Crianças que voltam ao crime
por falta de prevenção
12 meses depois da aplicação das medidas tutelares,
cerca de um quarto dos jovens considerados de alto risco volta à delinquência.
Passados 26 meses, o número de reincidentes aumenta para quase metade.
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Metade dos jovens de alto risco voltam ao crime depois de cumprir pena |
Metade dos jovens de alto risco
acolhidos pela Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP)
voltam à delinquência 26 meses depois de aplicadas medidas tutelares, conclui
um estudo apresentado no âmbito do II Encontro Internacional Brasil-Portugal
sobre Violência na Contemporaneidade, nesta quarta-feira, na Maia.
A conclusão resulta da
aplicação pela DGRSP de “uma forma padronizada de avaliação de jovens
ofensores” que contém 42 factores de risco, explicou Alberto Pimentel, técnico
da entidade, durante o encontro que terminou hoje. Entre estes factores estão o
rendimento escolar, a tolerância à frustração, a participação em actividades
organizadas, os tempos livres e a própria família.
O instrumento
de avaliação do risco criminógeno em jovens ofensores foi aplicado entre Maio
de 2010 e Maio de 2011 e abrangeu todos os 2363 indivíduos que chegaram à DGRSP
nesse período.
Ao nível da
reincidência em 12 meses, o estudo conclui que 24 por cento dos jovens
considerados de alto risco voltam à delinquência. O valor sobe para os 48,6 por
cento em 26 meses. Já relativamente a jovens deliquentes de baixo risco são 2,4
por cento os que reincidem passados 12 meses, aumentando, aos 26 meses, para
6,6 por cento.
Estes números
revelam a necessidade de avaliar os factores de prevenção, na mesma medida em
que são tidos em conta os factores de risco.
Falta de prevenção
O Programa Escolhas, criado em 2001
para promover a inclusão social de crianças e jovens provenientes de contextos
socioeconómicos mais vulneráveis, é um dos projectos que apostam precisamente
na prevenção, tendo conseguido a reintegração de 9776 jovens na sua última
edição que decorreu entre Janeiro de 2010 e Dezembro de 2012.
Pedro Calado,
director do programa desde 2007, frisa que “a delinquência é filha da
frustração”, pelo que as potencialidades dos jovens devem ser devidamente
analisadas e canalizadas.
Posição
idêntica tem Nilton Formiga, investigador e docente do Centro Universitário
Maurício de Nassau, no Brasil, para quem “um dos programas mais graves não é o
acto delinquente” mas a falta de actividade de prevenção que, quando existe, “é
muito inibida ou tímida”.
Agência de Notícias
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