Pagos ao preço de uma “chávena de café por
cada avaliação”
Os
peritos imóveis do distrito de Setúbal acompanham os de Coimbra, Guarda e Leiria
no “boicote” às
avaliações das casas. Numa posição conjunta a que a ADN teve acesso,
os peritos dizem que a sua “paragem é unânime”, por considerarem que as
remunerações fixadas pelas Finanças são “humilhantes”. Ou seja: estão a ser
pagos ao preço de uma “chávena de café por cada avaliação”.
Avaliadores querem mais dinheiro do estado |
“A paragem é unânime. Os valores propostos são além de humilhantes, não compatíveis com o esforço que é necessário para desenvolver o trabalho com competência, seriedade e responsabilidade”, lê-se na tomada de posição dos profissionais, integrados no grupo dos peritos que têm por função avaliar este ano cinco milhões de imóveis portugueses por imposição da troika.
Para o grupo de peritos avaliadores dos quatro distritos, “só quem não sabe o esforço, a dificuldade que há em localizar os prédios, etc, pode levianamente propor tais valores”. Também é “justo e imprescindível o pagamento dos quilómetros, já que temos aldeias a mais de 30 ou quilómetros de distância”, denunciam os avaliadores.
“Quanto à unidade de remuneração entendemos que não pode ser inferior à que se recebe nas avaliações normais, dado que esta já foi reduzida há pouco tempo e dado o trabalho envolvido na sua execução”.
As Ordens dos Engenheiros e dos Arquitetos solicitaram já uma audiência ao ministro das Finanças, Vítor Gaspar.
Generalidade dos avaliadores estão parados
Uma perita da avaliação do Distrito de Setúbal garantiu à Lusa que a “generalidade dos peritos avaliadores se encontra parada” e que a “indignação é geral”. “Neste momento começam a sentir-se pressões por parte dos serviços das Finanças aos peritos mais novos e que poderão vacilar mais cedo para que retomem o trabalho ou então serão dispensados”. A suspensão do trabalho estará a registar-se desde 24 de fevereiro, adiantou.
O Ministério das Finanças já afirmou que o processo de avaliação fiscal de imóveis decorre “como previsto”.
Mas o Sindicato Nacional dos Engenheiros, Engenheiros Técnicos e Arquitetos considerou hoje que muitos técnicos envolvidos nas avaliações fiscais de imóveis deixaram de ter qualquer “interesse económico” ao serem conhecidas as remunerações pagas pelas Finanças.
Numa resposta enviada à Lusa, o sindicato indicou que os valores a pagar por cada avaliação são um preço “quase simbólico” a pagar a técnicos com formação superior.
“Para muitos técnicos envolvidos nestes processos, a execução deste trabalho deixou de ter qualquer interesse económico”.
Avaliadores acham-se “mal pagos” para volume
de trabalho
Finanças quer todas as casas avaliadas este ano |
De acordo
com o presidente da Associação
Portuguesa dos Avaliadores de Engenharia (APAE), Aníbal Freitas Lopes, “nem
significa qualquer greve ou boicote”, assegurou o dirigente, citado pela Lusa,
referindo estar em causa o “direito e o dever do Estado remunerar um serviço
que está a ser feito”, mas a ser pago ao “preço de uma chávena de café”.
Freitas Lopes indicou que os “avaliadores estão conscientes do sacrifício dos funcionários públicos, mas deduzir 14 por cento não é o mesmo que 63 por cento”, ou seja, o valor agora fixado pelas Finanças e que varia entre os 91 cêntimos e os 5,5 euros por avaliação.
Numa reunião a 5 de março, os associados da APAE denunciaram que o “previsto como produtividade média está muito longe de corresponder à realidade”.
A esperada “grande produção” não ocorre, segundo os peritos, porque os “municípios nem sempre estão em condições de fornecer os elementos digitalizados”.
Os peritos deram conta à APAE as deslocações que têm de fazer aos locais sem serem pagas pelas Finanças.
Freitas Lopes indicou que os “avaliadores estão conscientes do sacrifício dos funcionários públicos, mas deduzir 14 por cento não é o mesmo que 63 por cento”, ou seja, o valor agora fixado pelas Finanças e que varia entre os 91 cêntimos e os 5,5 euros por avaliação.
Numa reunião a 5 de março, os associados da APAE denunciaram que o “previsto como produtividade média está muito longe de corresponder à realidade”.
A esperada “grande produção” não ocorre, segundo os peritos, porque os “municípios nem sempre estão em condições de fornecer os elementos digitalizados”.
Os peritos deram conta à APAE as deslocações que têm de fazer aos locais sem serem pagas pelas Finanças.
Paulo Jorge
Oliveira
Comentários
Enviar um comentário