Mobilidade
não existe só esta semana
A mobilidade dentro das cidades está cada vez mais condicionada e difícil.
Ruas carregadas de trânsito, automóveis mal estacionados, excesso de
estacionamento condicionado, condutores mal-educados e mal preparados e uma
forte sensação de impunidade. As asneiras em condução são cada vez mais e mais
graves.
São frequentes os carros estacionados em fila dupla e estacionados em sentido contrário. Tudo acontece num ambiente de impunidade total. Nem se pede desculpa pelos incómodos e sustos provocados. Falta disciplina do trânsito, constata-se uma ausência total de respeito pelas regras do código e da condução.
Quanto aos autocarros, mantêm as dimensões e características que possuíam
na década de 60. Lugares sentados e lugares de pé. Geralmente têm capacidade
para um maior número de passageiros a pé do que sentados. Passados 50 anos,
evolui-se muito pouco nos transportes públicos de passageiros. Transportam-se
passageiros como de simples carga amorfa se tratasse. Muitas vezes ainda em
piores condições de acondicionamento e de segurança. Com o Governo a anunciar
um corte drástico nos transportes públicos [principalmente na grande Lisboa e
Porto] é de temer que o carro volte em força ao coração da cidade.
As ruas do interior das cidades são as mesmas que existiam na década de
setenta, não aumentaram e muitas vezes nem sequer foram adaptadas às novas
exigências. Ruas com estacionamento nos dois lados da faixa de rodagem e ainda
com duplo sentido. Muitas ruas, estão ainda organizadas para um tempo, em que
os automóveis eram ainda em número limitado.
Aumentaram-se as vias rápidas de acesso às cidades, contudo muito pouco se fez no domínio das acessibilidades e mobilidade dentro das cidades e das vilas. E até os pequenos lugares – junto às estradas nacionais e municipais – são um caos e um perigo iminente de acidente. É urgente estudar os fluxos de trânsito e criar uma circulação mais amiga dos utentes da cidade. Uma circulação mais amiga dos utentes que se desloca a pé, dos utentes que preferem as bicicletas, dos que preferem os transportes públicos e por ai em diante.
Aumentaram-se as vias rápidas de acesso às cidades, contudo muito pouco se fez no domínio das acessibilidades e mobilidade dentro das cidades e das vilas. E até os pequenos lugares – junto às estradas nacionais e municipais – são um caos e um perigo iminente de acidente. É urgente estudar os fluxos de trânsito e criar uma circulação mais amiga dos utentes da cidade. Uma circulação mais amiga dos utentes que se desloca a pé, dos utentes que preferem as bicicletas, dos que preferem os transportes públicos e por ai em diante.
A criação de uma rede de parques de estacionamento gratuito, bem
localizados, pode ajudar a desenvolver um novo conceito de mobilidade nos
centros históricos. Parques de estacionamento equipados com uma estação de
serviço, restaurante, parque infantil, cabeleireiro, centro de reparações, com
boa iluminação e limpeza e devidamente policiado. Uma boa ligação ao centro da
cidade por uma rede de pequenos autocarros de transporte público e de custo
simbólico, trará mais conforto e dinâmica à cidade. O sistema de bicicletas de
uso fácil motivará também mais aderentes. Não basta anunciar clicovias
que, na prática, não servem para nada.
A mobilidade é um tema que vai exigir decisões arrojadas e bem pensadas. Todos
sairemos a ganhar. Uma cidade de fácil mobilidade é mais apetecida e gera mais
conforto aos seus cidadãos e aos visitantes.
A mobilidade nas cidades é um desafio que é necessário enfrentar sem branduras.
A gestão de transportes públicos de passageiros tem de considerar os novos conceitos da era moderna. A gestão de eventos nas cidades terá de estar interligada com o sistema de transportes públicos. Todos ganharemos com as mudanças que se podem introduzir gradual e progressivamente ao nível das acessibilidades e mobilidade no centro histórico. Mas, pergunto eu – e penso que todos nós – haverá vontade política [central e local] para pensar a mobilidade dentro das localidades? Não vamos lá só com dias sem carros ou com semanas da mobilidade. O trabalho de base está todo por fazer. Haja vontade política.
A mobilidade nas cidades é um desafio que é necessário enfrentar sem branduras.
A gestão de transportes públicos de passageiros tem de considerar os novos conceitos da era moderna. A gestão de eventos nas cidades terá de estar interligada com o sistema de transportes públicos. Todos ganharemos com as mudanças que se podem introduzir gradual e progressivamente ao nível das acessibilidades e mobilidade no centro histórico. Mas, pergunto eu – e penso que todos nós – haverá vontade política [central e local] para pensar a mobilidade dentro das localidades? Não vamos lá só com dias sem carros ou com semanas da mobilidade. O trabalho de base está todo por fazer. Haja vontade política.
Miguel Macedo
Estudante de Arquitectura
Montijo
(Nós e as Cidades é uma rubrica sobre
urbanismo, reflexões, mobilidade e bem-estar, que será publicado às
terças-feiras)
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