Crise obriga famílias a viverem juntas
Número caiu desde os Censos de 2001
mas já pode ter sido agravado pela crise. Do lado oposto há mais de 2,5 milhões
de casas subaproveitadas. A crise faz com que muitas famílias, por gestão de despesa, optem por viverem juntas.
450 mil casas têm excesso de pessoas. 2,5 milhões estão vagas |
O sector da habitação em Portugal tem
dois extremos: se por um lado há 2,5 milhões de casas desaproveitadas, por
outro há mais de 450 mil casas sobrelotadas e onde o espaço é insuficiente para
o número de pessoas que lá vive.
Os dados do Instituto Nacional de
Estatística constam dos últimos Censos de 2011 e indicam que o número de casas
sobrelotadas representa cerca de 11 por cento do total. Para resolver o
problema, na maioria dos casos, seria necessária apenas mais uma divisão
(359.713).
Os números revelam, também, uma
tendência de queda nos últimos dez anos, já que nos Censos de 2001 eram quase
570 mil as casas sobrelotadas e agora são 450.729. O problema é que o
agravamento da crise no país em relação a 2011 pode ter feito disparar o número
de pessoas a ter de viver na mesma casa.
Contudo, há 78.568 casos onde o espaço
é ainda mais pequeno e, tendo em consideração o número de pessoas, só com mais
duas divisões os metros quadrados por morador ficariam dentro dos limites
desejáveis. Nas situações mais extremas estão 22.448 habitações, que
precisariam de crescer pelo menos em três divisões. Quanto às regiões com mais
casas sobrelotadas, a Madeira encabeça a lista, mas o problema é também
frequente nos Açores, Algarve e Lisboa.
Grande disparidade com o resto da Europa
Nos Censos considera-se que para haver
uma lotação normal uma casa deve ter uma sala de estar, um quarto por cada
casal, um quarto por cada duas crianças até aos sete anos e um quarto por cada
pessoa solteira de sexo diferente a partir dos sete anos, explica o Diário de Notícias.
Os últimos dados do Eurostat, gabinete
de estudos e estatística da União Europeia, referentes a 2009, foram divulgados
em 2011 e já indicavam que 1,4 milhões (14,1 por cento) dos residentes em
Portugal viviam em casas sobrelotadas – um número, mesmo assim, melhor do que o
encontrado na Grécia e Itália, mas muito superior ao de Espanha e França.
O estudo europeu encontrou ainda
grandes disparidades entre os Estados-membros do Norte e do Leste. Aliás, é o
elevado nível de sobrelotação das habitações no Leste, com casas demasiado
pequenas, que acaba por fazer com que países como Portugal não apareçam na
cauda da lista.
Já no que diz respeito às condições
das casas, no trabalho do Eurostat, o maior problema indicado pela população
residente em Portugal são as infiltrações e humidade (19,7 por cento). A falta
de iluminação nas habitações (8,6 por cento), a inexistência de banheiras ou
chuveiros (2,7 por cento) e a falta de sanitas internas (2,4 por cento) são os
restantes problemas apresentados pela população residente em território
nacional.
Agência de Notícias
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