CGTP e UGT
atacam políticas do Governo
Nas concentrações que convocaram para Lisboa, as duas centrais sindicais
portuguesas deixaram críticas ao Governo. A UGT acusou o Executivo de Pedro
Passos Coelho de “só se preocupar com a austeridade”, enquanto a CGTP
responsabilizou “os Governos das últimas décadas” pela situação económica do
país. Esta central sindical criticou ainda a "arrogância de alguns patrões
que pretendem voltar aos tempos de Salazar e Caetano".
Milhares insurgiram-se contra as políticas do governo |
Dois sonoros assobios, um ao Presidente
da República, Cavaco Silva, e outro ao ministro das Finanças, Vítor Gaspar,
foram os momentos altos do comício com o qual terminou na passada terça-feira, na Alameda Afonso
Henriques, em Lisboa, a manifestação do 1º de Maio. No desfile, que reuniu
muitos milhares de pessoas e que concluiu com uma concentração que encheu a
área da Alameda compreendida entre a Fonte Luminosa e a Avenida Almirante Reis,
foram vivamente criticadas as políticas do Governo. “Eles têm medo que o povo perca
o medo”, disse o secretário-geral da central, Arménio Carlos.
“Os trabalhadores não são peças descartáveis para usar e deitar fora. São homens, mulheres e jovens que exigem ser respeitados”, salientou o líder da Intersindical. A esta radiografia do momento presente, o dirigente da CGTP contrapôs outra política: “Os direitos laborais e sociais têm de se constituir em objectivos da política económica e, assim constituídos, são motor de maior desenvolvimento”. De alguma forma, no trajecto do Martim Moniz à Alameda, a reivindicação de um novo rumo foi proclamada, mesmo gritada.
“Assim não vai dar, sempre os mesmos a pagar”, era uma das 26 palavras de ordem definidas pela CGTP para o 1º de Maio de 2012. Um Dia do Trabalhador comemorado depois da intervenção da troika e da aplicação de consecutivas medidas de austeridade. “Sinto uma grande revolta, estou muito revoltada, a minha reforma não chega aos 50 contos”, diz uma antiga metalúrgica de 72 anos, dos Cabos Ávila, que prefere o anonimato: “Não digo o meu nome, não lho digo”. Ao seu lado, junto à estátua da Praça do Chile, uma amiga, também idosa, concretiza os lamentos: “Nem dinheiro tenho para uma dentadura”.
“Os trabalhadores não são peças descartáveis para usar e deitar fora. São homens, mulheres e jovens que exigem ser respeitados”, salientou o líder da Intersindical. A esta radiografia do momento presente, o dirigente da CGTP contrapôs outra política: “Os direitos laborais e sociais têm de se constituir em objectivos da política económica e, assim constituídos, são motor de maior desenvolvimento”. De alguma forma, no trajecto do Martim Moniz à Alameda, a reivindicação de um novo rumo foi proclamada, mesmo gritada.
“Assim não vai dar, sempre os mesmos a pagar”, era uma das 26 palavras de ordem definidas pela CGTP para o 1º de Maio de 2012. Um Dia do Trabalhador comemorado depois da intervenção da troika e da aplicação de consecutivas medidas de austeridade. “Sinto uma grande revolta, estou muito revoltada, a minha reforma não chega aos 50 contos”, diz uma antiga metalúrgica de 72 anos, dos Cabos Ávila, que prefere o anonimato: “Não digo o meu nome, não lho digo”. Ao seu lado, junto à estátua da Praça do Chile, uma amiga, também idosa, concretiza os lamentos: “Nem dinheiro tenho para uma dentadura”.
Cavaco e Gaspar assobiados
Precariedade e Austeridade estiveram de boca em boca |
O discurso de Arménio Carlos veio de encontro a este sentimento, um ano depois de Portugal ter pedido ajuda financeira. “Temos um ministro das Finanças que agora acumula a pasta da propaganda e pretende transformar aquela que era a sua verdade absoluta de ontem na mentira de hoje”. A assistência apupou a referência a Vitor Gaspar e relembrou, entre não poucos insultos, a mais recente data avançada para a reposição na totalidade dos subsídios aos funcionários públicos e reformados: 2018. Por isso aplaudiu com intensidade a “bucha” do secretário-geral da Intersindical. “Estão cá a mais estes políticos”.
“Um Presidente da República que em vez de falar dos problemas reais dos portugueses dá cobertura a uma política que despede os pais e nega emprego aos filhos”, acusou o sindicalista. Ao Presidente foi mesmo destinada a mais sonora e prolongada vaia da tarde. “É a política do retrocesso”, sintetizou Arménio Carlos. “E ainda o Cavaco diz que a reforma não lhe chega”, desabafara, minutos antes, a antiga metalúrgica.
Austeridade criticada pela UGT
Gigantones e grupos de bombos animaram o desfile de 1º de Maio da UGT em Lisboa. Foram exigidas políticas activas de emprego ao Governo, acusado de só se preocupar com a austeridade.
Pouco passava das 15 horas quando a manifestação do 1º de Maio promovida pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) começou a descer a avenida da Liberdade, em Lisboa. À cabeça seguiam os principais dirigentes da central sindical, com destaque para João de Deus (presidente) e João Proença (secretário-geral).
Concentrados junto ao Marquês de Pombal, os manifestantes desceram a avenida em direcção aos Restauradores, entoando palavras de ordem e acompanhados por cabeçudos e grupos de bombos vindos de vários pontos do país que deram animação ao desfile.
Sob o lema “Mais emprego e justiça social”, as comemorações deste ano puseram a tónica na rejeição da precariedade e dos cortes salariais, e pela defesa do emprego e da solidariedade numa Europa social.
A expectativa dos dirigentes da central sindical era de uma manifestação muito forte, para a qual se esperavam 30 mil pessoas. Luís Correia, secretário-geral adjunto da UGT, dizia a edição do jornal Público que “estava mais gente do que no ano passado”, mas escusou-se a adiantar números. Em contrapartida, destacou a presença nas comemorações dos principais dirigentes dos sindicatos que integram a central sindical.
Na sua intervenção, o presidente da UGT defendeu a assinatura do acordo em sede de concertação social, considerando que “é melhor do que o acordo com a Troika, em especial na área do mercado de trabalho”. No entanto, João de Deus teceu críticas ao Governo, acusado de “negligenciar” as políticas e medidas de crescimento económico: “O Governo tem de arrepiar caminho e iniciar a discussão sobre as políticas activas de emprego.”
João Proença, por seu turno, acusou o Governo de só “se preocupar com a austeridade” e lembrou que “as dificuldades financeiras não podem fazer esquecer as dificuldades económicas e sociais”.
Para o secretário-geral da UGT, chegou a hora de iniciar o combate ao desemprego, entendido como a “prioridade das políticas públicas”: “Queremos num ciclo virtuoso de crescimento e de emprego.”
Depois de lembrar que a força da UGT reside na sua independência e unidade, assegurou que os sindicatos “estão preparados para a defesa dos trabalhadores e do país”, no âmbito de uma “União Europeia diferente, que tem de ser um motor do desenvolvimento económico e social”.
Agência de Notícias
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