Atraso tira cabecilha do gang do multibanco da cadeia

Suspeito de explodir ATM em Pinhal Novo, foi solto 

Tribunal não conseguiu julgar Carlos Ramos num ano e rebentou com prazo de prisão preventiva. O arguido, residente em Pinhal Novo, volta assim a dar a volta à justiça depois de ter sido preso em 2010 por uma vaga de assaltos. Absolvido no primeiro julgamento, por falta de provas, viu o Tribunal da Relação entender o contrário e mandar repetir tudo. Foi condenado no segundo mas, ainda assim, foi solto. Uma vez na rua, em Novembro de 2011, explodiu uma caixa de multibanco em Pinhal Novo. Voltou a ser preso e terá confessado o crime. De recurso em recurso, os 18 meses de prisão preventiva caducou e o jovem volta para casa, um dia antes do começo do julgamento.

Carlos Ramos é suspeito de vários crimes 


O Correio da Manhã escreveu que um ano não foi suficiente para o Tribunal de Setúbal julgar Carlos Ramos, depois de, ainda em Junho do ano passado, ter recebido do DIAP de Lisboa a acusação contra o cabecilha do Gang do Multibanco. Desta vez por ter roubado à bomba uma ATM no Pinhal Novo. A lentidão judicial fez rebentar os 18 meses de prazo de prisão preventiva, que durava desde Novembro de 2011 e o assaltante foi solto no último dia 21, véspera do dia em que ia finalmente ser julgado.
O Ministério Público cumpriu com os seis meses que tinha para acusar, sem exceder os prazos de prisão preventiva, em 9 de Maio do ano passado. E um mês depois o processo estava em Setúbal. O julgamento chegou a estar marcado para 22 de Novembro de 2012, mas um recurso da defesa de Carlos Ramos, para a Relação de Évora, levou ao adiamento sem data marcada. O início acabou agendado para seis meses mais tarde, no último dia 22, mas, na véspera, o arguido foi libertado.

Arguido em 2010 por mais de 100 assaltos
Segundo o jornal, Carlos Ramos, de 28 anos, confessou o último crime. Mais uma vez fora preso pela Unidade de Intervenção da GNR, sob coordenação da Unidade Especial de Combate ao Crime Violento do DIAP de Lisboa, as mesmas que, já em 2010, o tinham prendido com 12 cúmplices por uma vaga de mais de 100 assaltos que, entre 2007 e 2009, rendera ao gang mais de dois milhões de euros.
Absolvido no primeiro julgamento, por falta de provas, viu o Tribunal da Relação entender o contrário e mandar repetir tudo. Foi condenado no segundo: ainda tem cinco anos e meio de cadeia por cumprir naquele processo.
Só que entretanto foi libertado, até que o processo transite em julgado, e terá regressado ao crime. Mais uma vez foi apanhado, em Novembro de 2011, mas agora um atraso judicial volta a mandá-lo em liberdade.

A história do “cabecilha do gang do multibanco”
Segundo uma investigação do Correio da Manhã, em Novembro de 2011, Carlos Ramos, recusava trabalhar na churrasqueira dos pais, em Pinhal Novo, e desde os 12 que anda no crime. Viciou-se numa vida de luxo. Cabecilha do famoso gang do multibanco, que entre 2007 e 2009 rendeu ao grupo da Bela Vista, Setúbal, mais de dois milhões de euros, Carlos Ramos estreou-se há 15 anos no chamado gang da CREL. Era uma criança, inimputável, e escapou à cadeia pela vaga de assaltos da altura, quando, por exemplo, sequestraram e roubaram a actriz Lídia Franco.
Ainda segundo essa investigação, nunca mais parou no crime, entre furtos e roubos violentos, até que se especializou numa forma de lucro fácil: assaltos a caixas multibanco.
Carlos era um dos mentores do grupo da Bela Vista, ao lado de 12 elementos que a Unidade Especial de Combate ao Crime Violento do DIAP de Lisboa levou a julgamento, depois de uma complexa investigação articulada com a Unidade de Intervenção da GNR. Foi absolvido, com 11 cúmplices, e acabou à solta.
O Tribunal da Relação deu razão ao DIAP: havia provas para condenar, ordenando a repetição do julgamento. Mas já era tarde. Carlitos, como é conhecido na sua terra,  "guiava um Porsche e só vestia roupas de marca, voltara ao crime", escrevia na altura a reportagem do diário.
Foi preso em Novembro de 2011, mais uma vez pelo DIAP e GNR, pelo assalto, dias antes, ao Barclays do Pinhal Novo.
A Carlos Ramos e ao cúmplice [Bruno Araújo] a GNR apreendeu três caçadeiras, uma carabina com mira telescópica, várias munições, cinco botijas de gás acetileno – uma delas foi a utilizada no ataque ao Barclays de Pinhal Novo –, computadores, nove telemóveis, um detector de radares e as roupas usadas na noite do roubo.
Carlos foi preso. O cúmplice ficou em prisão domiciliária. Carlos foi solto um dia antes do julgamento por causa da demora processual da justiça. A investigação garante que o grupo roubou mais de dois milhões de euros...


Agência de Notícias 

Comentários

  1. pois se todos fizessem o seu papel, a "crise" tal como a conhecemos era outra.
    É chavão gasto que a morosidade dos processos é devida aos advogados: qualquer acto processual tem 10, 15, 20 ou 30 dias para ser apresentado em juízo. Depois dos advogados apresentarem os articulados, ás vezes espera-se anos por um qualquer despacho do juiz. Os funcionários estão mais preocupados na pausa para o café do que em trabalhar diligentemente; o MP, à excepção dos processos crime (alguns mediáticos) e familia, é uma estrutura obsoleta, que na verdade nem se entende bem para que serve. Justiça preventiva não existe: alguém acha que as greves nos transportes publicos são legais com fundamentos como o de processos disciplinares a colegas?( para isso existem os tribunais). O que faz o MP? Nada, pois claro. Quando durante anos a fio o tribunal de contas divulgou irregularidades, o que fez o MP? Uma vez por outra, algum maduro lembrou-se de instaurar um inquérito que invariavelmente, decorrido uma década, fica prescrito ou os réus absolvidos. Uma acção para cobrança de dividas chega a demorar 2/3 anos. Conheço despejos com 6 anos. Os processos crime de maus tratos são invariavelmente com pena suspensa e indemnizações de 500€( sim, mesmo que tenha ficado com a cara toda esmurrada) raramente pagas. Apesar das notificações pelo Citius, vá lá de gastar tempo e dinheiro e repetir a notificação em papel. Um telef a detetar um lapso grosseiro que pode ser corrigido na hora? Este é só mais um caso onde se mostra a fragilidade da justiça e a pouca vontade em resolver, de facto, o assunto. Assim é brincar com o trabalho da polícia que com muitos menos meios que os tribunais investigam e levam à justiça estes casos. Depois, a justiça, não faz justiça e deixa que o menino saia um dia antes do julgamento. Sabemos que o processo continua mas, no entanto, o suspeito está na rua sem ser julgado e sem ser condenado. Que belo exemplo para outros do mesmo calibre. Enquanto Portugal não mudar isto, a corrupção, os assaltos violentos, os roubos e a destruição de património e serviços essenciais às pessoas irão continuar porque quem os faz sabe que pode safar-se na justiça se tiver bom dinheiro... às vezes o dinheiro que se rouba!

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