Pena Solta - By Lia Santos
Apenas palavras...soltas
Grito alto... Mas eu não consigo ouvir uma palavra sequer que digo, estou a falar alto, mas não estou dizendo muito...minha voz não chega onde quero. Estou a criticar a minha voz, mas todas as minhas balas ricocheteiam sobre mim. Tu me derrubas, mas eu levanto-me. Sou à prova de balas, nada a perder nada a temer, nada me tira a respiração...apenas a sustem. Atira, mas acerta...acerta o alvo!
Corta-me... Mas és tu quem tinha oferecido esse espaço...agora é a tua vez de cair...cidade fantasma em tua mente, assombrada no amor. Levanto a minha voz, paus e pedras podem partir meus ossos mas continuo aqui. Estou falando alto, não estou dizendo muito porque não precisas mais ouvir. Sou pedra dura, uma metralhadora nessa cidade, onde te transformas num fantasma, uma aparição dum espaço, atirando contra os que se levantam. Não tens mais voz neste sub-mundo...neste meu espaço...onde já nada conheces. Falhas-te no alvo? Não! Tua mascara caiu...teu mundo se revelou e falou mais alto...tua vida te ensinou... Que as asas não servem só para voar e o centro do alvo eras tu...esse mundo fantasma ficou perdido alem...vejo apenas a sombra dum lugar onde hoje bate o sol apenas, levaste contigo todas as nuvens.
Mas sem veres mandei te uma branca para que nunca te esqueças de quem te ensinou a voar. Hoje sou pedra dura, assim... À prova de balas. O grande desafio é ouvir não realizar...sou humana não magica...se tivesse tal poder poderia ter-te como cartola e não como alvo da vida. Cais-te sobre a pedra, pó cai sobre ti deixando cair junto a luz. Essa cidade que não conheço mais...tornas-te te um fantasma. Grito alto...mas não consigo mais ouvir-te. Tua voz não atravessa as nuvens dessa cidade. Uma caixa de papel fechada por minhas mãos...minha voz já não diz muito...já não têm aproximação para tal.
Vou fechar-te nesse mundo, fechar o guarda-chuva e dar lugar ao sol. Vou deixar uma brecha apenas para que um dia mereças ter lugar na vida normal. Quando aprenderes a viver de sonhos e não de fantasias...quando mereceres a vida e não o espaço apenas duma caixa de papel.ai sim eu irei virar magica! Porque não vivo de caixas apenas abertas em cima, meu mundo é plano como uma folha, grande como as arestas e vivo como a origem do papel. És apenas mais uma folha caída da minha arvore, todas as estações elas renovam e chegou a tua vez de pertencer ao chão. Minha voz já não te alcança, meus olhos já não te vêm mais e tua alma já não me atinge. Sou pedra dura que aguarda a água e não a terra. Não me rejo por ramos partidos onde caminhas, não me ilumino com nuvens que escondem agua, procuro a pureza e não a miragem...essa mascara já não me cabe...tua capa já não me tapa...já respiro ar puro...deixei de ser teu alvo. Sentada nesta cadeira aguardo o novo dia onde o sol ira brilhar sobre mim...meus ossos se iriam unir, minhas feridas cicatrizar e os paus que me deste irão segurar-me. Sou feita de vidro, mas para refletir não para partir...a vida me deu uma lição...a de viver e não sobreviver.
Acordei e la foi mais uma noite de pensamentos obscuros, levanto e reparo que tudo não passou de um momento...mas logo a noite espero sonhar...estes são alguns desejos que por vezes todos nos temos sem saber como ou porque, mas têm sempre um destino, um alvo...todos temos as nossas paredes e elas não caiem só com palavras, mas sao elas que acrescentam mais uma pedra ate fazer a muralha...tudo na vida tem um sentido, todos os atos têm uma razão mais que não seja para receber força para manter o guarda-chuva fechado e admirar o sol. Um grito apenas é o que preciso para não cair da vida...e eu...
Eu sou de titânio
Lia Santos
Lisboa
(Lia Santos escreve todas as quartas-feiras a rubrica Pena Solta, pensamentos da alma)
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