Tribunal de Haia discute falta de médicos no Barreiro


Serviço de Oncologia continua a meio gás no hospital do Barreiro

A falta de médicos no serviço de Oncologia do Hospital Nossa Senhora do Rosário,  no Barreiro, já se ouviu da boca dos utentes, da autarquia barreirense que já pediu informações e urgentes ao ministro da Saúde – ainda sem resposta –, de quase toda a classe política que já solicitou e apelou medidas urgentes. Até agora a situação está na mesma e no hospital faltam oncologistas, radioterapeutas e patologistas. Agora os utentes uniram-se e fizeram chegar ao Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, uma petição com 5538 assinaturas contra a falta de especialistas.

Falta de médicos no Barreiro chega ao Tribunal Europeu de Justiça 


O Tribunal Internacional de Justiça, em Haia (Holanda), recebeu uma petição com 5538 assinaturas de doentes contra a falta de médicos especialistas no serviço de Oncologia do Hospital do Barreiro, nomeadamente oncologistas, radioterapeutas e patologistas.
Aliás, já houve situações, segundo Cristina Santos, doente com cancro e proponente da petição, em que "a única médica patologista do hospital foi chamada com urgência de noite para preparar sangue porque um doente precisou de uma transfusão numa operação". A falta de médicos no Barreiro já se arrasta há meses. Os doentes não querem perder o serviço de Oncologia, que é único e de referência na Península de Setúbal, já que todos os outros hospitais da região não prestam este serviço.
Na petição, a que o ADN teve acesso e que foi enviada para a Assembleia da República, Presidente da República e primeiro-ministro, os doentes denunciam também a tomada "de decisões e possíveis irregularidades" por parte da administração do hospital, as quais "colocam em risco a vida de cada indivíduo e doente tratado".

Partidos e autarquia solicitaram respostas
Em Agosto, o Partido Socialista do Barreiro também estava preocupado “com o risco de encerramento” ou a “limitação à capacidade instalada do Serviço de Oncologia do Hospital Distrital do Barreiro” e solicitou “a rápida intervenção do Ministério da Saúde”. Em comunicado enviado à imprensa, a Comissão Política Concelhia do PS, recorda o conteúdo do recente comunicado da Ordem dos Médicos e as reuniões realizadas com diversos profissionais de saúde que trabalham no concelho. A mesma medida já tinha sido pedida pelo Partido Ecologista “Os Verdes”, na Assembleia da República.
Dias mais tarde, a autarquia aprovou, por maioria [PSD votou contra], uma moção contra o eventual encerramento do serviço e foi ainda solicitada por parte do presidente da Câmara do Barreiro uma audiência, pedindo uma resposta urgente, ao ministro da Saúde e uma outra ao conselho de administração do Centro Hospitalar.

Situação verdadeiramente preocupante  
Estas notícias e a posição assumida pelo Bastonário da Ordem dos Médicos de que a actual situação, em consequência da falta de médicos, poderá “indiciar o encerramento, por via administrativa, da Unidade de Oncologia são motivo de grande preocupação e apreensão por parte da população e do município do Barreiro”.
De referir que desde Novembro de 2011 saíram o director da Radioterapia (médico responsável pela instalação da técnica da radioterapia estereotaxia extracraniana, sendo o primeiro hospital em Portugal a realizá-la), um oncologista e mais recentemente foi autorizada a saída de um segundo médico de oncologia, cedido a título de interesse público ao Hospital Garcia da Orta. Ora, com os actuais profissionais “não é possível continuar a assegurar as escalas de urgência em Oncologia a funcionar 24 horas diárias”. Além disso, “aumenta o tempo de espera para consultas, tratamento e cirurgia”. A autarquia considera que “o panorama é preocupante quando se verifica que está seriamente em risco uma valência de referência conferida ao Hospital do Barreiro tendo em conta que é o único da Península a possuir o ciclo completo para o diagnóstico e tratamento do cancro”.
A administração do Hospital do Barreiro continua sem prestar declarações públicas sobre o caso mas em Julho, depois de o caso ser sido denunciado pelo Partido Ecologista “Os Verdes”, Elisabete Gonçalves, directora clínica do Centro Hospitalar Barreiro/Montijo, admitiu, a “necessidade urgente de recrutamento” de um oncologista. Contudo, garantiu que não existe qualquer indicação do encerramento da unidade da especialidade.


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Paulo Jorge Oliveira

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