Mata filhos, avisou sogra e fugiu
Pôs fogo à casa e fechou a porta para matar os
dois filhos. Telefonou à sogra a dizer que lhe tinha matado os netos, foi atrás
do marido, comunicou-lhe o duplo homicídio e fugiu. Anda a monte, perseguida
pela GNR, PSP e PJ.
Brasileira , aqui com o pai dos meninos, é ainda procurada pela polícia |
O terrível caso ocorreu quarta-feira à noite, mas na
localidade de Preces, no concelho de Alenquer, esta quinta-feira o choque foi
tremendo. As causas do crime não são conhecidas, mas estarão associadas ao
ciúme da sogra e dos filhos.
A avó paterna dos dois meninos
assassinados, Henrique, de três anos, e Rafael, com um ano, Maria da Nazaré
Pereira, de 68 anos, em declarações à imprensa, não queria acreditar.
"Eles não morreram, eu sei que eles não morreram!", dizia. "Eu
não quero pensar que os vou enterrar, os meus meninos!", escreve a edição
do Jornal de Notícias. O mais velho ia
fazer quatro anos amanhã.
A mãe das crianças, Keli Alexandre Pinto
Oliveira, de 30 anos, de nacionalidade brasileira, era conhecida por ter uma
conduta estranha. Vivia até anteontem à noite em Preces, com o companheiro,
Cláudio, mecânico, de 40 anos, filho da terra, e os dois filhos, mas nunca era
vista a conviver com ninguém. "Estava sempre fechada em casa, nunca a
víamos", contam os vizinhos à reportagem da SIC e da RTP.
Doméstica, o sustento da família era Cláudio, que
trabalhava com o pai na oficina de automóveis da família, na Póvoa de Santo
Adrião. O ambiente em casa não era o melhor, embora ninguém visse brigas.
Aviso via
telefone
Anteontem, cerca das 20 horas,
Cláudio entrou em casa com compras e depois saiu, deixando Keli com Rafael e
Henrique. Nada parecia diferente, mas cerca das 21 horas Nazaré recebeu um
telefonema de alguém que dizia ser condutora de táxi, e logo depois a voz da
nora: "Matei os meus filhos". "Eu não acreditei", conta
Nazaré, mas "ela insistiu: 'matei os meus filhos'". Incrédula, a
idosa correu para casa do filho, bateu e não teve resposta. Chamou toda a
gente, a GNR e os bombeiros, e quando a porta foi forçada, o fumo e as chamas
libertaram-se do interior. "Queria ver os meus meninos", recorda.
Nessa altura, chegava Keli a
Castanheira do Ribatejo. Saiu do táxi que a transportou e levou duas malas.
Queria encontrar Cláudio, que sabia estar na localidade, e o encontro deu-se
numa rua entre os bombeiros e a GNR de Alenquer. De rompante, disse-lhe que
tinha matado os filhos. Cláudio ficou sem reação e logo depois meteu-se no
carro e seguiu para casa. Quanto a Keli, largou as malas e fugiu.
Cláudio chegou a casa, mas já nada havia a fazer. Os filhos
estavam mortos. Teve alento para comunicar à GNR o encontro com a mulher e uma
patrulha foi para Castanheira e descobriu as malas da mulher, que à hora da
publicação desta notícia [2h00] ainda não tinha sido encontrada.
"Agora já podes ficar com os teus filhos"
As autoridades encontraram, na
porta da casa, um bilhete deixado por Keli Oliveira com vários desabafos e um
deles dizia: "Agora, já podes ficar com os teus filhos". Segundo
fontes relacionadas com o caso, não são palavras com muita importância para a
explicação do crime, mas, em contrapartida, poderão ajudar as autoridades a
perceber o estado de espírito e a confusão que ia na cabeça da suspeita do
duplo homicídio. As palavras poderão estar associadas a uma má relação com
Claúdio e a sogra, devido aos meninos. Em última análise, poderá ser
estabelecida uma relação direta entre a morte das crianças e o facto de Keli a
ter comunicado ao companheiro e a Nazaré.
O principal alvo de Keli parecia
ser, de facto, a mãe de Claúdio. De acordo com as palavras da avó ao JN, "eu nem queria ir lá para não haver
problemas", contou Nazaré acrescentando: "De vez em quando
levava-lhes comida e, como a minha nora não gostava que eu fosse lá a casa,
deixava pendurado na porta um saquinho com umas laranjas ou outras coisinhas.
Assim não era preciso entrar".
Mas não era só Nazaré a constatar o difícil carácter de
Keli. No povoado não havia quem não comentasse a estranha conduta da mulher do
mecânico, enquanto a sogra era tida como uma mulher que era maltratatada pela
nora.
Já quanto a Cláudio, era reconhecida a dedicação aos filhos
e dos meninos a ele. No infantário frequentado pelos dois meninos, em Castanheira
do Ribatejo, a "mãe nunca niguém a viu", enquanto o pai era visto
sempre a levar e ir buscar as crianças. "Era mãe e pai em
simultâneo", contou a reportagem do JN.
Agência de Notícias
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