Medida é proposta pelas Águas de Portugal
A fatura da água deverá ser igual para todo o país e custar entre 2,5 a três euros por metro cúbico, depois da harmonização tarifária em curso, revelou esta quarta-feira, Manuel Frexes, administrador da Águas de Portugal. O homem que manda nas águas nacionais, diz que há municípios a cobrar abaixo do valor real e “todos os municípios têm de participar no esforço nacional”. Nas autarquias de Setúbal, onde a água tem valores inferiores à media nacional, o preço da água deve subir em 2013.
Preço da água muda em 2013 e torna-se igual em todo o país |
O processo a aplicar a partir de 2013 prevê a fusão de empresas do grupo Águas de Portugal (AdP) e vai fazer com que o preço da água seja gradualmente igual em todo o território, esteja o cliente numa grande cidade ou numa pequena aldeia.
A estratégia prevê "períodos de convergência" de alguns anos para os casos em que sejam necessárias maiores correções, para que "não haja subidas drásticas de preços", destacou à Agência Lusa o administrador da Águas de Portugal.
Segundo Manuel Frexes, "é muito importante ter em conta a situação das famílias. Nada invalida que continue a haver políticas sociais para as famílias mais carenciadas".
O valor entre 2,5 a 3 euros permite respeitar "recomendações nacionais e europeias", segundo as quais "a fatura da água, como bem essencial, não deve ultrapassar dois a três por cento do rendimento das famílias", justificou à Lusa.
O objetivo das contas é que "a fatura de uma família de quatro pessoas, com um consumo médio de 10 metros cúbicos por mês, não supere os 25 euros com tudo incluído" - sendo admitidas oscilações territoriais "de 10 a 15 por cento", sobretudo na fase inicial.
"As pessoas podem gastar o que quiserem no telemóvel, e gastam muito mais que isso, ou gastar mais noutros produtos, como a eletricidade, mas queremos que a água continue a ter um preço económica e socialmente sustentável", considerou o administrador da AdP.
Há municípios a cobrar abaixo do preço real
Manuel Frexes alertou para a necessidade de harmonização e exemplificou com o facto de haver municípios "que ainda nem cobram taxas de saneamento", para ilustrar os contrastes entre operadores.
De uma forma geral, os municípios e outras entidades que tratam das águas "cobram os serviços abaixo do preço real", fazendo com que o setor "tenha um défice estimado de 600 milhões de euros por ano" - 10 por cento do qual da AdP, cabendo o restante a todas as outras entidades, nomeadamente autarquias.
Dado o défice, o preço médio da água pode aumentar, mas Manuel Frexes prefere falar de "um caminho de dois sentidos", contrapondo com uma "redução de custos" graças à fusão e racionalização das estruturas do grupo AdP.
Para alcançar a harmonização dos tarifários será feita uma "verticalização" do setor, ou seja, além de fornecer os depósitos (abastecimento em alta), a AdP pretende estabelecer parcerias com os municípios na entrega da água até às torneiras (abastecimento em baixa).
Segundo o administrador da AdP, os contatos com os municípios que ainda gerem a água "em baixa" já o levaram a percorrer todo o país, mas as conversas "ainda decorrem".
Manuel Frexes reconheceu que "cada município é livre de escolher o seu caminho", mas mesmo aqueles que optem por ter sistemas de água autónomos, "terão que participar no esforço nacional", por exemplo, através de um "fundo tarifário".
Agência de Notícias
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