O Carnaval da alegria invadiu Pinhal Novo
Muita cor nas ruas de Pinhal Novo |
“Vivo em Sintra mas como sou de Pinhal Novo venho sempre ao Carnaval. Este ano não houve tolerância de ponto mas isso também não muda nada, já estava a planear tirar os dias de férias”, conta Rui Faria, funcionário da Câmara de Sintra, que não perdeu a oportunidade para desfilar pelas ruas da sua terra.
Mesmo sem a folia de outros tempos, devido à contenção orçamental, [este ano não chegou nenhum dinheiro das entidades autárquicas] Pinhal Novo não deixou de comemorar o Carnaval. É assim há 18 anos. E, como dizia um folião com roupa de palhaço rico, “esperamos que nunca acabe porque este é o Carnaval do povo, é das gentes e não há tolerância ou intolerância de ponto que roube isso”. Foi assim no domingo e ainda foi melhor esta tarde. E foi melhor porque houve mais gente na rua, houve mais animação, o corso foi maior, os foliões da Lagoa da Palha juntaram-se à festa e trouxeram para a rua o melhor do Carnaval popular.
“Esta mal já é uma referência ao Carnaval local. São uns criativos, gente que se diverte e diverte quem os vê. E este ano gostei imenso...”, dizia Raúl Silva ao ADN. Mas vamos encontrar os Foliões da Lagoa da Palha mais para o fim do texto.
O Carnaval são dias de transgressão, dias (e noites também) malandros de euforia. Na tradição cristã, o Entrudo traduz-se nos três dias que antecedem a Quaresma. E, por cá, todas as devoções são possíveis. Virgílio Ferreira, escritor português, escreveu um dia “que ideia a de que no Carnaval as pessoas se mascaram pode estar errada. No Carnaval, desmascaram-se”.
Entre serpentinas, o desfile passava na rua, com a preponderância da crítica social, fizeram a delícia do público que dançou e brincou até ao final do dia. "Somos todos amigos, toda a gente brinca, afinal é Carnaval e ninguém leva a mal", afirmou um folião vestido de mecânico.Carla, que no ano passado apanhei-a vestida com uma lingerie a matar e um vestido rachado até às coxas estava este ano com... um vestido vermelho rasgado e uma coisa qualquer parecida a uma lingerie. “Épá este ano não há dinheiro para fatiotas e tive de improvisar com a roupa que uma amiga já não usa”. Este ano, diz Afonso travestido de Carla, “não houve ‘guita’ para as perucas, os collants, as cuecas fio dental, as malas, as pulseiras e os colares. Mas para o ano, está prometido, vou assaltar um chinês”.
O Carnaval caramelo é assim: uma festa imensamente popular. Sem muito dinheiro – leia-se sem nenhum dinheiro – nem muitos recursos, o Carnaval dos Amigos de Baco não teve nem luxos mas já teve duas mulheres, quase, despidas a fazer crer que estamos noutra cultura. No Pinhal Novo houve reis e rainhas do movimento associativo da terra. Não houve escolas de samba mas houve os bombos dos Bardoada e as pandeiretas da Fanfarra dos Bombeiros de Pinhal Novo. As danças de Salão do Rancho Folclórico da vila também não faltaram para a grande festa. “Os Piratas” do Racho da Lagoa Palha também trouxeram alegria e disposição. E as meninas e meninos do ATA – Grupo de teatro de Pinhal Novo – desfilou “o mundo” inteiro pelo Pinhal Novo.
E houve criatividade. De resto... a sátira social e as incursões à vida política nacional também não poderiam faltar, provocando a boa disposição aos que, e dias de sol, não hesitaram em sair de casa para ver o cortejo pinhalnovense animar e colorir as ruas da vila.
A abrir o cortejo a Fani, a matrafona mais tradicional do Carnaval, ora desfilou pelas ruas em trajes (quase) íntimos (domingo) ou vestiu-se de Barbie cor-de-rosa. É Carnaval e ninguém leva a mal.
Muita música animada, muita gente contente atrás do carro da Fitness WorX. Muita dança e muita alegria e muita sensualidade vestida de vermelho e preto e... outras sensualidades que, mais a cima, mostravam o corpo enquanto cantavam “ai se eu te pego”. E claro... “ai meninas que eu vos pego nem sabe o que lhe fazia”, gritava um homem vestido de urso de mão dada a duas meninas de pijama e chucha na boca. Os bombeiros do raço e o Znem lá vinham quase no fim da viagem da loucura.
Tradições mantidas
Pequeninos não faltaram |
A tradição perdura na vila mais populosa do concelho de Palmela e, ao longo de quase duas décadas, ganha adeptos de todas as gerações: durante os dias do entrudo "eles" vestem-se de "elas", as "femme fatales", ou como diz o povo, as matrafonas do Carnaval. Meninos ou homens de barba rija despem-se de preconceitos e não se poupam a esforços e a dinheiro para encontrar a melhor indumentária para se divertirem durante os dias do Carnaval de Pinhal Novo, onde "a vida são dois dias e o Carnaval são cinco", lá diz o povo.
