Almada deve ficar mesmo sem urgência polivalente à noite


Ministro da Saúde diz uma coisa. Presidente ARS  Lisboa e Vale do Tejo diz outra

Paulo Macedo garante que o Governo não tem qualquer intenção de desclassificar as urgências dos hospitais Garcia de Orta, em Almada, e São Francisco Xavier, em Lisboa, embora admita uma “reorganização” nesta área. O presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, Cunha Ribeiro, garante que ele e o ministro estão “em perfeita sintonia” e a medida vai avançar.

Urgências à noite, em Almada, à beira do fim... 


O ministro, ouvido na comissão parlamentar de Saúde durante o dia de ontem, desmente o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), Luís Cunha Ribeiro, que em entrevista à Antena 1 anunciou que as urgências destes hospitais passariam de polivalentes para médico-cirurgicas, o que significa que durante a noite apresentariam menos valências.
Segundo o ministro, o documento que contém as propostas de reorganização das urgências – elaborado por peritos – já está pronto, aguardando apenas que as administrações regionais de saúde se pronunciem sobre o mesmo.

Para já, Paulo Macedo recusa a ideia de que estas urgências serão desclassificadas, mas deixa uma ressalva: “Não significa que não possa haver uma reorganização em termos de valências, a qual é desejável e necessária”.


Santa Maria e São José concentram urgências durante a noite

“Isto não passa de uma questão de nomenclatura. O que menos me preocupa é o nome [dado às urgências]. O que se pretende é que [a Grande Lisboa] passe a ter urgências metropolitanas”, esclareceu o presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, Cunha Ribeiro, garantindo que ele e o ministro estão “em perfeita sintonia”. 

Na prática, as urgências dos hospitais Garcia de Orta, em Almada e de S. Francisco Xavier, em Lisboa, “deixam de ser polivalentes durante a noite”, porque vão passar a ter menos valências no período noturno, uma vez que algumas das especialidades serão concentradas nos hospitais de Santa Maria e de S. José, em Lisboa. O que não significa, frisa, que estes serviços “sejam desclassificados ou despromovidos”. “Despromover é na tropa. Aqui o que se pretende é passar a fazer uma outra coisa, com qualidade”, acentua o presidente da ARSLVT. 
Cunha Ribeiro lembra, a propósito, que o Garcia de Orta não dispõe atualmente de “cirurgia cardíaca nem cardiotorácica”, duas valências que uma urgência polivalente deve ter. 

Menos agrupamentos

Os Agrupamentos dos Centros de Saúde (ACES), criados aquando da extinção das sub-regiões de Saúde, vão ser reduzidos de 64 para 46, anunciou o secretário de Estado e Adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, que também foi ouvido na Assembleia da República.
Na sua intervenção, Leal da Costa disse que os ACES no Norte vão baixar de 23 para 21, no Centro de 16 para 10, em Lisboa e Vale do Tejo de 22 para 13 e no Alentejo de três para dois.
A reestruturação dos ACES está em curso e a perda destas 18 estruturas faz parte da reorganização dos cuidados de saúde primários, adiantou.

Paulo Jorge Oliveira

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