7 arguidos, 15 detidos para identificação e 48 feridos
O balanço da manifestação dá conta de
sete manifestantes detidos (já constituídos arguidos) pelo crime de
desobediência, que serão presentes hoje em tribunal. As autoridades registaram
ainda 48 feridos - 21 elementos da PSP e 27 manifestantes. A polícia deteve
também para identificação 15 jovens junto à estação dos comboios do Cais do Sodré,
após a segunda carga de ontem sobre os manifestantes, que tinham sido repelidos
da praça junto ao Parlamento.
No final da Greve Geral muito jovens provocaram polícia à pedrada |
A PSP esclareceu que, na sequência dos
distúrbios quarta-feira em frente ao parlamento, foram detidos sete adultos e
identificado um menor por crimes de resistência e coação, desobediência e posse
de arma proibida.
O porta-voz do Comando Metropolitano
de Lisboa da PSP, subcomissário Jairo Campos, explicou à agência Lusa que o
menor identificado só não foi detido porque lhe faltam 14 dias para completar
os 16 anos, respondendo, no entanto, no Tribunal de Família e Menores pelos
mesmos crimes dos sete adultos detidos.
Os detidos serão conduzidos esta quinta-feira
de manhã ao Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa para primeiro
interrogatório judicial e aplicação de medidas de coação.
Além destes, a PSP identificou mais 20
pessoas, das quais também um menor de idade, suspeitos de terem participado nos
distúrbios em frente à Assembleia da República, em dia de greve geral promovida
pela central sindical CGTP, atirando pedras contra o contingente policial ali
montado e incendiando caixotes do lixo, o que motivou uma carga policial.
A polícia está a procurar imagens e
testemunhos que possam identificar os suspeitos a provocar os distúrbios, para
proceder depois à constituição como arguidos.
Retrato de uma cidade despida...
Caixotes do lixo a arder, montras partidas e carros vandalizados |
Horas depois da carga policial e dos
confrontos com os manifestantes em frente ao Parlamento, restavam pedras, vidros
partidos e caixotes do lixo carbonizados nas imediações de São Bento, onde a
polícia se manteve noite dentro.
A escadaria em frente à Assembleia da
República ficou pejada de pedras arrancadas à calçada que foram arremessadas
contra os agentes do Corpo de Intervenção da PSP durante a manifestação. Muitos
vidros de garrafas atiradas contra os polícias ficaram também espalhados pelos
degraus, pintados de roxo e cor–de-rosa pelos balões cheios com tinta que
também foram arremessados.
Na avenida Dom Carlos I, para onde se
espalharam os confrontos entre polícias e manifestantes depois da carga, os
Sapadores Bombeiros removiam os restos carbonizados dos muitos caixotes de lixo
e vidrões postos no meio da rua e incendiados pelos manifestantes.
Uma moradora questionava-se,
incrédula, "como é que eles tiveram força para arrancar [os vidrões] do
chão". "Olhe, pode ser que nos ponham aí uns novos, como a gente
queria", respondia-lhe um vizinho.
Uma agência da Caixa Geral de
Depósitos ficou com as portas e janelas de vidro completamente destruídas pelas
pedras atiradas por manifestantes. No fim da avenida D. Carlos I, algumas
pedras atingiram também um restaurante de "fast-food", que teve de
encerrar.
Ali perto, alguns semáforos e sinais
de trânsito foram arrancados do chão e deitados por terra e reclamos luminosos
com os vidros estilhaçados.
O cenário de destroços queimados e
montras partidas repete-se por algumas transversais e pela avenida 24 de Julho,
por onde os manifestantes foram lançando fogo a caixotes à medida que as
sucessivas cargas da PSP os iam dispersando.
Junto ao Cais do Sodré, alguns
manifestantes recuperavam o fôlego e trocavam relatos sobre os acontecimentos
da tarde, numa esplanada.
No largo de Santos, vários agentes do
Corpo de Intervenção faziam o mesmo, enquanto fumavam um cigarro, junto às
carrinhas que ali permaneciam estacionadas.
De acordo com o balanço provisório da
PSP, ambos os lados têm mazelas para mostrar deste dia de protestos.
Regressada a calma à capital, há
trabalho de sobra nas imediações de São Bento para pelo menos duas classes
profissionais: os cantoneiros de limpeza e os calceteiros que hoje regressam ao
trabalho depois da greve geral de ontem.
Agência de Notícias
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