Os dias difíceis de Castro Verde depois da morte de Vitor
Os médicos forenses concluíram ontem ao final da tarde a
autópsia de Vítor Mota, de 17 anos, que morreu domingo em Lloret de Mar. O
corpo deverá ser libertado em breve, confirmou fonte policial. Hoje a autarquia
de Castro Verde vai receber os pais e os colegas da vítima para garantir todo o
acompanhamento psicológico. A vila do distrito de Beja continua "chocada" e
"desolada" com a perda de um filho da terra. “Isto só passa com as
cerimónias fúnebres do jovem”, diz uma amiga.
Pais, colegas e população continuam à espera de saber o que aconteceu |
Depois de
concluído este processo, explicou fonte ligada ao processo à Lusa, falta ainda
terminar algumas tramitações obrigatória antes que o corpo de Vítor possa ser
libertado para a sua transladação para Portugal.
A
informação sobre as investigações policiais e sobre os resultados da autópsia
estão ainda em segredo de justiça, devendo a causa de morte ser incluída na
certidão de óbito que acompanhará depois o corpo quando for transferido para
Portugal.
Fonte
consular português explicou à Lusa que as autoridades portuguesas estão a
acompanhar todo o caso, procurando que as autoridades espanholas agilizem os
processos burocráticos pendentes.
O
consulado ajuda na parte burocrática da transferência e os custos serão
assumidos pela seguradora da agência de viagens responsável pela viagem do
grupo de alunos da Escola Secundária de Castro Verde que integrava a vítima.
Fonte
policial tinha confirmado à Lusa que o inquérito policial preliminar sobre a
morte de Vítor Mota foi entregue ao juiz de instrução ao final da manhã que
posteriormente ordenou a autópsia.
Não há indício de crime
O jovem,
de 17 anos, morreu após ter caído da janela do quinto andar do empreendimento
hoteleiro em que estava alojado, em Lloret de Mar, onde estava em viagem de
finalistas do 12.º ano da Escola Secundária de Castro Verde, com outros 21
colegas.
Na segunda-feira,
fonte policial explicou à Lusa que as duas hipóteses avaliadas pelos
investigadores apontavam para uma queda acidental ou de suicídio.
Os
investigadores "descartam a hipótese de uma morte violenta, de origem
criminosa" ou que se tenha tratado de um caso de 'balconing', prática de
jovens que se atiram das janelas e varandas dos hotéis para as piscinas.
Os
colegas do jovem já estão em casa, após terem regressado a Portugal na
segunda-feira à noite, em dois voos provenientes de Barcelona, sendo que as
viagens de 20 deles foram pagas pelo município de Castro Verde.
Câmara reúne hoje com pais e colegas de
viagem
Colegas já regressaram a Castro Verde |
A Câmara de Castro Verde está a
trabalhar no apoio psicológico dos colegas do jovem. A autarquia marcou para
hoje uma reunião com os pais e outra com os colegas, que viveram de perto a
tragédia.
Em declarações ao jornal Público,
Francisco Duarte, presidente da Câmara Municipal de Castro Verde, revela que
“diversas entidades regionais” estão a ser contactadas, para que designem um
dos seus técnicos para participarem também nas reuniões desta quarta-feira.
O plano do município é definir um
“programa de acompanhamento” aos 21 colegas da vítima.
Os jovens frequentam o 12.ª ano da
escola secundária local. Viajaram para Lloret del Mar, numa viagem de finalistas
de má memória, com a trágica morte de um rapaz de 17 anos, no domingo à noite,
em virtude de uma queda de uma varanda, cujas causas permanecem por apurar. Os
colegas ficaram “muito transtornados” com a morte de um amigo. Lloret del Mar é
uma localidade espanhola ponto de passagem de centenas de estudantes
portugueses, todos os anos, em viagens de finalistas.
Vila de Castro Verde continua “de luto” e
“triste”
População continua de luto pelo jovem |
"A vila está chocada, como eu estou", disse
à Lusa Álvaro Pereira, de 63 anos, proprietário de um café no centro de Castro
Verde, reconhecendo que a morte do jovem tem sido "o assunto do dia"
no seu estabelecimento e em toda a povoação.
Trata-se de "uma tragédia que vai marcar a
vila", que está "praticamente de luto", como demonstra a faixa
negra colocada segunda-feira no edifício da Escola Secundária de Castro Verde,
onde o jovem estudava, disse à Lusa Armanda Diogo, de 72 anos.
A vila tem "acordado triste", segundo
Dolores Santos, de 53 anos, cuja filha trabalhou no restaurante dos pais do
jovem e, por isso, "ia lá almoçar muitas vezes" e
"conhecia-o".
Dolores Santos contou que o jovem, depois de terminar
o 12.º ano em Castro Verde, "tinha planos" para seguir os estudos
numa universidade na Suíça, para onde os pais, emigrantes, tencionavam
regressar após o filho concluir o ensino secundário.
Os jovens de Castro Verde, no distrito de Beja, estão
"a reagir mal, porque ninguém sabe o que se passou", disse Luísa
Tostão, de 16 anos, referindo que, no domingo à noite, amigos seus falaram com
um dos colegas do jovem, que estão em Lloret del Mar, e que disse que
"todos queriam vir-se embora, porque estavam chocados com a situação".
“Isto só vai melhorar quando o miúdo for enterrado e o pais e os colegas
souberem, realmente, o que se passou naquela varanda do 5º andar” disse Joana
Silva, de 20 anos.
Paulo Jorge Oliveira
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