Funcionários públicos só voltam a ter subsídios em 2015


Pedro Passos Coelho “avança” dois anos

O primeiro-ministro afirmou ontem que os subsídios de férias e de Natal serão repostos gradualmente a partir de 2015, argumentando que o programa de ajuda externa a Portugal decorre até 2014 e tem uma base anual. A oposição, em peso, está contra e, todos os partidos à esquerda do Governo, afirmam que Pedro Passos Coelho “anda a enganar os portugueses”, lembrando que o governo terá afirmado que o corte dos subsídios de natal e de férias aos funcionários públicos e aos reformados pelo período de dois anos: 2012 e 2013.

Primeiro-ministro volta a dar subsídios em 2015, ano de eleições 

 Em entrevista à Rádio Renascença, questionado sobre a reposição dos cortes nos subsídios de férias e de Natal aplicados ao setor público e aos pensionistas, Pedro Passos Coelho afirmou que o Governo pretende "repor gradualmente esses subsídios", porque "dificilmente o Estado conseguiria encaixar num ano a reposição de todo esse benefício".
Interrogado sobre quando é que essa reposição vai começar a ser feita, o primeiro-ministro respondeu: "Eu creio que é depois de 2014, porque o nosso programa de ajustamento decorre até 2014, portanto, só depois disso, como é evidente, e tem uma base anual. Portanto, a partir de 2015 haverá reposição desses subsídios".
"Com que ritmo, com que velocidade? Não sabemos. É inequívoca a vontade do Governo de o fazer, respeitaremos a decisão do Tribunal Constitucional nessa medida", concluiu Passos Coelho.

“Primeiro-ministro anda a enganar os portugueses”, diz o PS

Perante esta posição do primeiro-ministro, António José Seguro, líder do PS, disse ter ficado "tão surpreendido como os portugueses". "O primeiro-ministro está a enganar os portugueses. Enganou os portugueses. Todos nos recordamos que o primeiro-ministro anunciou em outubro o corte dos subsídios de natal e de férias aos funcionários públicos e aos reformados pelo período de dois anos, 2012 e 2013", apontou o líder dos socialistas.
António José Seguro observou também que na terça-feira "um membro do Governo [o secretário de Estado Carlos Moedas] disse que não havia nenhuma novidade" em matéria de devolução dos subsídios.
"Mas hoje, [ontem] em entrevista a uma rádio, o primeiro-ministro diz agora que só vai começar a devolver os salários dos funcionários públicos e as reformas em 2015. Trata-se claramente de enganar os portugueses", insistiu.
O secretário-geral do PS acusou depois Pedro Passos Coelho de ter dualidade de critérios nas suas decisões políticas e de se preparar para devolver os subsídios "às pinguinhas" em ano de eleições, em 2015.

“Suspensão dura até 2013”, lembra BE

Do lado do Bloco de Esquerda, o deputado João Semedo, sublinhou que "o Governo disse que esta suspensão vigoraria durante o período em que estivesse em vigor este memorando de acordo e que isso terminaria em 2013".
"Hoje, Pedro Passos Coelho promete que o regresso dos subsídios será em 2015 e, por outro lado, será de uma forma gradual. O corte de subsídios era transitório e nunca foi dito que a sua reintrodução seria feita de forma gradual", afirmou.
Agora o "contraste" é evidente, apontou, mas "não é a primeira vez que o primeiro-ministro e outros membros de Governo com certos jogos de palavras acabam por não tornar claro decisões e o seu próprio pensamento político".

"O pacto de agressão não está datado", diz PCP


Também Jerónimo de Sousa fez fortes críticas às declarações de Passos Coelho sobre a reposição gradual dos subsídios de férias e de Natal a partir de 2015. Para o líder do Partido Comunista Português, o primeiro-ministro está a mentir e só demonstra que "o pacto de agressão não está datado".
O secretário-geral do PCP disse, esta quarta-feira, à agência Lusa que as declarações do primeiro-ministro demonstram que Passos "já não tem pejo nenhum em mentir" aos portugueses.
"Vem Passos Coelho dizer que afinal o fim do corte [dos subsídios] não é para 2013, já nem sequer para 2014, mas para 2015, e mesmo assim com um pagamento faseado, diminuído, numa demonstração clara de que este pacto de agressão não está datado", disse Jerónimo de Sousa.

"Uma absoluta fraude", dizem Os Verdes

Deputada d'Os Verdes diz que há engano

"O senhor primeiro-ministro não pode fazer aquilo que anunciou. Queremos querer que o senhor primeiro-ministro se enganou nas datas. O compromisso do Governo, quando tomou uma decisão absolutamente gravosa, que os Verdes contestaram absolutamente, foi de cortar os subsídios de férias e de Natal no ano 2012 e 2013. Não aceitamos, de modo nenhum, que esse corte vá para além dessa data", disse a deputada Heloísa Apolónia, em conferência de imprensa no Parlamento. Para os Verdes, se o Governo "for avante com aquilo que anunciou, aquilo que estará a fazer é esticar a corda, uma corda que está praticamente partida".
"E é este o aviso que nós gostávamos de fazer ao Governo", destacou a deputada.
Heloísa Apolónia lembrou a seguir que ainda na terça-feira o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, garantiu que o corte de subsídios de Natal e férias no setor público seria até ao final de 2013.
"Não conseguimos por isso compreender estas declarações do senhor primeiro-ministro. Gostaríamos que ele viesse rapidamente a público dizer que foi um equívoco de datas", acrescentou, garantindo que os Verdes tudo farão para contestar "esta brincadeira de mau gosto".


Agência de Notícias 

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