Relatório “apenas avaliou uma parte da questão”
O presidente do Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta (HGO) garante que a unidade de Almada “tem capacidade para atender todas as pessoas” que chegam às urgências. O problema, diz Daniel Ferro, está na rede de cuidados de saúde que “não está bem organizada”, o que obriga a que alguns doentes sejam atendidos em Lisboa.
Almada continuará com urgência polivalente |
Mesmo assim, isto só acontece com 0,5 por
cento dos utentes da área de influência do hospital de Almada que abrange toda
a península de Setúbal, cerca de 800 mil pessoas. “Numa urgência com as
características do HGO a capacidade de retenção não pode estar abaixo dos 95
por cento. A nossa é de 99,5 por cento”, o presidente do Conselho de Administração do Hospital de Almada.
Por isso Daniel Ferro não ficou
surpreendido quando o ministro Paulo Macedo garantiu na Comissão Parlamentar de
Saúde que a urgência do HGO não será despromovida. Ou seja, vai manter-se como
urgência polivalente. Aliás, “o senhor ministro já me tinha informado
pessoalmente desta decisão”, revela o presidente do conselho de administração.
O anúncio público do ministro “vem confirmar que não havia intenção política de
desqualificar a urgência do hospital”, acrescenta.
Relatório diz o contrário
Esta decisão de Paulo Macedo vem
contrariar o relatório da Comissão de Reavaliação da Rede Nacional de
Emergência e Urgência, divulgado na semana passada, que sugeria a reorganização
da urgência polivalente do HGO passando-a para urgência médico-cirúrgica. E o
mesmo estava previsto para os hospitais de Gaia e Évora que, segundo o ministro,
também mantém as urgências polivalentes.
“Não compreendemos este estudo”, afirma
Daniel Ferro, “apenas avaliou uma parte da questão”. Na sua opinião, caso este
produzisse efeito, “seria um recuo de mais de 20 anos nas políticas de saúde”,
uma vez que o hospital de Almada foi construído precisamente para evitar que as
pessoas da margem sul tivessem de se deslocar às urgências dos hospitais de
Lisboa.
Por outro lado, seria “uma frustração para
os profissionais” do HGO. Os cerca de 200 internos “têm o objectivo de serem
cada vez mais diferenciados”. E a nível profissional “são ambiciosos”, daí
também a importância de exercerem numa unidade que assume a exigência de uma
urgência polivalente.
Agora Paulo Macedo terá vindo sossegar um
sentimento de insegurança que a desqualificação das urgências iria acarretar. Ou
será que não?
Agência de
Notícias
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