Filmes na língua original e outros cortes em agenda
A Cinemateca Portuguesa suspendeu ontem, por tempo indeterminado, o sistema de legendagem eletrónica dos filmes que exibe, por causa das medidas de controlo orçamental, e poderá haverá mais cortes, revelou à Lusa a diretora, Maria João Seixas.
Falta de verba obriga Cinemateca a cortar legendas dos filmes |
A decisão implicará a exibição de filmes estrangeiros na língua original, nomeadamente o ciclo dedicado ao realizador Lisandro Alonso ou, por exemplo, as produções italianas de Marco Bellochio, Vittorio Cottafavi e Pasolini, previstas para este mês.
A legendagem em português só será acrescentada caso o Ministério das Finanças autorize e comunique a contratação do serviço “em tempo útil”, refere a Cinemateca.
“A nossa função é dar a ver a história do cinema de todo o mundo e isso está em risco. Está tudo muito confuso. Vamos tentar em primeiro lugar lesar o menos possível os espetadores da Cinemateca e os investigadores”, disse Maria João Seixas.
Em causa, explicou a diretora da Cinemateca, está um despacho do Ministério das Finanças, de 12 de Setembro, com medidas de controlo orçamental que afetam o organismo.
Maria João Seixas referiu que na programação de Outubro estará afetada a legendagem dos filmes, mas o programa mensal do organismo está em risco até ao final do ano.
“Haverá mais talhadas, seguramente, e é espectável que haja uma quebra de espectadores”, disse Maria João Seixas, referindo-se a outras medidas que deverão afetar o funcionamento da Cinemateca e a programação.
Um contexto difícil
No final de Setembro, o subdiretor da Cinemateca, José Manuel Costa, tinha alertado para o "momento difícil" que o organismo está a viver, devido às restrições orçamentais.
“A Cinemateca está novamente a viver um contexto difícil. Estamos muito preocupados e a tentar lidar com a situação, para evitar que não afete o funcionamento nos próximos tempos”, disse o responsável durante a apresentação do festival DocLisboa, do qual a instituição é parceira.
“O melhor termo para definir este último trimestre é ‘embaraçoso’, por falta de respostas e decisões no que toca à Cinemateca”, disse Maria João Seixas, referindo-se às questões e pedidos colocados pela instituição ao Ministério das Finanças.
No âmbito da recente reestruturação das entidades públicas empresariais da área da cultura, a Cinemateca foi incluída no novo Agrupamento Complementar de Empresas, que passou a ser denominado GESCULT - Serviços Partilhados da Cultura.
O GESCULT reúne a Cinemateca, a Companhia Nacional de Bailado e os teatros nacionais D. Maria II e São Carlos, em Lisboa, e o São João, no Porto.
A lei orgânica do GESCULT entrou em vigor a 1 de Outubro, mas a reestruturação não surtiu ainda efeitos imediatos, pelo menos no caso da Cinemateca, porque não houve ainda nomeações para cargos diretivos, explicou Maria João Seixas.
Agência de Notícias
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