Crise do sector automóvel acentua-se na Europa


Autoeuropa não atinge objectivos e aumenta dias de paragem até Novembro

A crise no sector automóvel intensa-se cá dentro,  na Autoeuropa, e também na Europa. Por cá, o maior fabricante do país alarga para 33 dias a paragem de produção até Novembro. A administração da  Fábrica já disse publicamente que não “coloca de parte” o despedimento e, para já está a pensar transferir temporariamente trabalhadores para as fábricas da Volkswagen na Alemanha, para evitar ter que despedir pessoal em Palmela. A Ford belga despede milhares e governo francês segura Peugeot... para já.


Cada vez menos carros saem da linha de montagem da Autoeuropa 

Cá dentro e lá fora o sector automóvel atravessa uma crise que se agravou em 2012 e deve manter-se em 2013. E crise significa fecho de fábricas e despedimentos em massa. Em Portugal, a Autoeuropa, o maior fabricante nacional de automóveis e uma das empresas que mais contribuem para as exportações, não está imune à situação de crise. Ainda recentemente António Chora, coordenador da comissão de trabalhadores, alertava para o facto de a empresa necessitar com urgência de começar a produzir um novo modelo. Agora percebe-se porquê. A empresa alargou os dias de paragem da produção para 33 até Novembro e muito provavelmente não irá conseguir produzir os 143 mil automóveis previstos para 2012. Segundo o “Diário Económico”, a empresa pára hoje e amanhã e volta a suspender a produção nos dias 2, 9, 14, 15, 16 e 23 de Novembro.
A Autoeuropa está a pensar transferir temporariamente trabalhadores para as fábricas da Volkswagen na Alemanha, para evitar ter que despedir pessoal em Palmela. A ideia resultou de um workshop entre a Comissão de Trabalhadores (CT), administração da empresa e representantes da casa-mãe na Alemanha, para fazer face à queda da produção que inevitavelmente irá acontecer no próximo ano, avançou o coordenador da CT, António Chora, de acordo com o Jornal de Notícias/Dinheiro Vivo.
Os trabalhadores já começaram a ser consultados à cerca da eventual disponibilidade para irem trabalhar para a Alemanha por um período de tempo ainda não definido, mas que poderá ser de um ano. À partida, a aceitação parece ser boa, mas as condições ainda não foram discutidas. "Por enquanto é apenas uma possibilidade que está a ser estudada e os trabalhadores estão a ser auscultados, mas ainda não há nada de concreto", esclareceu António Chora.

Ford fecha na Bélgica e deixa 4300 pessoas sem emprego
A Ford confirmou ontem que irá fechar as portas da fábrica na Bélgica em 2014, o que irá provocar o despedimento de 4300 trabalhadores, segundo a BBC. Stephen Odell, CEO da Ford Europa, explica que “a proposta de reestruturação das operações de fabrico na Europa é uma parte fundamental do plano para fortalecer o negócio da Ford na Europa”, citado pela Sky News. Segundo a imprensa espanhola, a Ford pretende deslocalizar a produção para uma das suas unidades em Espanha.
A fábrica que a Ford pretende encerrar situa-se em Genk, na Bélgica, e é responsável pelo fabrico dos modelos Mondeo e S-MAX. Os modelos até então produzidos nessa unidade passarão a ser fabricados na unidade espanhola de Valência, explicou o sindicato citado pela BBC.
A Ford [que foi uma das fundadoras da Autoeuropa, em Palmela] emprega cerca de 15 mil trabalhadores na Bélgica, na Alemanha, em Espanha e no Reino Unido. A quebra da procura no mercado automóvel levou a empresa a comunicar que os resultados este ano poderiam sofrer perdas na ordem dos mil milhões de dólares (cerca de 1,6 milhões de euros). As vendas caíram cerca de 10 por cento no primeiro semestre de 2012, para o nível mais baixo em 17 anos.

François Hollande segura Peugeot
Em França, o governo de François Hollande vai conceder garantias de 7 mil milhões de euros à PSA Peugeot Citroën para que a unidade bancária do grupo automóvel possa financiar-se a custos razoáveis e fazer frente ao aumento da sua dívida. De acordo com os novos dados, o passivo deverá aumentar mais 20 por cento  que o inicialmente previsto.
O apoio estatal vai permitir à Banque PSA Finance emitir nova dívida e, em contrapartida, o governo francês e os trabalhadores vão passar a ter representantes no conselho de administração desta entidade, de acordo com o administrador financeiro da instituição, citado pela Bloomberg. Esta ajuda governamental irá impedir a eliminação de 8 mil postos de trabalho anunciados em Julho e o encerramento de uma fábrica localizada perto de Paris. No âmbito do seu plano de reestruturação, a Peugeot vendeu activos e aumentou o seu capital em mil milhões de euros.

Agência de Notícias 

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