Uma Luz na Austeridade by Ana Esperança
Três boas noticias
Três boas noticias
Como sempre, caros leitores, a dificuldade nesta semana de más noticias foi escolher qual das boas deveria partilhar convosco. O que só mostra que mesmo na escuridão, existem flashes que vão iluminando os nossos dias.
Novas oportunidades: Em oposição a todos os argumentos contra este programa educacional, aos 91 anos, João Vieira tornou-se no aluno mais velho a concluir o ensino básico através do programa Novas Oportunidades. O diploma foi entregue esta quinta-feira na Escola Profissional de Salvaterra de Magos. Nascido no Ribatejo, João Vieira recomeçou tarde um ensino interrompido: só aos 34 anos conseguiu concluir o terceiro ano de escolaridade. Sempre com vontade de aprender, inscreveu-se no Centro de Novas Oportunidades (CNO). O percurso tornou-o agora, oficialmente, no português mais velho a concluir o 9º ano de escolaridade.
Incentivado por um neto a regressar às aulas, o nonagenário chegou ao CNO com o objectivo de completar o ensino básico através do processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC). De acordo com a Escola Profissional de Salvaterra de Magos, João Sabino, como é conhecido, apresentou-se no CNO com "um currículo invejável".
Residente em Benavente há 52 anos, este estudante, começou a trabalhar na terra aos 14 anos e a saúde permite-o manter a actividade até hoje. Pelo caminho passou pelo cargo de director de Serviços Agrícolas no Fomento da Indústria e do Tomate, no qual se manteve durante 38 anos.
Mas o que o notabilizou no sector agrícola foi o facto de ter inventado, nos anos 70, uma máquina inovadora de semear tomate. O êxito foi de tal ordem que chegou a ser um dos maiores produtores europeus de tomate. A patente da máquina acabou, no entanto, por ser vendida a uma empresa italiana.
O gosto pelo conhecimento e pelas letras, que o levaram, há um ano, inscrever-se na escola, é o mesmo que o incentivou a escrever cinco livros, quatros dos quais de poesia, e ainda uma autobiografia. João Vieira dedica também parte do seu tempo à música, nomeadamente ao instrumento que pratica, o trompete.
O caso do idoso de Salvaterra de Magos não é o único do género em Portugal: em Janeiro, a Câmara de Grândola deu conta da inscrição nas Novas Oportunidades de uma senhora de 97 anos que entrou no programa para terminar o 6º ano.
Afinal, nem tudo o que Sócrates fez (o politico, entenda-se) foi mau. O programa tão questionado actualmente terá servido, pelo menos, para motivar e incentivar aos estudos, mesmo as pessoas mais velhas e dadas como “inúteis”.
Exportação: Começamos com mais uma boa noticia acerca de um produto tão português e tão tradicionalmente delicioso. Os ovos-moles de Aveiro vão, agora, poder chegar aos quatro cantos do mundo. Um estudo encomendado pela Associação de Produtores de Ovos-Moles (APOMA) à Universidade de Aveiro concluiu que o doce conventual pode ser ultracongelado durante quatro meses sem perder qualidades e a exportação é o próximo objectivo. Este estudo revelou que é possível estender a validade do doce feito à base de gema de ovo e passar dos actuais 15 dias para quatro meses sem que se perca o sabor ou haja riscos para a saúde humana.
Os 36 associados da APOMA, que em 2011 produziram 200 toneladas de doce mas vendem praticamente só para o mercado nacional, estão agora a preparar a tecnologia necessária para ultra congelar os ovos-moles mantendo-se a qualidade e a segurança do produto regional com vista a avançar para a exportação. Nos próximos meses a associação espera aumentar as vendas e os postos de trabalho que são, actualmente, 360. Além disso, prevê-se que a exportação dos ovos-moles possa beneficiar negócios indirectos como o dos fornecedores de ovos, o que ajudará a desenvolver a economia da região aveirense. De salientar que Aveiro é o único local onde os ovos-moles podem ser produzidos, já que o doce conventual é certificado pela União Europeia com Indicação Geográfica Protegida (IGP).
Ecologia vs saúde: Por outro lado, e no que respeita a ecologia, importa dar conhecimento que a Ecopilhas recolheu três milhões de unidades de pilhas e baterias, no Peditório de Natal de 2011. O resultado da recolha permite à Ecopilhas oferecer ao IPO Lisboa um novo equipamento para tratamento de doentes oncológicos. Este equipamento facilita a entubação, pela traqueia, de doentes submetidos a intervenção cirúrgica e auxiliará, sobretudo, no tratamento de pacientes com doença neoplásica da cabeça e pescoço. O director geral da empresa responsável pela recolha de pilhas, Eurico Cordeiro, referiu em comunicado que “a Ecopilhas ajudou, uma vez mais, o IPO, graças ao incansável contributo de todos os cidadãos que colocaram no Pilhão as pilhas e baterias usadas". Acrescentou ainda que "Com o apoio de todos conseguimos doar um aparelho que irá auxiliar no tratamento de uma patologia tão grave como é o cancro e, simultaneamente, ajudar a preservar o meio-ambiente”.
De salientar ainda que esta empresa realiza o Peditório Nacional de Pilhas e Baterias a favor do Instituto Português de Oncologia desde 2009.
Com tantas boas noticias, só me resta caros amigos, desejar-vos uma óptima semana,
Ana Esperança
Pinhal Novo
Nos dias que correm as palavras de ordem são austeridade, crise e contenção…
Pois bem, caros leitores, é minha intenção nestas breves linhas dar-vos conta das boas notícias de que os canais de televisão não falam e as páginas do jornal apenas mencionam em letras tão pequenas que nem damos por elas. Chamemos-lhe “uma luz na austeridade”.
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