A crise na Comunicação Social


“Estamos a caminhar para a erosão da democracia"

"Esta situação já existe há muito tempo. Estávamos ligados à máquina e nunca percebemos. Ainda que brutal, a crise nos media não é de agora, nem é inesperada". É sem surpresa que José Manuel Barroso, ex-administrador da Lusa, olha para o momento conturbado que se vive na indústria, numa altura em que a Agência Lusa e o Público protagonizaram paralisações, que o futuro da RTP continua incerto, a que se juntam alguns despedimentos no grupo Impresa  e a venda [se bem que ainda sem confirmação oficial] dos jornais Diário de Notícias, Jornal de Notícias, O Jogo e a TSF (Rádio) a um grupo angolano que ninguém sabe qual é.


Crise preocupa sector da Comunicação Social 
Profissionais da comunicação disseram, num debate na Casa da Imprensa, que os media não souberam estar alerta para os sinais. "Os media tornaram-se moda. Cursos encheram-se de pessoas e claro que o mercado de trabalho não teve capacidade", acrescentou José Manuel Barroso.
"Existe um grande risco de chegarmos à ideia de que o jornalismo não é necessário, muito pelo desinvestimento nas redações. Estamos a caminhar para a erosão da democracia", frisou Jorge Wemans, ex-diretor da RTP2.
Adelino Gomes, jornalista e investigador, adianta que a solução pode estar na diferenciação editorial. "A crítica, a opinião, a reportagem, a investigação que acrescente algo à informação que todos têm, é uma obrigação. Se for trabalhado diariamente, as vendas aumentam com certeza".
Mas não só. Também é fulcral uma adaptação eficaz às novas tecnologias. "A Net tem uma linguagem própria. Temos que aprendê-la, não basta despejar para lá os conteúdos da versão em papel", acrescentou Adelino Gomes.
Ricardo Alexandre, jornalista da Antena 1, sugeriu a criação de "pequenas estruturas ou cooperativas que possam abraçar jornalistas com talento, que estão desempregados e querem trabalhar".

Agência de Notícias 

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