Mar
Hoje vim
recordar o mar...nesta praia desconhecida reparo num pontão largo que se
estende pelo mar dentro como se desenha-se a praia a sua forma. caminho sobre
ele tentando em pensamento fazer parte dele e sentir esta força...sento-me na
ultima pedra ou a primeira que tem o prazer de sentir a primeira onda deste
manto de agua salgada...e passado alguns minutos dou por mim a pensar... como
me acalma este imenso azul. sinto-me uma miniatura perante esta paisagem.
Como é possível
que seja tão insignificante esta força da natureza a muita gente? eu rendo-me a
sua beira e com as ondas que ao baterem nas pedras em meu redor trazem com elas
o pensamento, a realidade ou fantasia...lembro-me de quando Entoava louvores
pela rua, deixando um rasto de sombra por aquela calçada fria...contava cada
degrau que se erguia a minha frente, e para traz apenas deixava a saudade...mas
se tivesse de cair tornava a retomar o caminho...não cessava o meu canto ao
mundo...não poupava a minha carne...mesmo na dor pra mim eu cantava...mesmo que
não haja mais peixes no mar eu os recordarei...mesmo que não haja mais estrelas
no céu eu vou me sempre lembrar do seu brilho...mesmo que o sol venha escurecer
vou ver sempre o caminho a seguir.eu não posso retroceder no tempo mas posso
levar o tempo comigo...o meu espirito é de adoradora incansável pela vida,
minha alma é regada todos os dias pelas maravilhas que ela me dá e o meu ser
esse cresce a cada segundo que respiro...se amo? Amo a vida...se adora? Sim
mais que tudo...é como um fogo que arde no meu corpo.
Há uma
alegria que invade o meu ser a minha mente.eu não consigo controlar a emoção de
querer saltar e correr...há uma chama que queima por dentro, por isso eu não
posso parar aqui. quero aproveitar o momento...e vou adora-lo...a cor desta pequena
cidade sou eu, é minha...caminho por este vale que não me deixa ver o futuro
mas aos poucos me vai mostrando o quanto bom pode ser. a força de onde vem?
Ninguém explica mas ela é bonita de se ver e sentir...no silêncio da noite
imagino o sol pela manhã...dou mil voltas ao mundo sem sair do meu muro...mas
essa estrada tem um ponto final.eu sou a primeira que nela canta, e a cor dessa
cidade sou eu... trago pinceis no bolso e a cada cor que encontro pinto uma
parede com o meu pensamento...carrego a saudade e deixo parte do seu cheiro no
caminho, ela é como um prego que foi arrancado da madeira... procuro o amor? Não, porque ele não se
encontra...acontece!
Porque
não se pode prender algo que nasceu para ser livre... tal como a areia, quanto mais
se aperta nas mãos mais ela se escapa entre os dedos. Mas se deixar as mãos
entre abertas de forma protege-la ela fica...e se for preciso ficar de guarda
então esse será o meu destino...quero me lembrar daqui a uns anos de tudo o que
percorri e se tiver mais quedas que momentos erguida então saberei que tive
força para continuar até chegar onde estarei...farei da vida um puzzle em que a
cada onda juntarei uma peça. Ainda não tenho imagem definida mas os cantos
já estão fixos e eles
suportam o meu desejo... Chega a noite e sem dar por isso continuo aqui a
admirar o mar...com ela sinto que um pedaço do meu peito esta colado a
ele...alguma chave, algum segredo, que me prende na imensidão...o pensamento
tem uma maneira perigosa de me conquistar e ao mesmo tempo quente de me
abraçar...tudo se perde, se transforma, e ninguém vê.
Eu
procuro às vezes nos detalhes uma imagem do meu pensamento...gostava por breves
instantes que o tempo não passa-se e recua-se para traz...para poder reviver
tantos momentos tantas historias que me arrancaram um sorriso espontâneo...consigo
perder-me nesta estrada por minutos...mas é hora de me levantar e ir embora,
tenho uma vida há minha espera no início deste pontão, e amanha talvez volte
para sonhar mais um pouco...porque um pouco de fantasia na vida é a fonte de
alimentação dos sonhos...mas o mar esse me acompanha em todo o meu caminho...e
admiro-o tal como amo a vida...e é assim que se faz durar um amor...deixando-o
livre mas protegido na mente...
Lia
Santos
Lisboa
Pena Solta,
uma rúbrica que busca os pensamentos da alma e os cruza com experiências de
vida e vivências. Esta semana, excepcionalmente, à segunda-feira, com
assinatura de Lia Santos
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