Carga policial sobre jornalistas é notícia no mundo
A PSP vai averiguar os incidentes entre as forças policiais e
os jornalistas que ficaram feridos, esta quinta-feira, para "verificar a
legalidade dos atos que as fotos demonstram", apelando à sua "correta
identificação" durante as manifestações.
Fotografa da France Press agredida pela PSP em Lisboa |
Em comunicado emitido esta quinta-feira à noite, a Direção
Nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP) afirma que "tem feito com a
antecedência necessária diversos apelos aos órgãos de comunicação social (...)
para a necessidade de [de os jornalistas] se identificarem, colocando-se sempre
do lado da barreira policial que os separa dos manifestantes em geral".
"Continuamos a verificar que tal não aconteceu nas
manifestações levadas a efeito no dia de hoje e lamentavelmente tivemos
necessidade de usar a força pública, num contexto de arremesso de cadeiras,
pedras e outros objetos contra as forças policiais, que acabaram por originar
ferimentos nos nossos agentes", lê-se no comunicado.
No entanto, a PSP, que faz acompanhar a nota com duas fotos
em que se vê um agente policial a dar uma bastonada numa fotojornalista da AFP,
diz que vai proceder a "averiguações (...) tendentes a verificar a
legalidade dos atos que as fotos demonstram", acrescentando que isso
"será feito no mais curto intervalo temporal".
A PSP reitera ainda "a
necessidade da correta identificação de todos os jornalistas e da sua devida
colocação no terreno para que este tipo de situações não se volte a
repetir".
Dois fotojornalistas
feridos
Dois jornalistas, um da agência
Lusa e outra da AFP, ficaram feridos esta quinta-feira em incidentes com as
forças policiais, no Chiado, em Lisboa, enquanto recolhiam imagens da
manifestação organizada pela Plataforma 15 de Outubro, no âmbito da greve geral
convocada pela CGTP.
A Direção de Informação da Lusa
protestou "com a maior veemência" contra "a agressão", por
agentes da PSP, do fotógrafo da agência José Sena Goulão, que estava
"devidamente identificado como jornalista".
O protesto foi formalizado, por
carta, enviada ao diretor nacional da PSP, superintendente Paulo Valente Gomes.
"O comportamento das forças da
PSP ao agredirem um jornalista em pleno exercício das suas funções constitui a
prática de um crime e uma grave violação dos mais elementares direitos de
personalidade do lesado, sem prejuízo da simultânea violação do Estatuto do
Jornalista, razão pela qual a Lusa e o jornalista agredido se reservam o
direito de recorrerem a todos os meios ao seu dispor para obterem a necessária
e devida reparação pelos atos ilícitos cometidos", lê-se no texto assinado
pela Direção de Informação da Lusa.
José Sena Goulão recebeu
assistência no Hospital de São José, depois de inicialmente ter sido socorrido
pelo INEM no local.
A PSP agrediu ainda a fotojornalista da
France Press em Portugal, Patrícia Melo, quando esta cobria a manifestação da
Plataforma 15 de Outubro, no Largo do Chiado, integrada na greve nacional. Como
foi captada pelo fotógrafo da Reuters, a agressão está a pulverizar-se pelos
sites noticiosos do mundo inteiro.
Paulo Jorge Oliveira
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