Redefinição de urgências
polivalentes também no Barreiro
Na visita ao Hospital Nossa Senhora do Rosário, no
Barreiro, o secretário-geral do PCP
admitiu ter obtido mais uma confirmação de um Conselho de Administração (CA)
hospitalar em relação à preocupação quanto às medidas inseridas na nova Lei dos
Compromissos. Jerónimo de Sousa considera que os hospitais estão “entre a
espada e a parede” face à responsabilização em relação a cortes colocada pelo
governo sobre as suas administrações, algo que, admite, pode levar a um
abandono dos cargos de direção.
PCP reuniu com Administração do Hospital do Barreiro |
"A visita ao centro hospitalar do
Barreiro/Montijo confirma uma preocupação que tínhamos, pois o governo, com a
lei dos compromissos, quer responsabilizar as administrações. Num quadro onde
não podem ultrapassar a cabimentação, colocam as administrações entre a espada
e parede", disse, após um reunião com administração do hospital no Barreiro
e um encontro com representantes das comissões de utentes.
"Se ultrapassarem a cabimentação são
responsabilizados civil e criminalmente, se não o fizerem são responsabilizados
porque não respondem às necessidades dos utentes", acrescentou o líder comunista.
Jerónimo de Sousa disse que já teve conhecimento de
administradores que não querem arriscar. "Já tive exemplos de
administradores que não querem arriscar a sua honra e o seu próprio património.
É uma situação dramática em que ou respondem ao ministro ou respondem aos
utentes e correm risco de criminalização", explicou.
Fim
das urgências polivalentes prejudica populações do sul
O secretário-geral disse ainda que é preciso dar mais
atenção aos cuidados de saúde primários, para evitar uma concentração de
utentes nos hospitais, e alertou para um possível encerramento de algumas
urgências.
"A redefinição das urgências polivalentes vão
levar a uma concentração em Lisboa, já que o plano é liquidar essas urgências
em hospitais como Évora, Barreiro, no Garcia de Orta em Almada ou mesmo no
Francisco Xavier", defendeu.
Esta medida a avançar vai
levar a “população, nomeadamente a da Margem Sul e a do interior do país, a uma
concentração em Lisboa – nos hospitais de Santa Maria e de São José –, com
consequências tremendas na vida das pessoas, ao nível da sua deslocação, dos
transportes e das condições para serem recebidas por essas mesmas urgências”,
considerou o líder do PCP, no almoço-convívio que realizou terça-feira com as
comissões de utentes de saúde dos concelhos abrangidos pelo Hospital do
Barreiro (Alcochete, Barreiro, Moita e Montijo) e com Organizações Representativas
dos Trabalhadores do hospital.
Jerónimo de Sousa elogiou o trabalho das comissões de
utentes na defesa do direito à saúde e apelou a adesão dos profissionais de
saúde à luta.
"O SNS está em causa por uma visão economicista e
como diz o povo, sem saúde nada feito. Os portugueses pagam os seus impostos e
se não os desviassem para acudir à banca, não teríamos este problema. Os
profissionais de saúde devem juntar-se às populações na luta", concluiu.
Marcha Nacional em Defesa do SNS este sábado
Para este sábado, dia
14 de abril, está, aliás, agendada uma ‘Marcha Nacional em Defesa do SNS’. A
mesma será descentralizada com manifestações marcadas por todo o país pela
defesa do direito à saúde, nomeadamente contra as taxas moderadoras, aumentos
nos medicamentos, fim do transporte de doentes e encerramento de serviços de
proximidade. Em Setúbal, a concentração terá lugar pelas 15 horas, na Praça do
Brasil, com desfile até à Praça do Bocage.
PCP
contra fim do serviço de urgências polivalente em Almada
Urgências polivalentes em Almada não podem acabar |
Não foi tema de conversa por parte do
secretário-geral dos comunistas mas, nessa mesma tarde, o Secretariado da
Comissão Concelhia do Seixal do PCP, em comunicado toma posição sobre fim de
valências no serviço de urgência polivalente do Garcia de Orta, em Almada.
Segundo o PCP, “o fim de valências no serviço
de urgência polivalente do Garcia de Orta, irá por em causa a vida das
populações”. Esta medida irá também “afetar todo o sul do País, dado que o
Garcia de Orta constitui o Hospital de referência para a Região Sul”.
Os comunistas relembram que o Hospital Garcia
de Orta, “foi dimensionado e construído para servir cerca de 150 mil habitantes
dos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra quando atualmente os três Municípios
contam com cerca de 450 mil habitantes, o que levou à rutura do hospital nas
respostas ao internamento, consultas de especialidade e intervenções
cirúrgicas, a par das insuficientes condições de trabalho para os trabalhadores”.
Paulo Jorge Oliveira
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