram pelas minhas veias e talvez sejam vazias e leves, e talvez eu encontre alguma paz esta noite, nos braços de um Anjo, voar para bem longe daqui. Deste momento...desta escuridão, quarto gelado e o infinito que temo. Fora dos destroços do meu devaneio silencioso eu vejo que está nos braços de um Anjo...a minha memória... talvez encontre algum conforto aqui no silencio. Tão cansado do caminho reto, e para todo lugar que olho há abutres e ladrões nas minhas costas. A tempestade continua destruindo, e tu continuas construindo mentiras e ideais surreais. Não me faz diferença mais... Escapar uma última vez... É mais fácil acreditar. Se eu para ti sou uma estranha, que o coração perdeu... Ao ver-te eu pergunto! Se já foste como eu nesta doce loucura, esta tristeza gloriosa que me deixa de joelhos plantada no horizonte de mão estendidas ao céu para nos braços de um Anjo me deixar levar para longe daqui.
Eu não sei se vais lembrar-te de um coração tão só, coração tão vadio que se ergue sobre a alma, que perde, chora, todos os dias nesta imensidão, desta escuridão num quarto gelado e infinito...o meu quarto. Desejo as asas para poder subir as nuvens, desejo o céu para poder ser estrela, desejo brilho para acompanhar o sol e desejo a noite para o luar me iluminar. Longe dos medos, longe do mundo mas perto de mim deixo esse anjo descansar a minha alma. Queria poder voar para viajar por ai, sem rumo, sem destino mas com um fim...a serenidade desejo conhecer. Anseio por aquele anjo que me faz sentir livre de medos e pesadelos, que me faz esquecer o que surge a minha volta. Anseio pelo amanhã, pela hora de voltar a adormecer e seguir viagem até ao mundo do pensamento e do sonho.
Dai não esperar parar o tempo para seguir viagem da segunda oportunidade, mas sim espero seguir no tempo para não voltar a errar. e se tu errares comigo terás perdão, se tu falhares comigo terás o tempo...aquele tempo necessário para aprender o tempo do erro. Em minhas veias corre sangue e por mais contratempos e falhas que possam surgir não deixara de correr a mesma quantidade no meu corpo. Assim que por mais pedras que tenha no caminho não deixarei de dar os mesmos passos. Perdemos lagrimas mas nunca tempo, ganhamos vida mas nunca o mundo. E quando adormeço tudo fica no seu lugar e eu vou mais além, porque o hoje é mais que o ontem e menos que o amanha mas nunca deixa de ser tempo.
Não me faz diferença mais...escapar uma última vez...é mais fácil acreditar e cada vez que sinto o amanha...sinto presença. O meu quarto gelado revela as escadas para além... Além da imaginação. E se pudesse deixava tudo, se vale se a pena na mudança apenas queria a única coisa que me faz falta pra viver...ar. Meu devaneio de subir a esse céu é imenso, mas cada vez mais fico perto de ter essa escada. Pois o sangue que corre em minhas veias não me deixa arrefecer mesmo nesse quarto gelado.um mundo novo...um mundo meu.
Ergo minhas mãos aos céus e abraço esse anjo que todas as noites acalma minha alma para um novo amanhecer. Larguei essa corrente que permanecia a minha volta, ergui a minha vontade de caminhar. E se eu não pudesse, não existia. Mas se estou de pé que seja para caminhar. Mas pergunto me se chegou a altura de isto acontecer contigo ou não. talvez nem toda a gente tenha um anjo e apenas tenha uma nuvem. Mas apenas são palhas que são acamadas para nos deitar-mos sobre a vida. Talvez encontre algum conforto aqui no silêncio. A tempestade irá continuar, mas eu até aqui já construi o meu barco, no devaneio do silencio...e tu onde andas que te perdi nesse mar...
Lia Santos
Lisboa
(Lia Santos escreve todas as quartas-feiras a rubrica Pena Solta, pensamentos da alma)
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