Rede Social de Lisboa quer mudar relação com os sem-abrigo



“Ninguém pode ficar na rua mais de 24 horas”

O apoio aos sem-abrigo de Lisboa está prestes a sofrer uma “mudança de paradigma”, assente na ideia de que “ninguém pode ficar na rua mais de 24 horas”, como disse Helena Roseta, vereadora do Desenvolvimento Social da Câmara Municipal de Lisboa. A nova estratégia para esta franja da população, “que não pode ser vista como um todo”, foi ontem apresentada pela vereadora aos parceiros da Rede Social. A Autarquia pretende, desta forma, “alterar o padrão” de respostas à população de sem-abrigo da capital, diz a vereadora.

Lisboa quer dar dignidade aos sem abrigo da cidade 

A Rede é composta pela autarquia, pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e pelo Centro Distrital da Segurança Social de Lisboa, e foi criada em 2006 com o intuito de “erradicar ou atenuar a pobreza e a exclusão social e promover o desenvolvimento social”. É neste âmbito, e ao abrigo da “Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas Sem Abrigo”, lançada em 2009, que a troika da capital põe a tónica da acção numa articulação dos recursos humanos e infra-estruturas existentes para optimizar o apoio a esta franja da sociedade.
Do projecto pretende-se que venham a fazer parte as cerca de 200 instituições que, na capital, trabalham com os sem-abrigo. “Queremos evitar a sobreposição de apoios. A realidade actual não permite que cada um tenha o seu espaço de actuação, as pessoas a quem presta auxílio. É preciso coordenar esforços”, diz a vereadora da capital. Uma coordenação que passa também pela uniformização do registo de cidadãos sem abrigo numa base de dados única – actualmente, estima-se que haja entre 700 e 800 pessoas nesta situação.

Encontrar novas soluções
 E porque “tem de haver sempre uma pessoa que responda às situações de emergência”, a Rede Social vai criar um gabinete que funcionará em permanência, “para detectar novos casos e fazer com que o tempo de resposta não passe de algumas horas”. Nesta unidade de atendimento vão estar psicólogos e técnicos, mas o local onde vai funcionar está ainda “a ser estudado”.
Lisboa não quer ninguém a dormir na rua 



Outra novidade é o “gestor de caso”, um cargo a ser desempenhado pelos técnicos das instituições já a operar no terreno, e que, na prática, estará disponível para “acompanhar cada situação, saber o que pode ser feito, ou simplesmente motivar”. Cada técnico deverá ter a seu cargo um máximo de dez pessoas.





O fim das refeições na rua
A Rede Social pretende ainda acabar com a distribuição de refeições na rua, “pela falta de dignidade” desta solução. Para isso está em curso, em fase de experiência, a utilização da cantina da autarquia em Alcântara, onde diariamente são já servidos jantares. Pretende-se que a experiência venha a ser alargada a outros pontos da cidade com maior concentração de sem-abrigo.
Dar um tecto individualizado aos sem-abrigo que pretendam sair da rua é mais um objectivo. Uma medida complexa, que tem no projecto Casas Primeiro a sua génese. Este projecto global será implementado “à medida que se for conseguindo”, diz ainda.

Agência de Notícias 

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