Emigração para evitar despedimentos na Autoeuropa

Administração e Comissão de Trabalhadores lutam para não despedir ninguém

A comissão de trabalhadores da Autoeuropa entrou em negociações com a administração da empresa para definir as medidas a tomar em 2013 de forma a salvaguardar os postos de trabalho, devido às oscilações no mercado automóvel internacional, que provocou uma quebra produtiva na fábrica de Palmela de 11,8 por cento nos primeiro nove meses de 2012, face a igual período do ano transato. António Chora, coordenador da comissão de trabalhadores da unidade fabril, admite que a resposta à queda na produção pode passar pela redução de viaturas produzidas diariamente, mas “a solução mais desejada seria a entrada de um novo modelo automóvel nas linhas de montagem da fábrica”. Outra das soluções apontadas é mandar alguns trabalhadores para a fábrica na Alemanha durante um ano.

Autoeuropa pode mandar trabalhadores para a Alemanha 

Comissão de Trabalhadores e Administração da empresa estão a estudar medidas para fazer face à quebra de produção. Trabalhadores admitem passar um ano na Alemanha para manter posto de trabalho.
A Autoeuropa está a pensar transferir temporariamente trabalhadores para as fábricas da Volkswagen na Alemanha, para evitar ter que despedir pessoal em Palmela. A ideia resultou de um workshop entre a Comissão de Trabalhadores (CT), administração da empresa e representantes da casa-mãe na Alemanha, para fazer face à queda da produção que inevitavelmente irá acontecer no próximo ano, avançou o coordenador da CT, António Chora, de acordo com o Jornal de Notícias/Dinheiro Vivo.
Os trabalhadores já começaram a ser consultados à cerca da eventual disponibilidade para irem trabalhar para a Alemanha por um período de tempo ainda não definido, mas que poderá ser de um ano. À partida, a aceitação parece ser boa, mas as condições ainda não foram discutidas. "Por enquanto é apenas uma possibilidade que está a ser estudada e os trabalhadores estão a ser auscultados, mas ainda não há nada de concreto", esclareceu António Chora.

Trabalhadores já trabalharam na Alemanha
A ideia, aliás, não é nova. Os trabalhadores da fábrica portuguesa já estão habituados à mobilidade de mão de obra entre fábricas da Volkswagen e muitos deles já participaram dessas ações quando é necessário reforçar as equipas para aumentar a produção em determinada unidade devido ao lançamento de um novo produto, explicou ainda o coordenador da CT. Mas a solução nunca antes tinha sido utilizada para evitar despedimentos devido à falta de encomendas, que são a consequência da difícil crise que os fabricantes de automóveis, sobretudo europeus, atravessam.

Autoeuropa quer “manter todos os funcionários”
“Tanto a administração como a comissão de trabalhadores têm como objetivo comum a manutenção de todos os postos de trabalho ou do maior número possível”, afirma António Chora, que recusa a existência de qualquer tipo de desânimo na fábrica. A “política de manter todos os postos laborais” é evidenciada por Carmo Jardim, porta voz da Autoeuropa, que faz alusão às ferramentas de flexibilidade laboral, como os “down days”, que a empresa possui para contrariar as oscilações do mercado automóvel.
“A Autoeuropa tem uma equipa muito boa de operários e faz os possíveis para a manter”, diz Carmo Jardim, entregando à casa mãe da Volkswagen a responsabilidade de “manter a competitividade da empresa em Portugal”. “É necessário que, quando houver uma tomada de decisões por parte da casa mãe, os melhores interesses da Autoeuropa sejam levados em conta”, acrescenta a porta voz da fabrica de Palmela.

Fabrica está a produzir 625 carros por dia
Com capacidade para produzir de 800 a 900 veículos por dia, em três turnos de laboração, a fábrica da Autoeuropa está agora a produzir em média apenas cerca de 625 carros por dia. E isto porque tem recorrido ao lay-off. Até ao final de Novembro, estas paragens da produção já representam mais de um mês. "Até agora já foram realizados ao longo deste ano 25 dias de lay-off e estão marcados mais oito dias de paragem da produção até ao final de novembro", salientou António Chora.
E é pouco provável que pare nos 33 dias, prevendo-se que deverão ser necessários novos dias de lay-off em Dezembro, admite, acrescentando que, "neste momento, a gestão pela casa-mãe na Alemanha está a ser feita mês a mês", à medida que vão ficando a conhecer as encomendas.

Eos… o que mais caiu
Relativamente à eventualidade de uma nova viatura entrar nas fileiras da fábrica de Palmela, o que seria uma mais valia face à quebra produtiva deste ano, Carmo Jardim explica que a administração “está sempre atenta a novos concursos lançados no mercado”. A unidade fabril passou de mais de 102 mil viaturas produzidas em 2011 para pouco menos de 91 mil este ano, significando um decréscimo de 12 milhares de carros que saíram das linhas de montagem.
O Volkswagen Eos foi o modelo que mais contribuiu para esta quebra produtiva, registando uma queda de 48 por cento, enquanto o VW Scirocco demonstrou uma quebra de 18 por cento. Por outro lado, o monovolume Sharan da marca alemã viu um ligeiro aumento, refletido em dois por cento, na produção, e o Seat Alhambra aumentou em 18 por cento o número de viaturas fabricadas na Autoeuropa relativamente ao período de Janeiro a Setembro de 2011.
Para fazer face às quebras da procura na Europa, a empresa tem estado a apostar noutros mercados, nomeadamente o asiático, principalmente a China.

Agência de Notícias 

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