Calor a sério só poderá vir em Setembro e
Outubro, dizem especialistas do tempo
A má notícia chegou na semana passada através do
canal francês de meteorologia Meteo: este ano poderá ser um ano sem Verão.
Relatório vaticina que estamos prestes a sentir um dos verões mais frios e
húmidos dos últimos 200 anos. Mas
em Portugal, as previsões estão longe disso. O Verão poderá ser mais frio, mas
não só a variação em relação à média poderá ser pequena, bem como os cenários
existentes estão carregados de incertezas, dizem os meteorologistas
portugueses. Seja como for, a incerteza está no ar. E se não houver Verão?
Meteorologistas temem que o Verão só chegue em Setembro |
O canal de metereologia francês, Méteo, assegura que o
Verão de 2013 tem 70 por cento de probabilidades de não existir, já que o calor
a sério só deverá aparecer nos meses de Setembro e Outubro, que serão os mais
quentes e com mais radiação solar.
As previsões do "Météo" apontam para
temperaturas baixas e elevada humidade na Europa até ao final de Agosto. O
calor poderá aparecer apenas pontualmente e em curtos períodos.
O relatório do canal francês vaticina, ainda, que em
2013, no Verão, as temperaturas poderão cair, em média, um a três graus na
Península Ibérica e haverá também chuva durante os meses de Verão.
A agência meteorológica francesa France Météo não
reconhece este cenário. Na sua própria avaliação do que pode vir a ser o Verão
no país, a France Météo diz que não é possível chegar a nenhuma conclusão, dado
que diversos modelos de simulação das condições meteorológicas chegam a
resultados díspares para o território francês.
Se há algo em que os meteorologistas concordam é o
facto de as previsões do tempo só conseguirem ser razoavelmente precisas a
poucos dias. Os cenários sazonais são feitos com base em probabilidades estatísticas
e muitas vezes erram o alvo. “O grau de fiabilidade é muito baixo”, afirma o
climatologista Ricardo Trigo, da Faculdade de Ciências da Universidade de
Lisboa.
Sem
certezas de nada...
Em 1816 não houve Verão |
Para o próximo Verão, o Centro Europeu de Previsão do
Tempo a Médio Prazo obteve 196 resultados, com base nos quais chegou aos
valores que o Instituto Português do Mar e
Atmosfera (IPMA)
divulgou recentemente. A redução da temperatura média (-0,2 a -0,5 graus) em
Portugal e na generalidade da Península Ibérica corresponde ao menor intervalo
possível na escala utilizada pelo centro europeu. “É um pequeno sinal”, afirma
o meteorologista Nuno Moreira, do IPMA.
No Verão de 1816, os termómetros chegaram a baixar
dois a três graus Celsius nalguns pontos da Europa, inclusive na Península
Ibérica. “Dois ou três graus a menos é uma anomalia gigantesca”, afirma Ricardo
Trigo, que em 2009 publicou um artigo sobre o assunto na revista International
Journal of Climatology.
Seja como for, ninguém consegue dizer ao certo como
evoluirá a próxima estação estival. O próprio IPMA avisa, no documento com as
perspectivas para o Verão, que “a previsão sazonal apresenta cenários em termos
probabilísticos” e que “a sua utilização deve ser feita com reservas”.
Nuno Moreira explica que as previsões sazonais não
são, porém, um mero exercício académico e que têm de ser vistas como um
instrumento em processo de evolução. “Nos anos 1970, o grau de certeza das
previsões a sete dias não eram o mesmo de hoje”, exemplifica.
Maio
já foi mais frio
A hipótese teórica de um Verão frio alimenta-se da
própria sensação pública de que o país está a passar por um ano de temperaturas
mais baixas do que o normal. Segundo dados preliminares do IPMA, é de facto o
que acontecerá em Maio. Para os meses anteriores, embora a princípio pareça ter
predominado o frio, em termos de temperatura, Janeiro e Abril estiveram acima
da média, enquanto Fevereiro e Março estiveram abaixo.
1816,
o “ano sem Verão”
Caso se cumpram as previsões, a Europa Ocidental, Portugal
incluído, terá o pior Verão desde 1816, há 197 anos, graças ao Inverno tardio,
que baixou as temperaturas da água do mar. A pouca atividade solar registada
nos últimos meses também poderá estar na origem deste Verão.
Recorde-se que em 1816, conhecido como "o ano sem
Verão" ou o "ano da pobreza", o vulcão Tambora, na Indonésia,
lançou uma coluna de fumo tão densa que propiciou uma descida das temperaturas
em metade do planeta. A erupção ocorreu também num período de menor actividade
solar, entre 1790 e 1830, conhecido como Mínimo de Dalton.
Agência de Notícias
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