“Não há qualquer risco para a saúde pública”, garante a Câmara
O deputado comunista na Câmara de
Sines, Hélder Guerreiro, lançou um alerta para o risco de contaminação
industrial dos aquíferos de Sines, onde é captada água para consumo no
concelho. A autarquia garante que não há qualquer risco para a saúde pública,
mas, “por precaução”, já tem uma alternativa, a aguardar financiamento
comunitário.
Autarquia garante qualidade da água da rede pública em Sines |
Em declarações à Lusa, Hélder
Guerreiro recordou o incidente ocorrido no final de 2008, que obrigou à
suspensão do abastecimento durante alguns dias, após ter sido detectado um
aterro de resíduos de hidrocarbonetos. Esse aterro contaminou os solos junto à
Repsol Polímeros, na Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), e admitiu-se
a possibilidade de que viesse a contaminar o aquífero mais próximo, do
qual é feita a captação de água para consumo no concelho.
Na sequência disso, “houve um estudo
encomendado pela câmara cuja conclusão foi a de que aquelas captações são
passíveis de ser contaminadas e têm de ser mudadas de sítio”, afirmou Hélder
Guerreiro à Lusa.
Câmara diz que captação é “segura”
Em declarações ao jornal Público, vereadora
com o pelouro do Ambiente na Câmara de Sines, Cármen Francisco, confirmou que
foi pedido um estudo para encontrar alternativas ao aquífero próximo da Repsol.
“Sabemos que as captações de água são feitas num local onde, a posteriori, se instalaram
as indústrias de Sines. Mais cedo ou mais tarde teríamos que estudar
alternativas”, afirmou.
O estudo indicou como solução a
captação de água na zona da lagoa da Sancha, que é “protegida e absolutamente
segura”, por integrar uma reserva natural das Lagoas de Santo André e da
Sancha. Para isso, a Câmara de Sines elaborou já um projecto de execução, no
valor de 2,1 milhões de euros, e apresentou uma candidatura a fundos
comunitários, actualmente em apreciação. “Esta obra torna-se necessária, porque
foram colocadas pelo Governo indústrias onde estavam já as captações, pelo que
entendemos que não deve ser paga pelos munícipes mas sim por fundos
comunitários”, sublinha a vereadora.
Cármen Francisco garante ainda que
“não existe nem nunca existiu” risco para a saúde pública, sublinhando que a
suspensão do abastecimento em 2008 foi feita “por precaução”.
Água sem “vestígios de hidrocarbonetos”
Segundo Helder Guerreiro, que será
candidato pela CDU à presidência da Câmara de Sines, o estudo encomendado pela
autarquia indicou que as análises aos aquíferos não eram feitas com a
regularidade necessária, podendo haver contaminação no período compreendido
entre duas pesquisas
No entanto, a vereadora Cármen
Francisco garante que, após o incidente de 2008, a água foi monitorizada “de 15
em 15 dias” nos primeiros tempos e que nas análises feitas nos últimos dois
anos “não foram detectados quaisquer vestígios de hidrocarbonetos”, afirma. O
risco de contaminação “é inerente à proximidade” do aterro e do aquífero,
admite a autarca, mas “não há qualquer urgência” em deslocalizar os furos
utilizados para o abastecimento.
Helder Guerreiro lamentou que o
executivo municipal, liderado por Manuel Coelho e eleito por um movimento
independente, tenha optado por fazer a obra de requalificação da Avenida Vasco
da Gama, em vez de avançar com a obra na lagoa da Sancha.
“Isto mostra, para nós, uma clara
opção pelas obras de fachada em detrimento das obras estruturantes”, afirmou o
autarca comunista, defendendo que, “com o mesmo dinheiro”, a autarquia poderia
resolver “a questão” das captações de água municipais.
A requalificação custou mais de cinco
milhões de euros e foi integrada no Programa de Regeneração Urbana de Sines,
intervenção com um valor total que ultrapassa os dez milhões de euros,
comparticipado em cerca de 85 por cento por fundos comunitários.
Agência de Notícias
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