"Um modelo para continuar e crescer”
Um certame assente num modelo inovador, gratuito para os expositores, e
as oportunidades de negócio facultadas aos artesãos foram elementos destacados
na primeira edição da “Mostra de Artesanato e Produtos Tradicionais do Distrito
de Setúbal”. Quem expôs gostou, quem visitou promete voltar e os
organizadores – a Câmara de Setúbal – certifica que irá continuar com a segunda
edição. Na primeira, todos os municípios do distrito marcaram presença.
Feira atraiu muitos visitantes a Setúbal |
A iniciativa, que decorreu entre 23 e 25, levou à Avenida Luisa Todi, em Setúbal, cerca de meia centena de artesãos do distrito de Setúbal, num certame onde foi possível encontrar rendas, bijutaria, doçaria conventual, compotas, mel e derivados, vinhos e licores, azeite, queijos, peças em barro, ferro e materiais reciclados, bordados, artigos em pele, madeira e cortiça, e a execução de peças de várias artes ao vivo. Em resumo: o melhor que a região tem para oferecer.
A
artesã de licores e bolos tradicionais Maria José Martins, de Alcochete,
destacou “o feedback muito positivo
por parte dos visitantes”, referindo
que a experiência do fim de semana podia “determinar a abertura de
uma loja” própria. Caracterizou a iniciativa como “excelente”, não só por ser “uma forma de estimular os
artesãos” mas também
pela animação proporcionada a quem visitou a Avenida Luísa Todi durante os três
dias.
O
“segredo” dos produtos que expõe e vende, afirma, reside no “carinho por parte de quem os faz, porque é tudo
feito à mão”, um elemento que as
máquinas não conseguem empregar.
Pastéis
de Santa Clara, Pão de Rala, Toucinho-do-céu, Pitos de Santa Luzia, Bolo do
Conde de Alcáçovas, Travesseiros de Coina, Coininhas, cornucópias e queijos de
figos foram algumas das propostas trazidas do Barreiro, por Andreia Martins.
A
doceira barreirense enalteceu a iniciativa do Município de Setúbal pela
oportunidade dada para “mostrar o que de bem se
faz e de divulgar as artes tradicionais” e realçou que a participação no
certame decorreu de modo gratuito para os expositores, algo “muito raro em todo o País”, pelo que felicitou a organização da
mostra.
Também
alguns dos visitantes da Mostra se mostraram surpreendidos com o evento, pela
dinamização do espaço, “a animação trazida e as
novidades apresentadas pelos artesãos”, como destacou Maria Manuela Jorge, residente em Setúbal.
Rosa
Amaral, igualmente residente em Setúbal, manifestou o seu agrado pelo “aproveitamento e utilidade que se pode fazer de
alguns materiais”, classificando a iniciativa como “muito positiva”, que
permite a “expressão da capacidade
criativa”.
Os
produtos feitos em cortiça estiveram entre os que surpreenderam, pela
possibilidade de usos que permitem, alguns deles desconhecidos para muitos dos
visitantes da mostra, em especial artigos de moda como chapéus e bonés, ou até
guarda-chuvas.
Para um
casal alentejano vindo de Santiago do Cacém, Fernando e Laurinda Protásio, esta
foi uma oportunidade que não quiseram deixar passar sem marcar presença,
designadamente pela inovação apresentada num certame único que permitiu “representar várias terras no mesmo acontecimento”.
O
artesão mostrou ao vivo como se pode dar forma a blocos de madeira de choupo
com canivetes, de que resultam animais que participam em atividades agrícolas,
tais como bois, cavalos ou mulas, aparelhados com as respetivas carretas ou
carros de parelha.
Laurinda
Protásio é quem veste as figuras rurais saídas das mãos do marido com trajes
tradicionais alentejanos e que, conjuntamente, representam o trabalho no campo,
com os adornos elaborados a partir de pano e rendas.
A
proposta apresentada na banca de Filipe Almeida, de Almada, passou pela
reutilização de cápsulas de café descartáveis que, depois de trabalhadas,
resultam em brincos, pulseiras, anéis e aplicações para malas ou pregadeiras,
entre outras aplicações.
Para
este artesão, a importância do certame também passa pela mudança de atitude de
quem procura artesanato. “Atualmente, começa a
dar-se real valor às peças e ao
trabalho que se tem a fazê-las”,
afirmou Filipe Almeida. O artesão salienta que este é um segmento de
mercado em que “as pessoas procuram
diferenciar-se com a utilização de peças únicas”, ao contrário do que acontece com a
produção normalizada e em grande escala.
Entre
os vários representantes do concelho de Setúbal, que exibiram vinhos, queijos,
doçaria e rendas, foi possível observar a execução de obras de cerâmica e de
pintura ao vivo. A manufatura de sardinhas decorativas em cerâmica, que também
servem para queimar incenso, foi mostrada aos visitantes, bem como o modo de
trabalhar uma tela para mostrar uma paisagem setubalense.
A
primeira edição da “Mostra de Artesanato e Produtos Tradicionais do Distrito de
Setúbal” trouxe à Avenida Luísa Todi representantes dos municípios de Alcácer
do Sal, Alcochete, Almada, Barreiro, Grândola, Moita, Montijo, Palmela,
Santiago do Cacém, Seixal, Sesimbra, Setúbal e Sines.
No dia
inaugural, no dia 23, foi realizado um workshop sobre agricultura social na
Casa da Baía, dirigido pela engenheira agrónoma Teresa Almeida.
A
mostra incluiu a atuação da banda da Sociedade Filarmónica Perpétua
Azeitonense, no dia 24, e um concerto pelo grupo musical popular setubalense
Massacotes, a 25 de março.
Agência de Notícias
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