Abusos sexuais a menores em Portugal


1600 casos de abusos sexuais a menores investigados

A Polícia Judiciária investigou em 2011 mais de 1.600 casos de abusos sexuais a crianças e jovens em Portugal, um número que o diretor do Laboratório de Polícia Científica diz não estar dissociado da maior intolerância social ao fenómeno.

Há mais de 1600 investigações por abuso sexual
"A sociedade hoje não se conforma e não aceita de todo situações que ponham em causa o direito da autodeterminação sexual das crianças. Enquanto no passado, não só em Portugal como no mundo, havia tolerância", afirmou à Lusa Carlos Farinha à margem de um congresso sobre Crimes Sexuais que decorreu ontem em Gondomar.
E se em 2011 foram investigados 1661 casos, segundo dados anunciados pelo agente da PJ, em 2000 o valor ficou-se pelos 129 processos.
O dirigente assinalou porém que "estes números são acompanhados da alteração de circunstâncias", lembrando que "no ano 2000 a PJ não tinha toda a competência investigatória como agora tem".
A explicar este aumento de casos investigados estão ainda "as alterações legais", sendo que "hoje em dia há mais condutas que constituem crime do que havia há alguns anos, donde haverá naturalmente mais intervenientes".
"Não se pode dissociar a tendência dos números deste conjunto de circunstâncias.
Se não corremos o risco de achar que o fenómeno está a aumentar quando o que está a aumentar é a visibilidade que temos do fenómeno", frisou.
"À intolerância social junta-se o facto de desde 2007 os crimes sexuais contra menores de 18 anos passaram a ser de natureza pública por regra, pelo que "enquanto anteriormente era obrigatória a queixa, embora pudesse haver exceções, agora a regra é que há sempre processo".

PJ quer meios de investigação mais fácies para as crianças
Ainda sobre o crime sexual a menores, Carlos Farinha destacou as dificuldades investigatórias do processo e a necessidade de estruturar e sistematizar as gravações para memória futura.
"Devia evoluir-se não apenas para declarações para memória futura mas para a gravação de todos os depoimentos que a criança faz. A informação que ela presta deveria circular entre quem tem legitimidade a aceder a ela, sem estarmos a repetir a obtenção desse depoimento", referiu.
Defendeu ainda a realização de "um depoimento com uma câmara fixa, com uma câmara que abrangesse o espaço onde ele está a ser prestado e que fixasse as perguntas e não apenas as respostas, para verificar se elas não estão a ser sugeridas, se a espontaneidade da resposta é ou não clara".
De acordo com os dados revelados, a maioria dos presumíveis agressores sexuais são homens e têm idades compreendidas entre os 21 e os 40 anos mas são cada vez mais os casos perpetrados por maiores de 70.

Agência de Notícias 

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