Castelo
Num reinado feito de reis e rainhas, onde a
inocência de uma pequena criança faz reviver memórias de menina, de sonhos
(i)reais. Sorrio apenas e mergulho no mar, nas ondas flutuar e deixar-me levar.
Fito o céu, num azul-bebé pastel, recolho e
analiso todos os pormenores que nele existem, o sol acompanha com o seu calor
acolhedor. A luz que transmite, faz reluzir nas brumas do igualmente azul do
mar.
Sentada na beira do mar e entre a frescura da
água cristalina, ao som das pequenas ondas, há uma melodia que toca suavemente.
À direita, a Serra da Arrábida nunca me
pareceu tão perfeita como agora, observando com olhos de ver, tem magia por
detrás daqueles rochedos misteriosos. Mas afinal o que vêm realmente os meus
olhos?
Mesmo a pouca distância de mim, uma criança
dos seus cinco anos, constrói afincadamente um castelo de areia, delicia-se com
todos aqueles grãos finos molhados e com sabor a sal. Uma onda mais agitada,
faz cair parte do seu pequeno projecto a castelo de reis e rainhas de um digno
conto de fadas. Tenta novamente erguer, decorando por fim com pequenas conchas
que eu própria ajudei a encontrar. Por fim, a satisfação não podia ser melhor,
enquanto observo a criatividade daquele menino, loiro de pele branca e de uma
agilidade fantástica, grita feliz: “ Mamã! Olha o meu castelo! Vem ver,
olha!”
Sorrio apenas. Fez-me recordar quando também
assim o fui, criei mil sonhos em pequenos grãos de areia, criei histórias de
princesa que procura o seu verdadeiro amor. Volto a sorrir com aquela recordação
que ficou mais vincada quando volto a desviar o olhar fixado novamente no mar. Agora
penso apenas, os anos passaram, castelos de areia constroem-se e destroem-se
num segundo, existe ainda a inocência de que existem contos de fadas nos tempos
de hoje, cada vez mais longe de existir. A veia de sonhadora diz-me que sim. Viajar
em pequenos gestos de ternura, vestir de nu todo o tempo de viver um verdadeiro
amor. Correr descalça sem medo de cair e de me magoar.
Poder regressar à torre do castelo e sentir o
cabelo na cara, sentir o fresco da noite e olhar a lua, testemunha desse amor.
Contos são isso mesmo, contos irreais com
forma de medo de descobrir a sua verdadeira razão.
Os meus olhos dizem isso mesmo, que no meu
pequeno mundo, há um grande lugar de amar. Um grande espaço de fechar os olhos
e ver o que o coração tem para me mostrar, é ele que melhor que qualquer
palavra saberá responder e ser responsável por todos estes contos tornados em
sonhos de menina. Hoje mulher e menina, acredito que cada castelo feito de
simples e delicada areia fina, se poderão tornar em verdadeiras muralhas de
verdadeiros amores. Torná-lo sólido sem nunca cair.
Alexandra
Lopes
Setúbal
www.alexandralopes.blog.pt
[Em cada um de nós existe uma lagarta feia... que nasce sempre uma linda borboleta... recomeçar nem sempre foi fácil. Todas as terças-feiras, Alexandra Lopes faz-nos a pergunta: Onde a imaginação me leva? Certamente… a tantos lugares]
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