“Não corresponde às necessidades de saúde da nossa freguesia"
O Centro de Saúde da Trafaria vai reduzir o horário de
funcionamento e perder as consultas para adultos, que passam a ser atendidos no
centro da Costa da Caparica. Uma reorganização que fez a população ontem,
quinta-feira, sair para a rua em protesto, enquanto a presidente da Junta de
Freguesia afirma que a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
“não ouviu o poder local”. Na base desta reorganização está a falta de médicos,
alegam os responsáveis de saúde.
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População não quer saída de médicas para a Costa da Caparica |
Entretanto, já amanhã, a Comissão de Utentes da Saúde
da Freguesia da Trafaria (CUSFT) vai promover um abaixo-assinado para tentar
travar uma reestruturação que “poderá abrir o caminho para encerrar o centro de
saúde da freguesia”, disse Glória Pedroso, um dos elementos da comissão que
ontem, quinta-feira, 4 de Abril, reuniu com o director executivo do Agrupamento
de Saúde Almada e Seixal.
“Fomos bem recebidos mas não obtivemos a resposta que
esperávamos”, afirma. Os elementos da CUSFT apresentaram as suas razões e
queriam ouvir o director do agrupamento, Luís Amaro, garantir que o centro de
saúde da Trafaria continuaria a funcionar das 8 horas às 18 horas, em vez de
“passar a fechar às 14 horas” e manter as consultas diárias para todos os
utentes.
As mesmas questões tinham sido colocadas dias antes
pela presidente da Junta de Freguesia, Francisca Parreira, ao mesmo responsável
quando “surgiu o rumor que o centro de saúde da Trafaria iria encerrar”. Afirma
a autarca que foi “apanhada de surpresa”, mais ainda quando esperava uma reorganização
que “desse mais resposta aos utentes”. Mas pelo contrário, viu as duas médicas
que ali prestavam serviço serem deslocadas para a freguesia vizinha, da Costa
da Caparica.
Adultos
atendidos na Costa da Caparica
De acordo com o director executivo do Agrupamento de
Saúde Almada e Seixal, “as consultas de adultos passam a funcionar no centro de
saúde da Costa da Caparica”. Quanto ao centro de saúde da Trafaria, “uma ou
duas vezes por semana terá um médico para o atendimento de grávidas e
crianças”. Nos restantes dias terá a funcionar os serviços administrativos,
atendimento para receituário, planeamento familiar, neonatologia e serviço de
enfermagem.
Um modelo que “não corresponde às necessidades de
saúde uma freguesia onde grande parte da população é idosa”. Mais ainda quando
os transportes públicos entre as duas localidades “são insuficientes”, comenta
a autarca.
Aliás, no protesto de ontem junto ao centro de saúde,
a população vincou a falta de transportes públicos entre as duas localidades, a
difícil mobilidade dos mais idosos e ainda o custo das deslocações.
Agrupamento
de Saúde Almada e Seixal explica mudança
Com a CUSFT e o executivo da Junta de Freguesia a
prometerem não abrandarem os protestos até terem o centro de saúde a funcionar
diariamente com médicos, Luís Amaro, director do agrupamento, argumenta que a
reorganização de serviços é necessária precisamente pela falta de clínicos.
É que as duas médicas que asseguram as consultas no
centro de saúde da Costa de Caparica “terminam o contrato a 2 de Junho e podem
ter de sair”, refere Luís Amaro. Isto implicaria que cerca de 16 mil utentes
ficariam sem consultas. Por outro lado, o número de utentes de saúde inscritos
na Trafaria é bem menor, cerca de cinco mil.
A solução encontrada foi deslocar já as duas médicas
da Trafaria, “que fazem parte do mapa do agrupamento”, para a Costa e preparar
um novo modelo de funcionamento com os dois equipamentos. “Estamos a criar uma
só unidade de saúde com dois pólos”. Futuramente, e procurando “cativar futuros
especialistas de medicina geral e familiar, procurar-se-á criar uma Unidade de
Saúde Familiar que englobe as duas unidades”.
Mas, mesmo com o argumento da falta de médicos, a
população da Trafaria não parece disposta a perder o seu centro de saúde. “Aos
poucos estão a acabar com a freguesia”, afirma Francisca Parreira. “Foi-nos
dito que teríamos um centro de saúde capaz de servir mais utentes e não vamos abdicar
disso”, garante a presidente de junta.
Agência de Notícias
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