Os ausentes da cerimónia do 25 de Abril
Pela primeira vez, o ex-presidente Mário Soares faltará à
sessão solene de celebração do 25 de Abril no Parlamento. Manuel Alegre
anunciou também que não comparecerá e Jorge Sampaio faz depender da sua agenda
internacional a sua presença. A Associação 25 de Abril foi a primeira a dizer que não comparecia nas cerimónias oficiais no 25
de abril, em Lisboa.
Mário Soares não marca presença na cerimónia do 25 de Abril |
"Em
solidariedade para com os militares, decidi não ir", disse o ex-Presidente
ao jornal 'Público'. Soares respondeu assim ao anúncio feito pela Associação 25
de Abril, num manifesto intitulado "Abril não desarma".
"O
poder político que atualmente governa Portugal configura um outro ciclo
político que está contra o 25 de Abril, os seus ideais e os seus valores. Em
conformidade, a Associação 25 de Abril anuncia que não participará nos atos
oficiais nacionais evocativos do 38.º aniversário do 25 de Abril", lê-se
manifesto, lido ontem na sede da associação, em Lisboa, pelo seu presidente, o
coronel Vasco Lourenço, perante jornalistas e membros da Associação.
"Uma
celebração do 25 de Abril sem aqueles que o fizeram não tem o mesmo
significado", disse por seu lado Manuel Alegre ao jornal DN. O conselheiro
de Estado e histórico do PS só admite participar amanhã na manifestação popular
da Avenida da Liberdade.
Jorge Sampaio ainda não sabe
Por seu
lado, o antigo Presidente da República Jorge Sampaio faz depender da sua agenda
internacional a presença na sessão solene comemorativa do 25 de abril na
Assembleia da República, afirma o DN na edição de hoje. "O dr. Jorge
Sampaio tem um compromisso internacional que está por confirmar. Se se
confirmar não estará presente porque não tem o dom da ubiquidade. Se não se
confirmar, estará presente".
Outra
ausência é a do capitão de Abril e ex-deputado Marques Júnior. Uma decisão
tomada "muito antes" de conhecer a decisão da Associação 25 de Abril
(A25A) em se demarcar dessa cerimónia. "Discordo que a A25A não se faça
representar, independentemente das posições político-sociais que entendesse
assumir" em relação ao Governo. "podemos gostar ou não, mas é esta
Assembleia da República que existe e que convida" a assistir às
cerimónias, sustentou Marques Júnior.
Austeridade “ultrapassa os limites do suportável”
Vasco Lourenço vira costas à comemoração oficial do dia da Liberdade |
A Associação 25 de Abril (A25A)
demarcou-se esta segunda-feira das comemorações oficiais do 38º aniversário da
Revolução dos Cravos, por considerar que "as medidas e sacrifícios
impostos" aos portugueses "ultrapassaram os limites do
suportável".
A A25A
anunciou, por isso, que "não participará nos atos oficiais nacionais"
evocativos do 25 de abril de 1974 - o que sucede pela primeira vez na sua
história - e apelou "ao povo português e a todas as suas expressões
organizadas para que se mobilizem e ajam, em unidade patriótica, para salvar
Portugal, a liberdade, a democracia".
Em
conferência de imprensa realizada em Lisboa, o presidente da A25A, coronel
Vasco Lourenço, leu um manifesto intitulado "Abril não desarma", onde
se afirma que "o contrato social estabelecido na Constituição da República
Portuguesa foi rompido pelo poder".
"As
medidas e sacrifícios impostos aos cidadãos portugueses ultrapassaram os
limites do suportável", declarou Vasco Lourenço perante uma plateia de cerca
de meia centena de militares de Abril, referindo "ser oportuno tomar uma
posição clara contra a iniquidade, o medo e o conformismo que se estão a
instalar" no País.
"A
linha política seguida pelo atual poder político deixou de refletir o regime
democrático herdeiro do 25 de Abril configurado na Constituição", afirmou
Vasco Lourenço, ladeado por figuras como os generais Pezarat Correia e Garcia
dos Santos, entre outros.
No
manifesto, a associação afirmou "ter plena consciência da importância da
instituição militar, como recurso derradeiro nas encruzilhadas decisivas da
História" portuguesa, adiantando: "Declaramos a nossa confiança em
que a mesma saberá manter-se firme, em defesa do seu País e do seu povo."
Antes,
Vasco Lourenço declarara que "Portugal é tratado com arrogância por
poderes externos", algo que os atuais governantes "aceitam sem
protesto e com a auto-satisfação dos subservientes", diz o manifesto.
Paulo
Jorge Oliveira
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