Contentores vão ser
transformados em habitações para turistas de natureza
Um projecto colaborativo em Sines vai produzir acomodações para turistas
amantes da natureza, reutilizando contentores de transporte marítimo, para
serem instaladas em locais isolados da costa alentejana e promover o turismo de
pedestrianismo e de bicicleta.
Empresa transforma contentores de transporte em casas para turistas |
Para a construção das estruturas, o projecto Bicycle Ecology envolve várias
empresas, como a MSC Portugal, filial da companhia de navegação suíça, que irá
“ceder gratuitamente” os contentores para as primeiras unidades, revelou na
terça-feira à agência Lusa um dos mentores da iniciativa, Ricardo Flores.
As acomodações turísticas serão construídas em Sines, em conjunto com o
Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica
(Cenfim), esperando-se que o protótipo esteja concluído durante o mês de Julho.
O projecto, que representa um investimento inicial de 500 mil euros, não
tem a intenção de “competir” com as unidades turísticas tradicionais já
instaladas na costa alentejana. “Como não necessitam de fundações”, as
estruturas podem ser colocadas “em qualquer lugar, até num terreno agrícola”,
explicou Ricardo Flores, o que permite oferecer alojamento em zonas “onde não
haja”, acrescentou.
O representante da Bicycle Ecology frisou o caracter “amigo do ambiente” do
projecto, pela reutilização de matérias “que já foram retiradas à natureza”,
bem como pela utilização de materiais naturais, como a cortiça, que irá
revestir o interior dos contentores para o isolamento térmico e acústico.
Projecto pioneiro para
chegar a todo o mundo
Apesar do conceito e da localização mais remota, as unidades terão “todas
as comodidades”, como internet e televisão, não faltando também um sistema de
emergência para pedidos de ajuda, alimentados por energias renováveis, eólica e
solar, garantiu o responsável.
A rede de acomodações será explorada a partir de um portal na Internet,
através do qual os interessados, em qualquer parte do mundo, poderão fazer uma
reserva. O preço do alojamento não deverá ir além dos 15 euros, pressupondo um
“processo cooperativo”, ou seja, os turistas usam as instalações, mas têm de as
deixar limpas e a cama feita de lavado.
“Por experiência, posso garantir que este tipo de clientes se preocupa
muito em deixar as coisas muito bem para o próximo”, disse Ricardo Flores. No
entanto, acrescentou, “se alguém chegar e tiver uma reclamação (...) basta
carregar no botão e enviamos lá um agente para tratar da situação”.
Os responsáveis da Bicycle Ecology esperam que estas ideias de negócio
possam ser exportadas, motivo pelo qual, apesar de o projeto ter nascido em
Lisboa, decidiram sediá-lo em Sines. Nesta zona do Alentejo, esclareceu Ricardo
Flores, estão próximos de uma região “com todas as condições” para o
cicloturismo e o pedestrianismo e têm acesso privilegiado aos materiais necessários
e ao ponto de expedição, que é o porto de Sines.
Agência
de Notícias
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