“25 de Abril somos nós, o povo”
O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço,
declarou esta quarta-feira que o povo português "não concede" ao
Parlamento, "independentemente da composição que venha a ter, o poder de
entregar a soberania nacional". Associação juntou-se aos milhares
de pessoas que estiveram nas ruas de Lisboa, ontem à tarde, mesmo com muita
chuva.
Vasco Lourenço lembrou frase de Salgueiro Maia |
A quem criticou a ausência da Associação 25 de Abril das
comemorações oficiais da revolução, no parlamento, Vasco Lourenço responde que
os militares não são “donos” do 25 de Abril, mas que sentiram o dever de tomar
uma “posição cívica e política” na defesa dos valores de Abril que fundaram a
Constituição. “É preciso pôr termo ao estado a que isto chegou’, como diria o
Salgueiro Maia”, lembrou mesmo o presidente da Associação.
“Não somos donos do 25 de Abril.
Desde o próprio dia da libertação que pertence ao povo português. Não abdicamos
é de também o considerarmos nosso”, referiu Vasco Lourenço, num discurso
perante milhares de pessoas, no Rossio em Lisboa, onde esteve ladeado por
vários capitães de Abril. Antes tinham descido a Avenida da Liberdade, um
desfile tradicional onde também esteve o histórico socialista Manuel Alegre que
também se recusou a ir ao parlamento.
No PS houve outra baixa de peso, a
do ex-Presidente Mário Soares, também solidário com os militares. Estas duas
ausências foram criticadas pelo primeiro-ministro que disse estar “habituado a
que algumas figuras políticas queiram assumir protagonismo em datas especiais”.
A resposta de Alegre chegou ontem: “Ele ainda não tinha nascido e já havia quem
conhecesse a cadeia, o exílio e a deportação”.
Luta continua a 1
de Maio
Populares lamentam as políticas do Governo |
Durante o discurso no Rossio, na
capital, a classe política e as “elites” do poder foram os alvos preferidos de
Vasco Lourenço que afirmou que os eleitores não concedem à Assembleia da
República “o poder de entregar a soberania nacional”. Salgueiro Maia – que a 25
de Abril de 1974 incitou os militares a “acabarem com o estado a que chegámos”
– foi evocado para recordar que os portugueses não são “culpados” pela crise,
mas sim os políticos “que mostraram não estar à altura”. O presidente da
Associação 25 de Abril acusou mesmo as “elites” associadas ao poder de
“desprezarem” a Constituição, afirmando várias vezes que o “povo” está
ameaçado, já que os políticos estão a deixar prevalecer o poder financeiro.
O distanciamento entre o governo e
os eleitores tinha sido uma das críticas de Vasco Lourenço no discurso do ano
passado. E por isso o capitão de Abril fez questão de reler parte do que tinha
dito até para demonstrar que a ausência dos militares das comemorações não foi
“conjuntural” nem “partidária” ou assumida “porque temos o governo que temos”. Vasco
Lourenço deixou ainda um apelo: “Ao povo português para que se mobilizem e ajam
na salvaguarda da democracia em Portugal.”
Já o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, no início do
desfile, tinha referido que o “governo tem medo que os trabalhadores percam o
medo”. E aproveitou a oportunidade para anunciar que a CGTP vai organizar uma
“grande jornada de luta” contra as “políticas do governo” no dia 1 de Maio, dia
do trabalhador.
Agência de Notícias
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