1986 pediram este ano à Ordem dos Enfermeiros autorização para emigrar
Os 25 enfermeiros que partiram ontem de manhã para o Reino Unido deixaram Portugal com muitas lágrimas. Os jovens saem do país por falta de emprego e desiludidos com o país. Pedro Marques, um dos enfermeiro português de 22 anos, antes de partir deixou uma carta ao Presidente da República e pediu-lhe para não criar “um imposto” sobre as lágrimas e sobre a saudade, escreveu ontem o ADN. Os jovens vão ganhar dois mil euros com direito a 28 dias de férias e 8 feriados.
Enfermeiros vão trabalhar no Northampton General Hospital |
Queriam despedir-se do país com cachecóis e bandeiras de Portugal, mas apenas um dos 25 jovens enfermeiros recém-licenciados teve coragem de o fazer, antes de embarcar, ontem de manhã, para Inglaterra. Por entre abraços à família e lágrimas na hora da despedida, Pedro Marques, um dos enfermeiros qualificados que o país forma, cumpriu o que tinha prometido após enviar uma carta ao Presidente da República. Emigrou, depois do Estado gastar 21 mil euros na sua formação, e não sabe se regressa. Pedro foi apenas um dos 1986 jovens que pediram este ano à Ordem dos Enfermeiros autorização para emigrar.
O grupo de enfermeiros, das escolas do Porto, Lisboa e Coimbra, partiu da cidade invicta para o norte de Londres. Vão trabalhar no Northampton General Hospital, com contrato a tempo indeterminado, ordenado de dois mil euros e direito a 28 dias de férias e 8 feriados. Foi a única solução que viu para terem um emprego.
No total estes jovens representaram um custo de 525 mil euros para o Estado porque, segundo dados do ano passado, a formação de quatro anos de cada enfermeiro custa 21 mil euros.
Mas a aposta só parece ser reconhecida pelos outros países. A empresa irlandesa que contratou este grupo já recrutou 15 mil profissionais de saúde em Portugal. E se, em 2009, eram 609 os enfermeiros a querer emigrar, este ano foram 1986 que emigraram, com quem o Estado gastou 42 milhões de euros. "O que me custa não é emigrar, são as razões que me levam a emigrar", lembrou Mónica Assunção, uma das jovens a caminho de Inglaterra.
Jovens preferiam trabalhar em Portugal
Em entrevista à Lusa, Pedro Marques conta que vai ser enfermeiro num hospital público de Northampton, a 100 quilómetros de Londres, que vai ganhar cerca de dois mil euros por mês com condições de progressão na carreira, mas diz também que parte triste por “abandonar Portugal” e a “família”.
Em entrevista à Lusa, Pedro Marques conta que vai ser enfermeiro num hospital público de Northampton, a 100 quilómetros de Londres, que vai ganhar cerca de dois mil euros por mês com condições de progressão na carreira, mas diz também que parte triste por “abandonar Portugal” e a “família”.
Na mala, Pedro levou a bandeira de Portugal, ao pescoço levou um cachecol de Portugal e como companhia levou mais 24 amigos que emigram no mesmo dia.
Mónica Ascensão, enfermeira de 21 anos, é uma das companheiras de Pedro na viagem.
“Adoro o meu país, mas tenho de emigrar, porque não tenho outra hipótese, porque quero a minha independência, quero voar sozinha”, conta Mónica, emocionada, pedindo ao Presidente da República e aos governantes de Portugal para que “se preocupem um pouco mais com a geração que está agora a começar a trabalhar”.
“Adoraria retribuir ao meu país tudo aquilo que o país deu de bom”, diz, acrescentando que está “zangada” com os governantes, porque o “país não a quer mais”.
Mónica Ascensão, enfermeira de 21 anos, é uma das companheiras de Pedro na viagem.
“Adoro o meu país, mas tenho de emigrar, porque não tenho outra hipótese, porque quero a minha independência, quero voar sozinha”, conta Mónica, emocionada, pedindo ao Presidente da República e aos governantes de Portugal para que “se preocupem um pouco mais com a geração que está agora a começar a trabalhar”.
“Adoraria retribuir ao meu país tudo aquilo que o país deu de bom”, diz, acrescentando que está “zangada” com os governantes, porque o “país não a quer mais”.
Agência de Notícias
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