Passos e Portas e a “economia de miséria”
Com a certeza de estar a ser feito “um descarado roubo” de salários aos trabalhadores e reformados portugueses, Jerónimo de Sousa apelou à luta no comício da 36ª edição da Festa do Avante, realizado neste domingo, 9 de Setembro. Após o arranque da tradicional festa comunista ter coincidido com o anúncio de mais medidas de austeridade para 2013 pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o líder do Partido Comunista Português (PCP) fez o discurso da rentrée comunista condenando a existência de mais austeridade.
Jerónimo de Sousa deixou criticas duras ao Governo na Festa do Avante |
O largo do Palco 25 de Abril da Quinta da Atalaia, na Amora, Seixal, encheu-se de apoiantes e simpatizantes para ouvir as críticas a “uma situação de brutal retrocesso do país em todos os domínios”. Saudando professores, artistas, pequenos e médios agricultores, entre os “mais de 1 milhão e 300 mil desempregados” de todo o país, Jerónimo de Sousa afirmou que “temos o país no fundo, défice por resolver e dívida a aumentar 6,6 mil milhões de euros”. “Foi muito justa e oportuna a Moção de Censura apresentada na Assembleia da República pelo PCP”, recordou.
Admitindo não terem sido dados ouvidos aos comunistas, o secretário-geral do PCP recusa que Passos Coelho tenha anunciado “um golpe inqualificável” com a “perpetuação do roubo de dois salários para os trabalhadores da administração pública e para os reformados e de um salário para o setor privado”. “[Este é] um saque que se estima em cerca de 4 mil milhões de euros, parte significativa dos quais vai diretamente ser arrecadada pelas empresas”, criticou, assumindo que o PCP vai propor a reposição do que está a ser retirado.
Luta marcada para 1 de Outubro
“Gatuno” foi a palavra de ordem ouvida da parte de quem esteve no comício em críticas ao primeiro-ministro, reação face à qual Jerónimo de Sousa afirmou terem os trabalhadores “razão para manifestarem a sua indignação e a sua revolta”. O líder comunista apelou, nesse sentido, à participação de todos na jornada de luta nacional convocada pela CGTP-IN para o dia 1 de Outubro, em protesto contra o atual Governo.
Em defesa do aumento da produção nacional e não “da redução drástica das condições de vida do povo”, Jerónimo de Sousa criticou a “a aposta do governo de Passos e Portas” assente numa “economia de miséria” que leva, cada vez mais, ao “empobrecimento do país”. O líder comunista recordou ainda, porém, que “o ataque à soberania nacional e aos interesses nacionais está igualmente bem patente em matéria de política europeia”.
Dinheiro entregue à banca chegaria para relançar economia
Avante trouxe muita música portuguesa ao Seixal em três dias |
“A concretização de uma alternativa á política de direita não é apenas uma necessidade que se tornou urgente e inadiável para salvar o país da catástrofe iminente, mas uma possibilidade que a luta pode tornar uma realidade”, frisou. “Saiba o povo a força que tem e, quando quiser, saberá levar Portugal a um rumo diferente”, acrescentou o líder comunista.
Em defesa de uma “política de recuperação da dignidade nacional e de respeito pela dignidade dos trabalhadores e do povo” defendida pelo PCP, Jerónimo de Sousa apontou a importância deste novo rumo ser traçado com a imediata renegociação da dívida pública. “Os 6 mil milhões de dinheiros públicos entregues à banca para sua recapitalização, chegariam para adquirir o capital social de toda a banca comercial”.
Para além do secretário-geral do PCP, que encerrou a iniciativa, também usaram da palavra Miguel Violante, da Comissão Política da Direção Nacional da JCP, e José Casanova, membro do Comité Central e diretor do jornal Avante!. À semelhança de Jerónimo de Sousa, ambos os responsáveis comunistas assumiram que os dias que correm são tempo da “intensificação da luta de massas”, referindo que o XIX Congresso do PCP – a realizar nos dias 29 e 30 de Novembro e 1 de Dezembro – permitirá apontar “o caminho alternativo e a forma de o concretizar”, com base nos valores de Abril.
Agência de Notícias
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