(Re)Começar
Se houver um mar azul sem fim, que me
abrace e se guarde dentro de mim. Que me deixe bem dentro de si e não me
leve de volta à superfície.
O
rebentar das ondas do mar, chegam até aos meus pés, à minha volta existe um
areal enorme, onde não se juntam multidões de gente aos gritos. Onde não há o
stress do dia-a-dia, o cansaço comum de tantos dias iguais, ali não existe. São
tantos os pensamentos que me empurram para dentro de um mundo feito apenas só
para mim. O mar quer enrolar-me nos seus braços, quer sugar-me, recuo um passo.
O corpo está cansado, saturado dos mesmos actos diários, a mente está demasiado
preenchida por fantasmas que insistentemente vêm de mansinho atordoar e
deixar-me irrequieta, ansiosa pelo dia de amanhã.
Mas
hoje não, hoje não quero viver cansada. Hoje quero )começar tudo de novo. Hoje
preciso desta paz, preciso que a água salgada me leve todos suspiros
tenebrosos, hoje quero sentir-me menos ansiosa…Avanço dois passos na direcção
do mar. E num impulso corro para dentro do mar, deixo-me levar nas ondas, vou e
volto, mergulho um sem número de vezes.
Num
gesto de raiva, liberto toda a agitação interior que existe dentro de mim.
Mergulho e deixo-me ficar envolvida no mar e nesse instante só consigo ter um
único pensamento, e libertando pequenas quantidades de ar, vou-me deixando
ficar dentro do mar, esbracejando a liberdade que me limpa a alma. Sei que
quando subir à superfície, serei levada na rebentação de mais uma onda…onde
tudo visto do lado de fora é tudo igual…encherei novamente os pulmões e
quererei mergulhar mais uma vez e fugir do real mundo de que não poderei
evitar.
Quero
ver e sentir a tranquilidade do interior do coração. Ele qua outrora anda
agitado, bate desalmadamente como quem quer rebentar. Cansado, de um pulsar acelerado.
Chego
por fim à margem, agora muito mais serena, aquele som relaxa todos os meus
sentidos. Deixei todas as más energias dentro daquele mar, azul sem fim. Mas
comigo trouxe o sentido mais importante, guardado bem dentro do meu peito,
porque daqui não será arrancado.
Poderei
estar insegura quanto ao que me reserva o mundo agitado, visto do lado de fora
do mar, mas quanto a este meu pulsar involuntário, tenho a certeza, não o vou
perder.
Alexandra
Lopes
Setúbal
www.alexandralopes.blog.pt
[Em cada um de nós existe uma lagarta feia... que nasce sempre uma linda borboleta... recomeçar nem sempre foi fácil. Todas as terças-feiras, Alexandra Lopes faz-nos a pergunta: Onde a imaginação me leva? Certamente… a tantos lugares]
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[Em cada um de nós existe uma lagarta feia... que nasce sempre uma linda borboleta... recomeçar nem sempre foi fácil. Todas as terças-feiras, Alexandra Lopes faz-nos a pergunta: Onde a imaginação me leva? Certamente… a tantos lugares]
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