Havia princesas pequenas e grandes. Até havia um príncipe de cavalo preto, uma prostituta vulgar e outra mais “da jet 8”. Bonecos e super heróis, muitos palhaços e, pelo menos, um árbitro. “Todos os anos tento inovar. Este ano deu-me essa pancada e ando por aqui a distribuir cartões vermelhos à dona Austeridade e à coelhada que ainda por aqui”, referiu no desfile de domingo gordo. O Carnaval popular
Entre serpentinas, o desfile passava na rua, com a preponderância da crítica social, fizeram a delícia do público que dançou e brincou até ao final do dia. "Somos todos amigos, toda a gente brinca, afinal é Carnaval e ninguém leva a mal", afirmou um folião vestido de mecânico.
O Carnaval caramelo é assim: uma festa imensamente popular. Sem muito dinheiro – leia-se sem nenhum dinheiro – nem muitos recursos, o Carnaval dos Amigos de Baco não teve nem luxos mas já teve duas mulheres, quase, despidas a fazer crer que estamos noutra cultura. No Pinhal Novo houve reis e rainhas do movimento associativo da terra. Não houve escolas de samba mas houve os bombos dos Bardoada e as pandeiretas da Fanfarra dos Bombeiros de Pinhal Novo. As danças de Salão do Rancho Folclórico da vila também não faltaram para a grande festa. “Os Piratas” do Racho da Lagoa Palha também trouxeram alegria e disposição. E as meninas e meninos do ATA – Grupo de teatro de Pinhal Novo – desfilou “o mundo” inteiro pelo Pinhal Novo.
E houve criatividade. De resto... a sátira social e as incursões à vida política nacional também não poderiam faltar, provocando a boa disposição aos que, e dias de sol, não hesitaram em sair de casa para ver o cortejo pinhalnovense animar e colorir as ruas da vila.
Fani, a matrafona guia
O convívio é a imagem de marca do Carnaval caramelo |
A abrir o cortejo a Fani, a matrafona mais tradicional do Carnaval, ora desfilou pelas ruas em trajes (quase) íntimos (domingo) ou vestiu-se de Barbie cor-de-rosa. É Carnaval e ninguém leva a mal.
Muita música animada, muita gente contente atrás do carro da Fitness WorX. Muita dança e muita alegria e muita sensualidade vestida de vermelho e preto e... outras sensualidades que, mais a cima, mostravam o corpo enquanto cantavam “ai se eu te pego”. E claro... “ai meninas que eu vos pego nem sabe o que lhe fazia”, gritava um homem vestido de urso de mão dada a duas meninas de pijama e chucha na boca. Os bombeiros do raço e o Znem lá vinham quase no fim da viagem da loucura.
Os trapalhões da Lagoa da Palha
Findo o corso… começa o Carnaval trapalhão. Aqui a imaginação e as engenhocas é quem manda. As cantigas de escárnio e maldizer são evidentes. “É isto que dá vida e alma ao Carnaval de Pinhal Novo, porque há sempre uma imaginação digna de ser vista”, diz Lina que viajou do Seixal com a sua “cara-metade” para ver o Carnaval de Pinhal Novo pela primeira vez.
De facto os Foliões da Lagoa da Palha deram um grande espectáculo ruas adentro. Ora dançado Michel Teló ou bailando Quim Barreiros. E às vezes tudo junto. Os “reformados da 4ª idade” da Lagoa da Palha foram, sem dúvida, os mais animados da tarde pinhalnovense.
"Idosos" da Lagoa da Palha fazem a festa |
Findo o corso… começa o Carnaval trapalhão. Aqui a imaginação e as engenhocas é quem manda. As cantigas de escárnio e maldizer são evidentes. “É isto que dá vida e alma ao Carnaval de Pinhal Novo, porque há sempre uma imaginação digna de ser vista”, diz Lina que viajou do Seixal com a sua “cara-metade” para ver o Carnaval de Pinhal Novo pela primeira vez.
De facto os Foliões da Lagoa da Palha deram um grande espectáculo ruas adentro. Ora dançado Michel Teló ou bailando Quim Barreiros. E às vezes tudo junto. Os “reformados da 4ª idade” da Lagoa da Palha foram, sem dúvida, os mais animados da tarde pinhalnovense.
De resto, muita imaginação e veículos que ninguém ainda sabe como andam. É o Carnaval caramelo. Uma festa cheia de encantos mil… e que nem o fim do Carnaval se atreveu em estragar.
O Carnaval é “um faz de conta que acontece". Num desfile cheio de extravagância, a imaginação ditou a criação de fantasias que recordam outros carnavais. Apesar da crise, o Carnaval fez animar o comércio, com esplanadas e restaurantes cheios, num dia em que a festa se prolongou noite dentro em brincadeiras e bailes de Carnaval.
Amanhã, ao início da noite, os Amigos de Baco vão enterrar o entrudo. Que no Pinhal Novo se chama José Maria Bacalhau. Como manda a tradição o senhor é benfeitor e na hora da morte não esquece os amigos e gente importante do concelho. A leitura do testamento acontece depois do cortejo fúnebre percorrer as ruas da vila.
Nota: Não perca amanhã no ADN a publicação das 100 melhores fotos do Carnaval do Pinhal Novo.
Paulo Jorge Oliveira
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